Diário de uma síndica/Agora tenho um pug, quem diria!?

Cachorro é igual a filho, precisamos educar!!! Sempre tive essa opinião em minha experiência como síndica e, agora, depois que resolvi criar um pug, minha posição foi reforçada. Quando eu era solteira e morava em casa, tínhamos um pastor alemão, mas quase não havia contato com ele, que ficava no quintal. Depois que me casei e mudei para um apartamento, jamais pensei em criar um cachorro, achava, por exemplo, que isso poderia gerar desconforto com as visitas, meus filhos… E como desde 1998 exerço o cargo de síndica nos prédios em que morei e até como profissional, me deparei com inúmeras reclamações de condôminos quanto a mau cheiro, latidos, cachorro andando no chão etc. etc.

Além disso, há dificuldades concretas para conciliar os interesses do dono do animal e dos demais moradores. No último condomínio em que morei, antes de me mudar para o atual prédio, o Regimento Interno não permite que o cachorro ande no chão, apenas no colo, e mesmo como síndica eu me perguntava como agir com animais grandes, pesados?? Na época, por conta disso, até adquirimos um carrinho para o transporte do cão até a calçada. Já no residencial em que vivo, a norma libera o fluxo com o cachorro no chão, desde que restrito às áreas de serviço.

O fato é que eu, que nunca havia pensado antes em ter um cachorro em apartamento, adquiri um pug, o Gigio, e hoje ele é o meu xodó, adoro! Ele ajuda a tirar o estresse. Mas é preciso saber educar. Ensinamos o Gigio a fazer xixi no local correto e, sempre que saímos com ele para passear na rua, levamos os saquinhos apropriados e disponibilizados pelo próprio condomínio próximo ao portão de saída, já que é obrigação do dono do animal recolher toda sujeira que o animal faça. Os cachorros também precisam que se realize regularmente a limpeza do local onde ele faz xixi. Em minha casa, a fraldinha fica no cantinho do terraço, ela é trocada com frequência e tem a higienização frequente do espaço. Quanto ao barulho, ele quase não late, apenas quanto toca o interfone ou a campainha.

Completarei 18 anos de atividade como síndica no próximo mês de outubro e confesso que já recebi diversas reclamações de condôminos sobre cheiro e barulho de cachorro, mas a maioria dos latidos vem do fato de que eles ficam muito tempo trancados sozinhos dentro do apartamento. Antes, portanto, de adotar e de conviver com um animal de estimação, o condômino deve pensar bem, pois isso envolve gastos, cuidados. Não é apenas ter e deixá-lo sozinho!

Porém, há reclamações no condomínio que não procedem. Em um dos casos que mediei, uma moradora reclamou da vizinha, de que seu cachorro provocava mau cheiro no andar. A dona, uma senhora, chegou a chorar, ela disse que nunca havia recebido reclamação do seu cão, que ele era a sua companhia. Mesmo assim, ela resolveu comprar um odorizador automático, deixando-o no hall de serviço, e, para nossa surpresa, a reclamante voltou à carga, desta feita, queixando-se da flagrância escolhida, que não era de seu gosto!!!

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Autor

  • Ana Josefa Severino

    Ana Josefa Severino é engenheira civil e síndica desde 1998. Atua há 22 anos como síndica profissional em São Paulo e no ABC, atendendo hoje aos condomínios Plaza Athenee, Bougainville, Villa Verde, San Gimignano e Upper.

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