Os fios que ficam soltos nos tetos dos prédios podem ser problema?

“Com o tempo muitos sistemas são instalados no teto dos prédios. Quais cuidados tomar?”

Antes era antena coletiva, instalada no topo do prédio, cujos cabos desciam por condutos específicos e eram distribuídos em cada apartamento. Depois veio a internet, que usava os fios do sistema telefônico, mas logo surgiu a opção de se instalar um sistema receptor no topo do prédio e distribuir o sinal para os moradores. E, então, apareceram mais cabos descendo do alto do prédio para os apartamentos. Até que chegou a TV por satélite, em que cada morador assinava sua operadora preferida e instalava a respectiva antena. Algumas vezes, esta peça era instalada na própria varanda, mas a maioria optava por coloca-la no topo do prédio, portanto, mais cabos acabavam descendo para as unidades. Por fim, veio a TV a cabo, que faz a distribuição dos cabos por apartamento. Este assunto comporta duas situações importantes, que vou tratar neste e no próximo artigo. A primeira é com relação aos fios e produtos dispostos no topo do prédio (tema tratado aqui), o outro é com relação às prumadas de fios para os apartamentos. Este tema ficará para o mês de setembro.

Vamos lá. Com a instalação de tantas coisas ao longo dos anos, é muito provável que o topo do prédio tenha vários equipamentos supérfluos, que podem ser descartados. Além do peso e do risco de caírem em épocas de tempestades com vento, eles podem ainda causar danos nos equipamentos dentro de casa. Vejamos algumas situações que eu já presenciei:

Torre metálica instalada no topo do prédio e que suportava a antena de VHF ou UHF coletiva, distribuída para os apartamentos. Ela deve ter certa altura e tem que ser conservada contra as ações do tempo, se tornando um custo extra para o prédio. Além disto, é possível que os cabos de distribuição ainda estejam ligados nela e chegando aos apartamentos. Em uma descarga atmosférica (raio), a torre pode ser atingida e pode induzir um surto de tensão no cabo que vai para o apartamento. Muitos moradores não usam mais este cabo, que podem estar soltos atrás de cortinas ou debaixo de tapetes. Não é comum, mas se este surto de tensão provocado pelo raio chegar ao apartamento, ele pode se deslocar para uma parte metálica e até causar um princípio de incêndio.

Volto a dizer, esta situação não é comum, mas pode ocorrer. Neste caso, a Proteção Contra Descarga Atmosférica – PDA, deve estar adequada conforme a norma ABNT NBR 5419/2015, incluindo as medidas de proteção contra surto – DPS, inclusive nos cabos de sinal;

– Junto com esta torre, há as antenas das TVs por satélites pelas quais os moradores optaram. Todas elas também podem ser alvo de descargas atmosféricas. Novamente cito que é importante a adequação do PDA à norma atual ABNT NBR 5419/2015;

– Mas além destes sistemas, há sinalizadores e outras tantas parafernálias. Muitos deles têm alimentação por energia elétrica com fios que ficam expostos ao sol e chuva constante. Se não forem devidamente avaliados e cuidados, podem perder a capacidade de isolamento e deixar os fios à mostra, podendo causar um curto circuito, ou pior, possibilitando um choque elétrico a quem for ao teto ou mesmo energizar alguma parte metálica, causando riscos.

É importante fazer uma verificação, usando um profissional legalmente habilitado para que este possa orientar sobre as condições da instalação e, principalmente, o que deve ser realizado para garantir a segurança de todos.

No próximo artigo vamos falar do compartilhamento de condutos por cabos e energia e de sinal.

Até lá.

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Autor

  • Edson Martinho

    Engenheiro Eletricista, é diretor-executivo da Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade). Escreveu e publicou o livro "Distúrbios da Energia Elétrica" (Editora Érica, 2009).

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