O poder do registro do Boletim de Ocorrência (Parte 02)

Já dissemos, em artigo anterior, que o registro do Boletim de Ocorrências (famoso B.O/PC, ou simplesmente B.O) tem o poder de “direcionar o policiamento” para os locais de maior incidência criminal, posto que o planejamento da atividade policial preventiva consulta um banco de dados para a distribuição do efetivo nos setores de patrulhamento.

Agora vamos tratar de outra importante função do Boletim de Ocorrência, já no campo repressivo: noticiar e registrar o fato crime, para a efetiva investigação policial. Quero dizer, com isso, que o registro do boletim inicia oficialmente a investigação policial que visa apurar um determinado delito qualquer, buscando identificar e prender os autores do crime (ou contravenção).

Recordo-me de um caso de “extravios de correspondências”, ocorrido em um condomínio no Morumbi durante seis meses. Vários porteiros haviam sido substituídos devido a estes “desaparecimentos”, contudo nenhum morador – vítima havia registrado um B.O sobre o fato. Sempre se tratou o caso administrativamente/ internamente, junto ao corpo diretivo. Quando o primeiro morador lesado registrou oficialmente o extravio de seu talão de cheques através de um Boletim de Ocorrências, uma equipe de investigadores conseguiu vincular o fato a uma quadrilha de estelionatários que agia em diversos condomínios de São Paulo; as investigações prosseguiram e várias prisões foram efetuadas, inclusive de um empregado do condomínio. Para a surpresa de todos, não se tratava de um porteiro, mas de um Auxiliar de Serviços Gerais, que usava da confiança adquirida junto aos porteiros, para subtrair correspondências quando aqueles se afastavam da guarita para atender suas necessidades fisiológicas.

Com o relato acima, meu alerta é de que vale a pena registrar o suposto fato crime junto aos órgãos de segurança pública competentes. Por mais boa vontade que se tenha o corpo diretivo, ainda assim serão leigos na arte de investigar, além de não possuírem todas as informações que contribuirão para a solução do crime. Vamos confiar em nossas polícias e colaborar para uma sociedade mais tranquila e justa.

São Paulo, 24 de julho de 2014

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