Arrastões em São Paulo superam 2011 e exigem planejamento dos condomínios

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Arrastões em condomínios de São Paulo ganharam destaque na imprensa nos últimos meses e deixaram a população em estado de alerta. De acordo com o DEIC (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), foram 19 ocorrências de janeiro a setembro deste ano, contra 13 em 2011. Os dados apontam que a palavra de ordem deve ser prevenção. “Falta a cultura de prevenção no Brasil, as pessoas só tomam atitude depois que algo acontece. Precisamos mudar isso”, destaca José Elias de Godoy, oficial da Polícia Militar de São Paulo, especialista na área e autor de “Técnicas de Segurança em Condomínios” (Editora Senac, 2004).

No entanto, segundo especialistas, não basta abrir a carteira e instalar equipamentos modernos na base do improviso. O mais importante é atuar com planejamento, zelar pela correta implantação e aprimoramento do sistema de segurança e incorporar comportamentos preventivos no dia a dia. “Integrar os meios tecnológicos com meios humanos é fundamental, pois observamos que grande parte das ocorrências é por falha humana. Seja por erro de conduta de funcionário ou falta de manutenção de sistema. Não adianta ter um equipamento ótimo se você não segue a norma adequadamente, ou se não faz o mínimo, como trancar a porta com a chave”, alerta Godoy.

Um primeiro e importante passo, muitas vezes ignorado pelos condomínios, é a criação de um Regimento Interno bem claro, com a formação de um conselho de segurança para deliberar a respeito. É o que orienta Luís Renato Mendonça Davini, graduado em Ciências Jurídicas pela Universidade de São Francisco e profissional da área de Segurança Pública do Estado de São Paulo. “É fundamental que os condôminos sejam conscientes do assunto e que existam regras a serem compridas por todos (funcionários e moradores), gerando condutas de segurança”, ressalta.

Segundo Davini, que ministra cursos de treinamento para síndicos, zeladores e porteiros, uma iniciativa do Grupo Direcional, é fundamental realizar uma análise de risco do local antes da implantação de um novo sistema ou do aprimoramento do que já existe. Trata-se de uma verificação minuciosa das possíveis vulnerabilidades do empreendimento, identificação que permitirá a criação de um projeto de segurança personalizado.

Os especialistas indicam que o desenvolvimento de um sistema de segurança deve considerar uma série de fatores:

1. Localização do condomínio – adjacências e vias de acesso, que podem determinar maior ou menor risco de ocorrências, bem como facilitar ou dificultar a chegada e a fuga de bandidos;

2. A spectos físicos – muros, portões, portas, janelas, recuos, acessos etc. “Vale estar atento ao que a engenharia civil pode fazer para deixar o empreendimento seguro, como, por exemplo, levar a guarita ao patamar de célula de segurança, destacada, com recuo e eventualmente blindada”, aponta Davini.

3. E quipamentos eletrônicos – recursos tecnológicos como câmeras, sensores, alarmes, botões de pânico, controles de acesso, cerca elétrica etc., já adotados em boa parte dos condomínios. Cada equipamento tem aplicação e localização adequadas, de acordo com as peculiaridades do empreendimento, e cabe ao especialista indicar a instalação. “É interessante que sejam interligados, pois, na falha de um equipamento, o outro comunica o problema”, orienta Davini.

4. A spectos humanos – rotina do edifício, conduta de moradores e funcionários, contratação, treinamento e orientação. “Em 90% dos casos, o bandido entra pela porta da frente. Isso mostra que é muito importante investir na contratação e treinamento de funcionários. E depois fiscalizar e supervisionar”, indica, por sua vez, Elias Godoy. Ele enfatiza também a necessidade de conscientizar os moradores. “Tem gente que quer segurança, paga por ela, mas acaba resistindo a mudar seus comportamentos de risco.”

“ANÉIS DE SEGURANÇA”

Um conceito que Godoy adota para avaliar a eficácia do sistema de segurança de um condomínio vertical é o de “anéis de segurança”. São eles:

– o perímetro: entorno do imóvel;

– a área crítica: locais de acesso de pedestres e veículos ao edifício;

– a entrada da torre: entrada social e de serviço, portas e janelas;

– as subidas dos andares: escadas e elevadores; e,

– a residência: o apartamento em si.

Segundo ele, é possível dividir o empreendimento nesses cinco ambientes físicos, de fora para dentro, e adotar soluções próprias a cada um deles. “Geralmente, as pessoas concentram sua preocupação nos primeiros anéis e esquecem-se de prestar atenção, por exemplo, na própria porta. Recursos simples como a colocação de olho mágico e trancas resistentes não podem ser deixados de lado”, alerta.

O olhar especializado também permite estabelecer níveis de segurança dentro das áreas comuns, controlando o acesso de moradores e visitantes. “Numa situação prática de uso do salão de festas com público externo, por exemplo, é possível contar com um recurso do sistema para limitar a circulação de pessoas para outras áreas, como garagem e demais andares”, aponta, por sua vez, Luís Renato Davini. É importante lembrar que o trabalho não termina após implantação e operacionalização do sistema. Segurança exige a prática diária de condutas, manutenção de equipamentos e investimentos constantes em recursos humanos. Isso inclui a realização de auditorias periódicas, com testes de equipamentos e simulações de tentativas de invasão.

Nesse aspecto, o edifício comercial Plaza JK, na zona sul de São Paulo, é um bom exemplo. Com uma torre de 17 andares e 32 unidades que abrigam negócios de grande porte (como bancos e escritórios de advocacia), recebe cerca 1.500 visitantes ao dia. O supervisor predial Manoel Barbosa do Nascimento revela com orgulho que o local nunca passou por ocorrências, nem mesmo tentativas de invasão.

Com um sistema de segurança bem completo e modernos equipamentos eletrônicos, duas centrais blindadas de monitoramento, ronda externa e equipe de 26 profissionais, o supervisor não se dá por satisfeito. Ele busca o aprimoramento constante, promovendo mais iluminação nas áreas ou treinando os funcionários a cada seis meses e quando entra gente nova no grupo. “Além disso, estamos sempre de olho nas ocorrências, observando como acontecem para nos prevenir”, finaliza o supervisor.

Matéria publicada na Edição 173 – out/12 da Revista Direcional Condomínios.

Autor

  • Diego

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