Continuando a série de artigos sobre Dependência Química que visam a orientar os síndicos, onde procuramos mostrar a importância de que eles abordem o assunto com os pais e demais condôminos, torna-se necessário agora apresentar-lhes as causas e consequências da utilização dessas substâncias pelos dependentes, desde as mais usadas, até as menos usadas.
Neste artigo falarei sobre o Alcoolismo, que é sim considerada uma droga, mas lícita, e que, infelizmente, está entre os produtos mais consumidos pela população, sendo que a juventude tem iniciado seu consumo cada vez mais cedo, como, por exemplo, a partir de 10 anos de idade. Existem ainda casos de experimentação a partir de 7 anos de idade, através dos próprios pais, os quais permitem “experimentar” a espuminha da cerveja, não pesando as consequências futuras.
O material apresentado a seguir encontra-se atualizado pelo SENAD (Secretaria Nacional de Políticas sobre drogas) em conjunto com a UNIFESP (Universidade Federal do Estado de São Paulo) e o SUPERA (Sistema para Detecção do Uso Abusivo e Dependência de Substâncias Psicoativas).
A partir desta leitura, é de máxima importância uma séria reflexão que deve ser repassada para todas as famílias, como forma de despertar uma maior conscientização sobre a problemática do desenvolvimento da Dependência Química, doença incurável, mas tratável e preventiva, mas que infelizmente vem num crescente a cada dia.
Álcool é uma droga psicotrópica
Para muitas pessoas, Droga é somente aquela substância cujo consumo é proibido, no entanto, é importante lembrar que existem Drogas Lícitas, cuja venda e consumo são permitidos por lei. O álcool é uma delas.
O uso do álcool é aceito socialmente e pode, em alguns casos, não desencadear problemas. Isso dificulta lidar com o fato de que para cerca de 30% das pessoas este uso torna-se abusivo e gera problemas, entre eles a dependência.
Segundo o VI Levantamento Nacional sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas entre Estudantes do Ensino Fundamental e Médio das Redes Pública e Privada de Ensino nas 27 capitais brasileiras, realizado em 2010, o uso pesado (maior ou igual a 20 vezes/mês) no Brasil atingiu a 1,6% dos estudantes, sendo maior o uso pesado de álcool em estudantes de escola pública (1,7%), se comparado com os alunos das escolas privadas (1,1%). Contudo o consumo é maior entre estudantes das escolas privadas (47,5%) se comparado com as públicas (41,1%).
Outros levantamentos indicam que:
- O uso de álcool nas 108 cidades com mais de 200 mil habitantes é de 74,6% e o uso pesado (maior ou igual a 20 vezes/mês) é de 7,0% (dados do II Levantamento Domiciliar – 2005);
- A prevalência de dependência de álcool na população é de 6,8% (Dados do II LENAD / Levantamento Nacional de Álcool e Drogas).
Bebidas alcoólicas e seus efeitos no organismo
O álcool presente nessas bebidas é o etanol, produzido pela fermentação de frutas e grãos ou destilação de seus produtos – como ocorre com a cana-de-açúcar. No Brasil, há uma grande diversidade de bebidas alcoólicas, cada tipo com quantidades diferentes de álcool em sua composição.
Mas que fatores influenciam a ação do álcool?
A frequência de ingestão, a quantidade de álcool ingerido, a quantidade de álcool absorvido, sua distribuição pelos tecidos do organismo, a sensibilidade individual dos diferentes tecidos e órgãos e a velocidade de metabolização afetam os efeitos do álcool.
Você sabe qual a quantidade de álcool existente nas bebidas alcoólicas?
BEBIDA |
PORCENTAGEM DE ÁLCOOL |
Cerveja light |
3,5% |
Cerveja ou cooler |
4,5% a 6,5% |
Vinho |
12% |
Vinhos fortificados |
20% |
Uísque, vodca, pinga. |
40% |
Você sabe o que é uma dose “padrão” de álcool?
É uma quantidade de bebida alcoólica que contém em torno de 14 gramas de etanol puro. Como a densidade do álcool é 0,79 g/ml, em 17 ml de álcool (etanol) puro existem 14 gramas de álcool. Considerando a concentração das diferentes bebidas:
UMA DOSE PADRÃO DE ÁLCOOL EQUIVALE A:
- 40 ml de pinga, uísque ou vodca;
- 85 ml de vinho do Porto, vermutes ou licores;
- 140 ml de vinho de mesa;
- 340 ml de cerveja ou chope = 1 lata;
- 600 ml, 1 garrafa grande de cerveja contém 2 doses.
As mulheres são mais sensíveis aos efeitos do álcool e atingem níveis de concentração mais altos com menores quantidades da droga.
Qual a relação entre as doses ingeridas e a concentração de álcool no organismo cerca de 30 minutos após ingestão?
CONCENTRAÇÃO DE ÁLCOOL (em gramas por litro de sangue)
Doses Padrão |
Homem com 60 kg |
Homem com 70 kg |
Homem com 80 kg |
1 |
0,27 |
0,22 |
0,19 |
2 |
0,54 |
0,44 |
0,38 |
3 |
0,81 |
0,66 |
0,57 |
Como o álcool é metabolizado pelo organismo?
Cerca de 90% do álcool (etanol) é metabolizado no fígado, transformando-se em acetaldeído ou aldeído acético, devido à ação da enzima álcool desidrogenase. O acetaldeído é então transformado em acetato, que será eliminado do organismo pela urina. O acetaldeído, que se forma no processo de metabolização do álcool, aumenta a pressão arterial, os batimentos cardíacos e pode causar rubor facial, náuseas e vômitos.
Muitos efeitos observados após a ingestão de bebidas alcoólicas são, na verdade, efeitos do acetildeído, que permanece no sangue por mais tempo do que o álcool.
Medicamentos como o Antabuse contêm dissulfiram, uma substância que inibe a enzima aldeído desidrogenase, responsável pela eliminação do acetaldeído.
Esses medicamentos ainda são usados em alguns locais para auxiliar no tratamento de pessoas dependentes de álcool, com a única finalidade de ajudá-las na decisão de não beber, pois se beberem enquanto estiverem sob efeito do medicamento (que dura até uma semana depois de ingerido o comprimido) podem: sentir mal-estar forte, com elevação da pressão arterial, aumento dos batimentos cardíacos, chegando até a morte, por parada respiratória ou cardíaca.
A ideia é fazer com que o paciente tenha de decidir apenas uma vez por dia se vai beber ou não. Se ele tomou o comprimido NÃO PODE BEBER por até 7 dias, pois poderá sofre forte mal-estar.
Faz diferença beber lentamente ou rapidamente?
Como o organismo é capaz de eliminar 1 dose padrão por hora, se a pessoa beber várias doses seguidas, seu organismo irá acumular mais álcool no sangue. Algumas formas de beber, como o “vira-vira”, são particularmente desaconselháveis, porque aumentam muito rapidamente os níveis de álcool no sangue.
Quais são os efeitos do álcool no Sistema Nervoso Central?
Seus efeitos podem ser divididos em estimulantes e depressores do organismo:
- Inicialmente (doses baixas ou na fase inicial do efeito de doses altas), o álcool age como estimulante do sistema Nervoso Central, levando a sensações de euforia, desinibição, sociabilidade, prazer e alegria;
- Em um segundo momento, o álcool age como “depressor” do Sistema Nervoso Central, reduzindo a ansiedade, contudo prejudicando a coordenação motora. À medida que aumenta a concentração de álcool no sangue, ocorre a diminuição da autocrítica, que por afetar a capacidade de avaliação dos perigos, pode levar a comportamentos de risco, como beber e dirigir ou operar máquinas, levando a acidentes;
- Pode haver lentificação psicomotora, deixando a fala “arrastada”, redução dos reflexos, sonolência e prejuízos na capacidade de raciocínio e concentração;
- Em doses altas, a visão pode ficar “dupla” ou borrada, ocorrendo também prejuízo de memória e da concentração, diminuição da resposta a estímulos, sonolência, vômitos e insuficiência respiratória, podendo chegar à anestesia, coma e morte. Por essa razão diz-se que o álcool tem efeito bifásico no organismo.
Estes efeitos dependem da quantidade de álcool que o indivíduo bebe. Doses moderadas de álcool podem provocar sensação de bem-estar, relaxamento e desinibição. No entanto, com o aumento das doses, os reflexos ficam prejudicados e a pessoa pode se envolver em acidentes.
Embora o álcool seja uma droga bifásica, é classificado como depressor do Sistema Nervoso Central, pois a fase depressora é mais intensa e prolongada.
Como lidar com as pessoas enquanto estão intoxicadas pelo álcool (bêbadas)?
Há várias maneiras populares de lidar com a intoxicação alcoólica, mas nenhuma delas é tão eficaz quanto o tempo. Deixe a pessoa em um local tranquilo e isolado e espere o organismo eliminar o álcool.
Muito bem meus amigos, finalizando esta primeira parte referente ao Álcool, espero que todos façam uma reflexão através deste material, utilizando-o como aprendizado para que vocês possam praticá-lo em sua família, objetivando diminuir ou até eliminar o consumo que porventura exista.
No próximo artigo, darei continuidade ao assunto Álcool abordando mais aspectos importantes sobreas causas e consequências do consumo dessas bebidas.
Boa leitura e até o próximo artigo.