Preocupação com acabamento chega ao subsolo

A ideia é proporcionar um padrão de conforto e bem-estar equivalente aos halls sociais.

Na cidade do automóvel, a principal porta de acesso aos condomínios residenciais de São Paulo acontece hoje pela garagem. “99% dos moradores entram nos prédios de carro, raramente usam o hall bonito e imponente, ao contrário da garagem, que ainda permanece como a parte feia”, constata o arquiteto Celso Armando Farkuh. “Este conceito está mudando”, ressalva Celso, pois muitos edifícios já se preocupam em dar um padrão de acabamento equivalente às demais áreas comuns.

Assim, vale renovar pisos e pinturas, melhorar a iluminação e utilizar protetores de choques, além é claro de cuidar de toda a manutenção estrutural. No Condomínio Edifício Dagon, localizado no Jardim da Saúde, zona sul de São Paulo, a administração resolveu proporcionar um “ambiente agradável e bem confortável” aos moradores que chegam pela garagem. Após o conserto de um vazamento, os dois subsolos, que abrigam seis vagas por apartamento, ganharam novo piso (em epóxi) e pintura, protetores de choque, extintores e mangueiras de incêndio (atendendo às normas do Corpo de Bombeiros), boxes inpiduais, depósito, vestiários e iluminação de emergência e saída. “Ficou a coisa mais linda do mundo”, descreve o zelador José Ferreira, que há 11 anos trabalha no Dagon, edifício com moradias de alto padrão.

Segundo Celso Farkuh, as construtoras voltadas a este segmento, de médio e alto padrão, já começam a dar outro tratamento para as garagens. “Durante a construção, os subsolos são utilizados como depósitos. Por muito tempo eles permaneceram com esse aspecto de lugar inacabado, mesmo após a entrega das obras”, observa. “Mas agora há uma preocupação de transpor para essas áreas o mesmo impacto e conforto proporcionados pelo hall social”, acrescenta. Os prédios mais antigos também podem investir em uma revitalização dos estacionamentos, diz o arquiteto, a exemplo de um trabalho recentemente executado em um edifício nos Jardins. “O piso tinha pontos de deterioração.

Fizemos a recuperação pontual do concreto, através de microcimento, nivelamos e aplicamos a pintura, dando outro aspecto ao ambiente, que parece muito mais limpo.” Uma das soluções mais utilizadas é a aplicação do epóxi, afirma Celso. “É de fácil limpeza e manutenção, demanda lavagem apenas a cada dois ou três meses, e dá conforto e prazer em entrar pela garagem.” Oferecido pelo mercado com ampla variedade de cores, o revestimento possibilita a demarcação de vagas e a sinalização de acesso com um simples jogo de tonalidades.

O tom predominante tem sido o cinza médio, mesclado às faixas amarelas, azuis ou às variações do próprio cinza. O arquiteto ressalva, no entanto, que nos prédios ocupados é preciso utilizar uma resina isenta de solvente, por causa do incômodo do cheiro e do risco de intoxicação.

Em geral, a mudança do revestimento acompanha obras de nivelamento do piso, principal demanda que Celso identifica ainda hoje nas reformas das garagens. Outro item que chama a atenção é a pintura das paredes. “Ela deve ser branca para diminuir o consumo de energia, mas não pode dispensar a sinalização, obrigatoriamente em amarelo e preto”, orienta o arquiteto. 

“A garagem escura exige muita luz, deixa um aspecto de penumbra e uma sensação de claustrofobia. Já tetos e paredes brancas aumentam a refração”, comenta. Para conseguir maior claridade, Celso Farkuh sugere o uso de luminárias fluorescentes duplas, com refletor voltado para baixo, dando maior incidência do raio de luz para o chão.


Matéria publicada na edição 139 set/09 da Revista Direcional Condomínios

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