Cuidados para contratar um serviço de eletricidade em seu condomínio

“Há toda a sorte de prestador de serviço, você deve ter cuidado na contratação.”

Não é muito fácil administrar a verba de um condomínio, principalmente quando o recurso é para serviços que a maioria das pessoas não vê. Digo isto pois o serviço com eletricidade, assim como de hidráulica, é algo que não aparece, mas, via de regra, a verba que se vier a utilizar será considerável se o condomínio quiser fazer um serviço de qualidade. Durante estes anos que tenho escrito para esta coluna, muitas dicas foram passadas, com base no meu conhecimento e pela minha luta para uma instalação elétrica segura. Tenho procurado ser o mais crítico possível, sem ser displicente, ou seja, sem deixar de me preocupar com o correto a qualquer custo.

É fato que um bom projeto elétrico, que é o caso onde atuo, pode levar a uma economia maior do que um projeto feito de qualquer forma ou, ainda, da não contratação de um projeto. Mas o objetivo deste artigo tem fundamento em alguns casos que temos observado e que envolve profissionais desqualificados, ou que agem de má fé, fato que vem me preocupando. Já não é a primeira vez que, ao ser contatado por alguém que deseja reformar o prédio, me pedem orçamento com base em um projeto já aprovado na distribuidora de energia. Até aí tudo bem, mas em alguns casos, principalmente em prédios com mais de 30 anos e que possuem chuveiros elétricos, o aumento de carga é praticamente obrigatório. E aí é que mora minha preocupação, pois em dois casos neste mês, os responsáveis pela contratação diziam que o projeto estava aprovado e a distribuidora de energia não estava considerando qualquer serviço de rede com base em aumento de carga.

A investigação me levou a duas situações:

A primeira é que o projeto é enviado para aprovação junto à distribuidora solicitando a inserção de um circuito medidor de energia independente para a bomba de incêndio, uma exigência atual do Corpo de Bombeiros, principalmente em SP. Mas no projeto é inserida também a alteração de condutores e de proteção, porém, isso não é informado à distribuidora. Esta, por sua vez, analisa somente o acréscimo de um medidor e autoriza o serviço sem identificar o possível comprometimento de sua rede de energia.

A segunda é que, ao fazer o serviço, o prédio passa a sobrecarregar a rede externa de energia, gerando quedas de tensão, interrupções e até possibilidade de incêndio nos transformadores. Ato este que em um futuro próximo poderá acarretar em multa para o condomínio por fraude.

Estas situações são muito complicadas, pois como citei no início, é um custo que não é fácil de justificar, e há inúmeros “pseudoprofissionais” querendo ganhar seu dinheiro e oferecendo “pseudoprojetos” a custos baratinhos.  Não entro no mérito de valores máximos ou mínimos, pois cada profissional tem sua forma de trabalho, mas listo abaixo algumas das atividades que devem fazer parte na elaboração do projeto elétrico de uma reforma de instalação elétrica:

  • Avaliação de consumo com base no perfil do morador;
    •    :: Instalação de equipamento por pelo menos uma semana para levantamento de perfil de utilização da energia elétrica;
    •    :: Estudo de cargas instaladas e previstas como elevadores, quantidades de chuveiros elétricos em cada apartamento, etc.;
  • Projeto das cargas levando-se em consideração o perfil de consumo, e as normas técnicas aplicadas;
    •    :: Há vários critérios técnicos que devem ser levados em consideração, como comprimento dos cabos, tipo de instalação, seção mínima de condutores, encaminhamento dos condutores, etc.;
  • Apresentação de projeto técnico para aprovação junto à distribuidora de energia elétrica para aprovação;
  • Acompanhamento desta aprovação, fornecendo as explicações e realizando as alterações necessárias;
  • Elaboração de projeto executivo, que informa os detalhes, os caminhos, as proteções e o detalhamento completo do projeto para que possa ser executada a reforma sem dúvidas ou alterações.
  • Ficar à disposição para eliminar dúvidas durante a execução;
  • Emissão das devidas Anotações de Responsabilidades Técnicas (ART).
  • Por fim, é recomendável que o projetista faça uma verificação final para atestar que o trabalho executado se encontra de acordo com o que foi projetado.

Em todas estas etapas há um custo. Faça você mesmo sua conta para avaliar se o preço que você está pagando é justo e adequado.

Desconfie de preços mágicos!

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Autor

  • Edson Martinho

    Engenheiro Eletricista, é diretor-executivo da Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade). Escreveu e publicou o livro "Distúrbios da Energia Elétrica" (Editora Érica, 2009).

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