São Paulo se verticaliza como nunca. Novas construções brotam na paisagem da cidade, modificando-a. Mas, em meio a um processo acelerado de demolição de residências e lojas de bairro, fechamento com tapumes metálicos e etapas de obras, como fica a segurança do entorno?
Qual o impacto da verticalização e obras na segurança do condomínio em sp?
Essa é uma das preocupações da síndica profissional Ana Paula Justiniano. “Precisamos ficar atentos à situação. Administro um condomínio em Moema que, de uma hora para outra, ficou inserido num breu. Construtoras demoliram casas ao lado e atrás dele para erguer prédios e colocaram tapumes. À noite, a vizinhança fica escura e com pouca circulação de pessoas, gerando insegurança”, exemplifica a síndica.
A alteração no cenário urbano devido a obras e demolições cria novos pontos de vulnerabilidade, como:
- Ruas escuras por falta de iluminação pública ou obstrução por tapumes.
- Diminuição da circulação de pedestres, favorecendo a ação de criminosos.
- Novas rotas de fuga ou acesso criadas temporariamente pelo canteiro de obras.
Como a gestão profissional utiliza tecnologia e mapeamento para aumentar a segurança?
Diante dessa mudança, síndicos profissionais adotam uma abordagem proativa, combinando análise de risco com investimento em equipamentos estratégicos.
Mapeamento de vulnerabilidades e iluminação estratégica
“Com essa mudança no cenário urbano, contratamos uma empresa para mapear vulnerabilidades do condomínio e faremos ajustes para torná-lo mais seguro”, explica Ana Paula.
A síndica também foca na iluminação: em locais onde a iluminação pública é insuficiente (muitas vezes prejudicada pela copa das árvores), ela investe em refletores na portaria e na área perimetral para melhorar a segurança e a visibilidade para a vigilância.
O papel dos totens de vigilância integrados com autoridades
Outra tática que demonstra resultados positivos são os totens de vigilância. Esses equipamentos de segurança oferecem múltiplos benefícios para a comunidade condominial:
- Desestimulam ações criminosas visivelmente.
- Contribuem para iluminar a calçada do condomínio.
- Oferecem maior segurança ao morador para pegar um carro de aplicativo ou passear com o pet.
- Podem ter integração com as autoridades policiais da cidade.
Ana Paula destaca uma experiência bem-sucedida em um prédio que administra na Praça da Árvore (São Paulo): “Os moradores estavam preocupados com os moleques de bicicleta que assaltavam pedestres, aderiram ao sistema. Hoje temos uma malha colaborativa de vigilância e uma rua mais tranquila”, relata.
Por que manuais de procedimentos são uma barreira contra a criminalidade?
O síndico profissional Luiz Antônio Vieira compartilha uma estratégia de gestão fundamental para a segurança: os manuais de procedimentos para portaria e moradores. Ele considera esse material informativo um recurso de peso, mesmo com barreiras físicas e tecnológicas instaladas.
Quais os benefícios do manual de procedimentos e como coibir a “carteirada”?
O conteúdo do manual é elaborado por empresas especializadas em segurança, a partir de uma análise de risco e correção de hábitos. Os resultados e benefícios são:
- Uniformização do modo de agir de funcionários e moradores.
- Fortalece o funcionário contra a “carteirada”, pois ele está amparado por regras (protocolo assinado).
- Torna moradores mais responsáveis, pois o descumprimento de instruções (como o efeito carona) gera notificação.
- Garante que ninguém possa alegar “eu não sabia”, pois o protocolo de recebimento é assinado.
Enquanto a versão impressa é obrigatória para os funcionários, a versão digital também é oferecida aos moradores.
O que é a “entrada e saída assistida” e como funciona a ronda 24 horas?
Luiz Antônio também recomenda a contratação de um serviço de ronda 24 horas.
O serviço utiliza vigilantes em motocicletas que observam a área externa do condomínio em intervalos de tempo e circuitos pré-determinados. O diferencial é o recurso de entrada e saída assistida:
- Os vigilantes não podem estar armados, mas acionam a polícia imediatamente mediante qualquer anormalidade.
- Se o morador estiver voltando de madrugada, ele pode acionar a ronda.
- Os vigilantes monitoram o acesso à garagem ou à entrada do pedestre.

Agradecimento aos entrevistados
Na ordem, da esq. para dir.: Luiz Antônio Vieira e Ana Paula Justiniano
Matéria publicada na edição 317 nov/dez 2025 da Revista Direcional Condomínios
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