As reservas dos mananciais que abastecem São Paulo e a região metropolitana apresentam os piores níveis de sua história. A escassez torna imperativa a economia de água pelos condomínios.
Os reservatórios que abastecem o sistema Cantareira e levam água às torneiras de milhões de moradores da Capital e municípios vizinhos nunca apresentaram um nível tão baixo como em 2014. O esgotamento começou a se tornar severo no final de 2013 e em abril passado atingiu a 12% de sua capacidade. Uma dimensão da gravidade do problema pode ser percebida ao se comparar esse dado com o índice exibido pelo sistema no mesmo período de 2013, que era de quase 64%. Alertados pela cobertura da mídia, os condomínios começaram a vivenciar situações inusitadas, em que os próprios moradores andam questionando a manutenção de hábitos como a lavagem das calçadas e a rega dos jardins.
Em um empreendimento de cerca de 14 mil metros quadrados localizado no Jardim Anália Franco, zona Leste de São Paulo, os condôminos chegaram recentemente a pressionar os administradores (síndico e subsíndicos) a interromperem a rega de seu imenso parque arbóreo. Então surgiu a dúvida: aqui também não ocorreria um problema ambiental?
Segundo Hubert Gebara, vice-presidente da área de Condomínios do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), a urgência em se economizar água não deve impedir o uso do bom-senso. “Tem que diminuir a rega, mas não eliminar. Ela pode ser feita de maneira mais rápida e em horários mais adequados, quando não há evaporação, como após as 17hs”, exemplifica. No quadro ao lado, estão resumidas as medidas que os condomínios podem adotar, mesmo em regime de urgência, para diminuir o consumo. Uma delas é identificar e corrigir vazamentos, enquanto outra, um pouco mais demorada, mas viável no curto prazo, seria instalar um sistema de reuso de água da chuva. Hubert Gebara recomenda ainda estudos para exploração de poço artesiano (que necessita de licença junto ao DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica) e implantação da individualização do consumo.
POSTURA PARA A VIDA TODA
A síndica Elizabeth Bonetto não esperou pela estiagem para introduzir uma cultura de racionalização do consumo no Condomínio Edifício Glória Jardim Vitti, na Freguesia do Ó, zona Norte de São Paulo, região de grande influência do sistema Cantareira. No cargo há 20 anos, Elizabeth conta que promoveu a individualização em 2011, com quatro medidores por unidade, o que gerou uma economia de 40%. Junto com a individualização, veio a troca de todas as descargas dos 73 apartamentos. Ela diz que substituiu a válvula tipo Hydra por caixas acopladas ecológicas, que gastam de 3 a 6 litros por acionamento (contra 10 a 14 litros do sistema anterior). A medida contribuiu para a mudança dos hábitos dos condôminos, em que cada um sabe o que consome e paga a sua conta.
Todavia ela é reforçada por um acompanhamento diário e sistemático do consumo geral do prédio, feito sempre às 7hs, e comparado ao do dia anterior. “Com esse controle podemos identificar facilmente se há algum vazamento e evitar o desperdício.” Afinal, justifica Elizabeth, “a água é um bem finito e não renovável”.
ÁGUA: CONSUMO CONSCIENTE
- 1 – Adotar novos procedimentos de limpeza das áreas comuns e regas de jardins. Limpeza a seco e uso de regador diminuem bastante o consumo. Assim como fazer as regas em horários de menor evaporação, logo cedo ou após as 17hs;
- 2 – Orientar os condôminos a reduzir tempo de banho, a racionalizar uso de lavadoras e a instalar equipamentos economizadores nas torneiras, como arejadores;
- 3 – Caçar vazamentos;
- 4 – Estudar a viabilidade técnica e econômica da:
- – individualização
- – exploração de poços artesianos
- – reuso da água.
Fontes: Abralimp; Hubert Gebara (Secovi-SP);
Raquel Tomasini (Lello); Sabesp
Matéria publicada na edição – 190 de mai/2014 da Revista Direcional Condomínios