Manutenção Predial: Armadilhas Construtivas

Fique de olho em elementos construtivos aparentemente inofensivos, que podem causar acidentes nas áreas comuns. A sinalização é a melhor prevenção.

Degraus, muretas, vãos, peitoris. Aparentemente, são elementos construtivos comuns mas que podem representar riscos aos moradores, especialmente crianças e idosos. Uma mureta encostada em um muro pode se transformar em trampolim para um sério acidente. Numa brincadeira infantil, um vão sem proteção também pode virar um esconderijo perigoso, principalmente se o vão for o respiro da garagem, tão comum de ser encontrado no térreo de edifícios. 

Peitoris com alturas inadequadas que dão para rampas também são sinal de perigo, assim como rampas com inclinações fora das normas. O arquiteto Pedro Zeitunlian, acostumado a projetar edifícios, dá outros exemplos de riscos presentes na construção: pisos escorregadios em áreas externas, escadas sem corrimãos, pisos com acentamento irregular e pequenos degraus que nem se configuram como degraus mas que são suficientes para uma queda. Até mesmo elementos decorativos como bancos, vasos e balizadores utilizados em iluminação de áreas comuns podem se transformar em obstáculos perigosos. Segundo o arquiteto, muitas vezes há detalhes essenciais previstos em projeto mas não executados pela construtoras. “É o caso de vãos para ventilação das garagens, necessários para expelir os gases dos automóveis. Nos projetos deve constar a proteção de gradis ou elementos vazados nesses vãos, para que eles não se transformem em riscos”, explica. 

Portas de vidro também podem ser sinal de perigo, seja porque são de vidro temperado mas não têm sinalização, ou porque são de vidro comum (de custo muito inferior ao temperado). Um acidente numa porta de vidro comum pode ser fatal, já que o vidro se quebra em pontas muito afiadas. Zeitunlian lembra que as portas de vidro devem ser sempre sinalizadas, e que hoje o mercado oferece adesivos decorativos, mantendo a transparência do vidro. Aliás, sinalização é regra essencial quando se trata da prevenção de acidentes em condomínios. “Certos elementos construtivos são necessários, como degraus para vencer desníveis, muros e respiros. O que falta na maioria das vezes é a sinalização adequada ou a proteção a esses elementos, como corrimãos e guarda-corpos”, avalia o engenheiro civil e de segurança Paulo Palmieri Magri, diretor do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo (Ibape/SP). “O que falta nos condomínios é a prevenção ao acidente”, completa Magri. 

A sinalização é preterida em função da beleza estética. “Muitos acreditam que a sinalização ‘enfeia’, não gostam de colocar uma fita amarela ou uma tabuleta indicativa”, acredita. O engenheiro sustenta que placas e avisos, como, por exemplo, “Ao descer, utilize o corrimão”, ou faixas refletivas indicando degraus podem evitar acidentes. Para Magri, o síndico deve se valer de um especialista para indicar onde a sinalização é necessária. “Uma inspeção predial pode detectar não só trincas, fissuras ou desplacamentos, mas também a falta de sinalização. Mas, no Brasil, infelizmente estamos começando só agora a ter uma cultura de prevenção de acidentes”, diz. 

É claro que em certos casos não há sinalização que possa evitar acidentes. Por exemplo, Paulo Magri cita uma escada utilizada como rota de fuga e construída com degraus irregulares, um de cada altura. “Nesse caso, é claro que a escada deve ser refeita, não adianta sinalizar”, admite. Podem ocorrer falhas de projeto ou falhas de execução, mas o engenheiro acredita que quando falta sinalização, um simples degrau pode ser suficiente para um sério acidente. Ele lembra de um acidente em uma rampa, sem corrimão, e onde as fitas antiderrapantes haviam sido coladas num espaçamento maior que o indicado. Houve uma queda grave porque a pessoa colocou justamente os pés no espaço onde não havia fita. 

O arquiteto Pedro Zeitunlian reforça que muitos elementos que podem causar acidentes têm seus projetos e detalhes construtivos previstos em normas técnicas. Por isso a necessidade do condomínio contratar profissionais habilitados no caso de uma reforma do térreo. “Dou como exemplo o condomínio que irá refazer a impermeabilização. É indicado contratar um arquiteto para reformular o térreo, dentro de um conceito mais moderno e seguro. Um profissional habilitado trará segurança para o síndico pois está de olho nas normas técnicas. Para um leigo, há itens de segurança que passam despercebidos”, finaliza.

Matéria publicada na edição 134 de abril de 2009 da Revista Direcional Condomínios.


Matéria publicada na edição 134 abr/09 da Revista Direcional Condomínios

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