“Sabe com quem está falando?” é a famosa frase dita por quem pretende dar uma “carteirada”! Tal fenômeno ocorre quando alguém pretende auferir algum tipo de vantagem ou privilégio em razão de seu cargo, profissão, condição financeira ou posição social. Nos condomínios, infelizmente, a “carteirada” está se tornando uma prática cada vez mais comum.
A modalidade mais clássica ocorre quando um morador diz ao funcionário da portaria ou da segurança “eu que pago o seu salário”. Basta um funcionário barrar um morador na portaria ou proibir a entrada de um veículo sem identificação para isso ocorrer. É o que chamamos tecnicamente de temor reverencial. E, cada vez que um morador assim age, ocorre a fragilização do sistema de segurança, sem falar no constrangimento causado ao funcionário.
Outra “carteirada” ocorre quando um proprietário julga ter mais direitos do que um inquilino e solta a pérola “mas você não apita nada aqui, pois é um mero inquilino”. Vale lembrar que os inquilinos pagam as despesas ordinárias e, obviamente, não são moradores de segunda classe. Há também os moradores antigos, que julgam possuir direitos adquiridos e logo falam aos novos moradores “você é novo aqui, não sabe como as coisas funcionam”.
Por fim, vale mencionar aquela revoltante situação em que os próprios gestores do condomínio (síndico, subsíndico e conselheiros) se aproveitam dos cargos para auferir algum tipo de vantagem e, na base da “carteirada”, legislam em causa própria, privilegiam os amigos, punem os opositores etc.
Os efeitos de qualquer abuso de direito são nefastos para a coletividade. Importante utilizar o livro de ocorrências do condomínio para registrar irregularidades, para que a administradora possa apurar o caso e penalizar o infrator.
Matéria publicada na edição 290 jun/2023 da Revista Direcional Condomínios
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