Uma das situações que venho acompanhando neste ano é o aumento de internações psiquiátricas entre crianças e adolescentes. A pandemia com certeza aumentou o número de casos de ansiedade e depressão, mas essa situação já vem se alterando há mais tempo. As principais queixas que recebo dos pais sobre os filhos são: Tempo excessivo de uso do celular, jogos de videogame, hiperatividade, etc. Isso traz muitos malefícios aos jovens, mas os pais não ficam atrás.
Duas de minhas pacientes, ambas adultas, me relataram que em suas internações viram crianças na faixa de 6 a 12 anos de idade também internadas. Confesso que fiquei chocado, o que me fez refletir sobre a doença mental desse público ainda tão jovem.
Fiquei imaginando como será a relação familiar dessas crianças com suas figuras parentais; muitas famílias, atualmente, vem apresentando sérios problemas disfuncionais, muitas vezes com excesso de brigas, agressões físicas e verbais, onde os filhos também desenvolvem essa disfuncionalidade familiar, onde muitas vezes provocam em si ideias suicidas, ingestão de medicações, auto mutilações, crises de pânico, compulsões diversas.
O público adolescente que atendo não apresenta uma relação saudável com seus pais; muitos desses pais mal entendem o que acontece com os filhos, e ainda apresentam opiniões de discriminação em relação às doenças emocionais; por incrível que pareça, muitos ainda acreditam ser “frescura” o fato de uma pessoa ter depressão ou ansiedade acentuada.
Matéria publicada na edição – 277 – abr/2022 da Revista Direcional Condomínios
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