Coleta Seletiva de lixo

Os preços dos materiais recicláveis sofreram queda brusca desde o final de 2008, desmobilizaram catadores e cooperativas e deixaram muitos condomínios “órfãos”. Mas o setor e a Prefeitura buscam alternativas e recomendam aos condôminos manter a coleta.

Nos três primeiros meses de 2009, 146 condomínios residenciais da cidade de São Paulo procuraram o Programa de Coleta Seletiva de Lixo da Limpurb (órgão ligado à Secretaria Municipal de Serviços). Acostumados a separar o material reciclável do lixo orgânico, esses condomínios viram-se de repente “órfãos”, ou seja, desprovidos do trabalho de coleta realizado por catadores autônomos ou pelas cooperativas. Segundo Wagner Taveira, coordenador do programa da Limpurb, os baixos preços dos materiais geraram uma crise no setor e a Prefeitura tem procurado ampliar o número de edificações atendidas pela coleta seletiva, através de suas duas concessionárias ou uma das 15 cooperativas conveniadas. Implantado em 2007, o programa atinge 74 distritos de São Paulo.

“Conseguimos atender a 70% dos pedidos desses condomínios ‘órfãos’ e para os demais estamos fazendo contato com outras cooperativas para que recolham o material”, afirma Taveira. Somente a Associação Vira-Lata abandonou 100 estabelecimentos entre os 250 que atendia em 2008, diz Wilson Santos, coordenador da Vira-Lata, uma das maiores cooperativas da cidade. A Associação acaba de assinar um convênio com a Prefeitura para que possa retomar o serviço nos condomínios residenciais. O programa municipal fornece às conveniadas caminhão, combustível, motorista, aluguel do galpão e pagamento das taxas de consumo de energia e de água. 

Segundo Wilson Santos, a queda de até 60% nos preços pagos pelos transformadores inviabilizou parte do trabalho. “Cortamos custos, como combustível e motorista”, afirma. Como resultado, a Prefeitura recolheu no mês de fevereiro 300 toneladas a mais de lixo reciclável somente nos bairros da zona Sul da cidade, como Vila Mariana e Jabaquara. E mesmo os condomínios que continuaram a ser atendidos pela Associação Vira-Lata sentem com a quebra da regularidade do serviço. “Chegamos a ficar de uma a duas semanas sem receber a Associação”, afirma Luciano Nogueira, funcionário administrativo do condomínio Jardim de Bourgogne, localizado no Alto de Pinheiros. Nogueira observa que houve momentos em que o lixo separado foi colocado junto com o orgânico para a coleta normal da Prefeitura. “Não tínhamos onde acumular o material”, justifica.

Wagner Taveira, da Limpurb, espera que em quatro meses o setor esteja reorganizado. Assim, a palavra de ordem é a de que os condomínios mantenham a separação do material e façam contato com a Prefeitura, buscando a inclusão no programa ou alternativas. A Limpurb disponibiliza ainda a instalação de contêineres dentro de condomínios, uma maneira de facilitar a armazenagem do material. Taveira lembra também a possibilidade de síndicos e zeladores encaminhar temporariamente o material para os pontos de entrega voluntária, públicos e privados. 

Projeto ecológico – “O importante é que os condomínios não interrompam seus programas, porque retomar é muito mais difícil que implantar. A quebra pode gerar descrédito e frustração”, comenta Isabel Pires, moradora do Condomínio Porto Seguro, no bairro do Limão, e uma das responsáveis pelo projeto local de coleta seletiva, iniciado em 2003. “Temos cerca de 4 mil moradores, 60% dos quais aderiram à reciclagem”, relata. O Porto Seguro sente parcialmente os efeitos da crise, pois a remuneração conseguida com o material caiu muito. “O quilo do papelão custava R$0,40 e hoje sai a R$ 0,07. Os independentes estão sentindo dificuldade para repassar para frente”, afirma Isabel, lembrando que no condomínio a retirada é feita por sucateiros e ainda está dentro da normalidade.

“Na verdade, temos que ter consciência de que o projeto é ecológico e não econômico, que não irá gerar receita para abater o rateio do condomínio, mas sim, no máximo, para pagar placas de sinalização, papéis utilizados nas circulares, etc.” Segundo Isabel Pires, mesmo que o condomínio tenha que pagar pela retirada do material, ainda assim valerá a pena manter o programa. “Estamos trabalhando com um bem, o meio ambiente”, sustenta.

O educador Fábio Luiz Cardozo, membro do Instituto GEA (Ética e Meio Ambiente) e do Projeto Coleta Seletiva Brasil Canadá (uma parceria entre a Universidade de São Paulo e a Universidade Victoria), observa que “reduzir e reciclar é inevitável diante da saturação dos aterros e dos lixões”. Segundo ele, a crise atual deverá fomentar novas ações do poder público. “A Prefeitura de São Paulo não tem aumentado as áreas de coleta. Hoje há uma conquista de consciência, de cultura, a população pede cada vez mais pelo serviço, portanto, cabe ao poder público disponibilizá-lo”, defende.

O Programa de Coleta Seletiva da cidade de São Paulo oferece diferentes canais de contato. Pedidos e informações podem ser encaminhadas à Central de Atendimento, pelo telefone 156. O serviço Alô Limpeza atende ainda pelos números 3397-1723, 3397-1724, 3229-3666, 3229-3293 e 3229-4858. Solicitações de contêineres podem ser feitas também através do e-mail: limpurb@sac.prodam.sp.gov.br. Finalmente, por meio da página eletrônica http://portal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/servicoseobras/limpurb/0005 é possível conhecer as rotas e cronogramas estipulados para as concessionárias e cooperativas nos 74 distritos da cidade, bem como as centrais de triagem.

Matéria publicada na edição 134 de abril de 2009 da Revista Direcional Condomínios.

Autor

  • Diego

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