Ana Josefa Severino, 53 anos, coleciona prêmios por
ornamentações natalinas
“Sou engenheira civil por formação, profissão que exerci na mesma época em que também lecionava matemática e física em uma escola particular. Mas isso é parte de um passado distante, pois há 27 anos sou síndica profissional. Há anos resido em São Caetano de Sul e, com minha equipe, administro vários condomínios de alto e médio padrão no ABC. Sou dinâmica e saudável, mas em 2023 fiquei internada devido a uma condição que nunca havia tido, provavelmente desencadeada pelo estresse, pois me entrego muito ao trabalho. Mas não diminuí meu ritmo, amo o que eu faço, de verdade! Estou completando 53 anos e o que eu desejo para o futuro é continuar fazendo um bom trabalho nos condomínios, sempre com foco no bem-estar dos moradores, no zelo com o patrimônio deles, e na valorização dos colaboradores, buscando oferecer melhor condição a quem se destaca – se não for o síndico a dar uma oportunidade a um porteiro ou auxiliar de limpeza, quem o fará?
A sindicatura me encanta. Por meio dela, exerço minha habilidade matemática em prol da gestão financeira, enquanto mantenho viva a engenheira dentro de mim ao lidar com manutenções estruturais, por exemplo. Eu gosto também de gente, não só de números e construções (rs!). Sou ‘falante’, e acredito no diálogo para apaziguar conflitos. Tenho interesse por novos saberes e a sindicatura exige isso o tempo todo. Existem tantas possibilidades para estarmos bem informados, como mídia especializada, cursos e eventos. Inclusive fiz um curso muito bom sobre impermeabilização, em uma empresa de soluções químicas para a construção civil, em Caçapava, no interior paulista. Temos de ficar atentos às oportunidades.
Assumi a gestão de um condomínio pela primeira vez em 1998. Fazia alguns meses que o Beaujolais, um residencial na Vila Formosa, zona leste de São Paulo, havia sido entregue, mas não havia um síndico, então me candidatei ao posto, e acabei ficando como síndica orgânica durante sete anos. A administradora aprovou minha atuação desde o início e me convenceu a pegar outros edifícios. Como eu planejava ser mãe, decidi me tornar síndica profissional para ter horários flexíveis. Durante a primeira infância dos meus filhos, Giovanni e Giulianna, tive uma carteira de condomínios mais reduzida, mas nunca parei de atuar. Até mesmo no puerpério, recém-chegada da maternidade, lembro-me de acompanhar uma obra na churrasqueira no Beaujolais, me comunicando com o engenheiro por meio da minha sacada no terceiro andar.
“Eventos integram o condômino ao
ambiente do condomínio, tornando-o mais consciente da necessidade de preservação ou de melhorias”
Em 2004, minha família e eu nos mudamos para o Piazza di Toscana, um condomínio com cinco torres e 168 unidades na Vila Zelina, também zona leste, onde fui síndica orgânica durante os dez primeiros anos de vida da edificação. Assim que me vi administrando um condomínio com 500 pessoas em média, implantei uma vasta agenda de confraternizações, como festa de Páscoa e Dia das Crianças, para integrar os moradores. O relacionamento interpessoal deixa a convivência mais harmônica, e pequenos descuidos, como um carro mal estacionado na garagem, são resolvidos entre os próprios moradores. Eventos também integram o condômino ao ambiente do condomínio, tornando-o mais consciente da necessidade de preservação ou de melhorias.
O Natal do Piazza era muito aguardado pelos moradores. Havia o bazar com produtos de comerciantes e artesãos que residiam ali, e muitos faziam suas compras de Natal. Cheguei até a colocar um tapete vermelho porque desfilávamos com roupas, calçados e acessórios das barracas. Outra coisa muito legal é que consegui aprovar em assembleia a padronização da iluminação das sacadas e a cada ano as luzes eram de uma cor, ora branquinhas, ora amarelas, ora brancas intercaladas de azuis. O condomínio se destacou tanto que foi premiado duas vezes pela Associação Comercial de São Paulo na promoção Natal Iluminado.
No final de 2014, nos mudamos para o Plaza Athenee, condomínio de uma torre e 56 unidades em São Caetano, onde estou como síndica orgânica há dez anos, desde a entrega. Em 2015, introduzi a decoração personalizada na fachada e, no ano seguinte, fomos premiados pela Associação Comercial de São Caetano como o residencial mais bem decorado da cidade, com direito à reportagem da TV Globo. Em 2022 e 2023, ganhamos o primeiro lugar na categoria condominial em um concurso municipal de melhores ornamentações natalinas, com prêmio no valor de 5 mil reais em cada ano. Em 2023, outro condomínio administrado por mim, o Vista Bela, ficou com o segundo lugar da premiação, recebendo 3 mil reais. Depois disso, um síndico de condomínio próximo me pediu o contato da empresa de decoração. Fiquei toda orgulhosa, porque não existe empresa! Sou eu que desenho o projeto e compro os artefatos. Depois monto com a ajuda dos respectivos zeladores dos prédios. Começo a planejar tudo já em maio, quando visito uma feira de produtos natalinos no Expo Center Norte.
Nos eventos de Natal em condomínios, preservo uma tradição: o dia de ligarmos a decoração pela primeira vez, é também o momento da confraternização entre moradores. No Plaza Athenee, por exemplo, temos um coral de Natal da terceira idade, comidas típicas, e a visita de um Papai Noel que é a cara do bom velhinho (rs!). Nessa ocasião, celebramos o fato de termos chegado a mais um fechamento de ano, e de nos encontrarmos todos ali, juntos, e com saúde, num clima de alegria e afeto.
Eu adoro festas, venho de uma família italiana animada. Meus pais vieram para o Brasil, com os pais deles, ainda crianças. O meu pai trabalhou por 60 anos no Mercado Municipal da Cantareira, até seu último dia de vida. Ele é minha maior referência de força, caráter e amor. Com muito ‘lavoro’ conquistou sua própria banca de frutas, adquiriu uma casa espaçosa na Penha, zona leste da cidade, e arcou com a formação universitária e de piano das três filhas. Ele gostava de música clássica, de ouvir Pavarotti no vinil.
O nosso Natal era um acontecimento! Eu e minhas irmãs ajudávamos a enfeitar a árvore. O meu pai trazia as mais belas frutas para a ceia, havia muitos familiares, boa música, todos comungando com o espírito natalino. São recordações que aquecem a alma. Por isso, acho gratificante e faço questão de levar um pouco da magia de Natal aos condomínios, um ambiente que precisa de leveza e de reflexões sobre a paz.”
Ana Josefa Severino, em depoimento a Isabel Ribeiro
Matéria publicada na edição 306 nov-dez/24 da Revista Direcional Condomínios
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Jornalista apaixonada desde sempre por revistas, por gente, pelas boas histórias, e, nos últimos anos, seduzida pelo instigante universo condominial.