Elevadores barulhentos: É comum encontrá-los, mas não é normal

Do meu andar, eu percebia o elevador chegando só pelo barulho das peças que batiam. É lamentável, mas comum encontrarmos elevadores assim nos edifícios. Aconteceu comigo logo que assumi a sindicatura profissional, os elevadores do prédio estavam em péssimo estado e sem a emissão obrigatória do RIA (Relatório de Inspeção Anual) havia anos!

Nem precisava olhar o visor da porta externa do elevador para saber que ele estava a caminho, o próprio barulho da falta de manutenção se encarregava de fazer isso, conforme a cabina ia se aproximando, o barulho aumentava. Ao entrar no elevador, costumava me deparar ainda com o desleixo dos usuários, como chiclete no cantinho do teto e as cabines danificadas com riscos. Além disso, a iluminação era insuficiente, tanto no teto como nas botoeiras. No elevador social, o piso de granito estava encardido, com manchas, e faltava um pedacinho havia anos, bem na entrada da cabina. No elevador de serviço, faltavam pedaços de plástico do piso tipo moeda. A maioria das placas de identificação dos andares estava com a grafia apagada devido ao uso contínuo de produtos de limpeza abrasivos.

O poço do elevador era imundo, com acúmulo de papéis e resto de óleo, que pingava da máquina, inclusive a própria luminária do teto do elevador continha um pouco de óleo seco e duro. Outros itens completavam o lastimável estado dos elevadores, como a falta de iluminação do poço, de protetor de polia das máquinas, enfim, várias normas técnicas de segurança não eram atendidas.

O condomínio dispunha ainda de um contrato de peças com o prestador de serviços que não era honrado pelo fornecedor, isso é familiar para você? A empresa contratada deve ter certificado junto à Prefeitura (conforme o Decreto 52.340/2011), fazer a manutenção mensal e, anualmente, emitir o RIA (Relatório de Inspeção Anual). E cabe ao síndico e ao zelador acompanharem e checarem os serviços mensais de manutenção contratados junto à empresa, além daqueles que são apontados pelo prestador. É preciso pedir explicações se são de fato necessários e se foram executados.

Sobre a instalação, operação, manutenção e uso dos elevadores recaem legislações e normas técnicas que muitas vezes não são cumpridas integralmente pela empresa de manutenção contratada, seja por falta de preparo e profissionalismo ou, também, por negligência na atenção do síndico e do zelador no acompanhamento dos serviços.

O gestor precisa verificar o contrato de manutenção que melhor se encaixa com o perfil do edifício, tanto financeiramente como para atender às necessidades de manutenção. Os contratos podem ser com cobertura total de peças, cobertura parcial e, ainda, de cobertura simples. Vale a pena analisar um a um com a empresa para poder fazer uma escolha satisfatória ao condomínio.

Além do contrato, a empresa de elevadores tem que seguir leis municipais, no caso de São Paulo, como a 10.348/87, a 12.751/98 e o Decreto 52.340/2011, envolvendo alvarás da Prefeitura relacionados à permissão de funcionamento, identificação, capacidade máxima de carga e número de pessoas.

No condomínio que cito na abertura deste texto, fizemos uma seleção minuciosa de um novo prestador de serviços, em conjunto com o conselho consultivo. Fizemos também o checklist das prioridades de manutenção dos equipamentos e uma programação financeira para podermos manter os elevadores em perfeito estado de uso e de segurança. O processo tomou muitos meses até concluirmos toda a manutenção necessária com a nova empresa, agora estamos nos organizando para modernizarmos as cabinas.

Conservar e valorizar o patrimônio do condômino é regra número 1 para uma gestão de excelência.


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Autor

  • Cristiane Bittencourt Reis

    Síndica profissional em São Paulo, tem formação na área pela Gabor RH. É graduada em Comunicação Social, com MBA em Recursos Humanos pela USP e educação continuada em Finanças, RH e Administração pela FGV. Tem 20 anos de experiência na área administrativa em empresa privada e é sócia da Ruffino & Alvim Empreendimentos e Administração de Imóveis. Possui ainda cursos de Gestão em Qualidade de Vida pela FEA-USP PROGEP, Administração de Conflitos e Qualidade Máxima no Atendimento ao Cliente, os dois últimos pelo Sebrae.

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