Cultura da paz nos condomínios: Perfil da gestão do síndico pode ajudar

“Este profissional pode atuar como agente facilitador, sintonizando a linguagem, alinhando as expectativas de todas as partes e propondo um choque de gestão e o despertar da consciência para os novos tempos, tempos de paz e respeito entre as pessoas e de consciência ambiental.”

Com o crescimento populacional das grandes metrópoles, e estas cada vez mais edificadas, tem sido corriqueiro o desgaste entre vizinhos por problemas relacionados àquilo que é comum a todos: Os serviços oferecidos pelos condomínios de modo geral e suas respectivas áreas.

As incorporadoras investem alto em grandes empreendimentos com conceito de serviços, operação estruturada de facilidades e, muitas vezes, entregam esta operação na mão de condôminos que exercem a função de síndico e outros profissionais externos ao condomínio, muitas vezes sem conhecimento ou interesse em desenvolver o conceito do produto. Pois, em geral, eles entendem como certo o desgaste futuro e o alto custo de manutenção desses sistemas, pois não enxergam vantagens neste conceito.

Uma nova tendência agora são os serviços compartilhados dentro dos condomínios, que é uma extensão do conceito inicial de rol de serviços operacionais. Estes, anteriormente, se limitavam à arrumação básica de unidades, pequenos reparos e manutenções, passeios com pets etc. Hoje vemos empreendimentos compartilhando espaços que até então eram individuais e passaram a ser comuns, como lavanderia coletiva, por exemplo.

Em uma sociedade onde a cultura do individualismo ainda é muito forte, apesar das novas tendências de mudança de hábito e comportamento das pessoas, o papel dos síndicos, gestores e administradores tem sido fundamental na administração de conflitos dentro dos condomínios.

Muitas pessoas ainda preferem ir para a rede social e reclamar de algo, ao invés de procurarem o responsável, apontar o eventual problema e expor uma ideia.  Muitos moradores preferem reclamar com o síndico sobre algum ocorrido, sem saber de fato o que aconteceu. Então vivemos em uma sociedade em que estes os administradores são muitas vezes chamados metaforicamente de bombeiros, pois estão o tempo todo apagando as chamas provocadas por alguém que expôs um comentário ou postou algo nas redes sociais sem qualquer fundamento. Aqui entendam como administradores como toda e qualquer pessoa que vive a rotina de gestão um condomínio. 

Mas, em um cenário imobiliário em discreta recuperação, falar mal do condomínio onde mora de forma pública, pode representar prejuízo para o bolso.

O ser humano é individualista por natureza. Nosso comportamento carrega uma considerável carga genética dos nossos antepassados e o nosso sistema cerebral foi programado para ir em busca da caça (trabalho) e preservar nosso território (nossa casa inviolável).  Apesar da evolução dos seres humanos dotados de inteligência e racionalidade, continuamos com os mesmos instintos do homem primitivo, o que nos mantém individualistas e preocupados apenas com as nossas questões pessoais, inclusive dentro do ambiente de condomínio.   

Para que haja uma cultura de paz no condomínio, importante que os gestores passem por treinamentos específicos sobre comportamento humano para lidar com as questões que são apresentadas no dia-a-dia e propor uma verdadeira mudança de mentalidade. Com a assessoria de profissionais altamente capacitados e com comprovada sabedoria e domínio da ciência do comportamento humano, conseguiremos alinhar a necessidade dos moradores, dos gestores e dos síndicos.

Este profissional pode atuar como agente facilitador, sintonizando a linguagem, alinhando as expectativas de todas as partes e propondo um choque de gestão e o despertar da consciência para os novos tempos, tempos de paz e respeito entre as pessoas e de consciência ambiental. 

A paz não está no ambiente que vivemos, ela está dentro de cada um de nós. É algo de dentro para fora que pode mudar a mentalidade das pessoas da minha casa, do meu trabalho, do meu condomínio, do meu bairro e assim sucessivamente. Esse é o movimento!

Marcio Bagnato

Marcio Bagnato

Advogado com Pós-Graduação na área de Negócios Imobiliários, profissional com 28 anos de experiência em administração de condomínios e atualmente Diretor de Condomínios da administradora Habitacional.  
Mais informações: marcio@habitacional.com.br.
Foto Egydio Zuanazzi


Matéria complementar da edição – 243 – março/2019 da Revista Direcional Condomínios

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Autor

  • Marcio Bagnato

    Diretor Executivo da Empresa Max Síndicos, especializada em assessoria e Sindicatura Profissional, é advogado pós-graduado na área de Negócios Imobiliários pela FAAP (SP). Possui quase 30 anos de experiência em administração de condomínios. É especialista em processos de implantação de novos empreendimentos, onde presta consultoria para incorporadoras de ponta em São Paulo. Atuou como diretor de condomínio de grandes administradoras.

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