A conta de energia do condomínio está altíssima. E agora?

Quando uma despesa começa a martelar a nossa mente, na maioria das vezes, é a ela que devemos dar especial atenção e buscar alternativas para que deixe de ser o centro das preocupações. Refletir sobre despesas que estão fora de controle nos dá a oportunidade de descobrir variáveis e interferências que nunca havíamos parado para entender. E possibilita que encontremos vários caminhos para colocá- -las dentro de uma trajetória de controle.

As despesas com energia elétrica representam um excelente exemplo de custo que, na maioria dos condomínios, merece especial atenção. As oportunidades de racionalização são inúmeras e depende do síndico colocá-las em foco e desenvolver um plano de ações de melhorias. Importante também estabelecer uma análise crítica e os objetivos que se quer atingir.

Para as despesas com energia elétrica, um bom plano deve abordar, inclusive, a revisão dos atuais quadros das instalações, que podem estar saturados ou até mesmo desatualizados em relação a sua capacidade. Isto, além de ser crítico pelas questões de segurança, também pode encobrir elevados consumos de energia, resultando em contas altíssimas.

Uma área de intenso consumo de energia é a portaria. A maioria dos condomínios agregou grande quantidade de equipamentos nesse ambiente no decorrer do tempo (filtros de linha, telefones, computadores, impressoras, monitores do sistema de CFTV, fontes, carregadores de baterias de rádio e celular, nobreaks, dispositivos de controle dos portões das garagens e de pedestres, entre outros), sem levar em consideração a capacidade da rede instalada.

Além de todos esses novos recursos, também a imensa quantidade de fios e a falta de condutores apropriados tornaram a portaria uma área crítica, principalmente com a ausência de cuidados por parte dos próprios funcionários, que por muitas vezes, esbarram e causam danos às instalações. Vários condomínios vivenciam panes e falta de energia por pura desorganização. Quem já não enfrentou um apagão devido ao rompimento de uma instalação?

No Condomínio Top Village, desenvolvemos um plano de ações visando à economia de energia das áreas comuns, dividindo por setores as melhorias a serem feitas. Iniciamos as ações exatamente pela portaria. Um ponto crucial foi a busca de um profissional capacitado para avaliar as atuais instalações e as melhorias que poderíamos executar.

Depois disso, entre outros, refizemos o quadro de energia, planejando exatamente a necessidade atual e futura de carga; identificamos cada um dos disjuntores; trocamos os condutores; descentralizamos os portões das garagens (que passaram a ser supridos pelos quadros de energia de cada um dos subsolos); organizamos toda a fiação através de condutores e instalação de canaletas (deixando tudo protegido contra qualquer descuido ou esbarrão); trocamos as lâmpadas por versões econômicas; instalamos novos nobreaks. O único sistema de abertura de portões que permaneceu na portaria foi o de acesso de pedestres.

Logo no princípio, já foi possível medir a queda de consumo de energia na conta da concessionária, o que nos mostrou que estávamos no caminho certo para atingir o controle da despesa e obter efeitos benéficos sobre o fluxo de caixa do condomínio.

Outras revisões estão contempladas no nosso planejamento, como a troca de lâmpadas incandescentes por versões econômicas de toda área comum; a avaliação da utilização de lâmpadas LEDs em áreas específicas como escadas e hall dos andares; a revisão dos sistemas de luzes de emergência; e a modernização dos quadros de comando das bombas d’água.

Além das revisões dos sistemas existentes, o condomínio está passando por uma modernização parcial dos elevadores, onde estão sendo trocados os quadros de comando, o que também contribuirá de maneira positiva para diminuir as despesas com energia elétrica.

Em dois anos, de outubro de 2011 (início do meu mandato) ao mesmo mês de 2013, obtivemos queda de 37,97% na conta com energia, economia que tem sido revertida para o próprio projeto de redução do consumo.

Matéria publicada na edição – 191 de jun/2014 da Revista Direcional Condomínios

Autor

  • Kelly Remonti

    Síndica profissional graduada em Administração de Empresas, com especializações nas áreas de Finanças e Contabilidade. Possui MBA em Logística Empresarial pela FGV de Campinas. É consultora financeira/administrativa da área condominial e membro da ACVAT - Associação de Condomínios Verticais de Alphaville/Tamboré.

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