O síndico William Ali Chaim, gestor e morador de um condomínio no Jabaquara, zona Sul de São Paulo (SP), divulgou um comunicado aos moradores (imagem abaixo) com orientações sobre o que fazer em casos de violência contra a mulher e as crianças.
Sua ação repercutiu nas redes sociais e, nas primeiras horas, já computava mais de 15 mil compartilhamentos. Segue abaixo um depoimento que William encaminhou à Direcional Condomínios.
“Quando a realidade da vida se impõe você tem dois caminhos: Ficar na sua zona de conforto ou sair do campo das ideias e partir para ação concreta no sentido de mudar o rumo das coisas. Foi exatamente isso que aconteceu comigo ao me deparar com uma imagem chocante capturada pelo nosso sistema de câmeras, quando, na quinta-feira (14/03), um homem agrediu sua companheira no hall dos elevadores.
Sou síndico do Central Park Jabaquara para zelar pelo patrimônio dos moradores e pela conservação do prédio. Mas minha tarefa primordial é garantir que as pessoas vivam em comunidade, observando regras básicas de civilidade e solidariedade, propiciando um ambiente saudável para todos.
Partindo desse pressuposto, tenho responsabilidade sobre todas as coisas que acontecem no dia a dia do condomínio, das quais não posso me omitir sob pena de responder inclusive judicialmente.
Não raro ouvimos a frase “em briga de marido e mulher não se mete a colher”. No meu entender, a frase foi cunhada para justificar e dar cobertura para as agressões que as mulheres sofrem frequentemente por seus companheiros e abrigar a omissão que acomete as pessoas em geral.
Resolvemos dar um basta aqui no nosso condomínio. Digo ‘resolvemos’ porque tenho absoluta certeza que conto com o apoio de todas as mulheres, que passaram a se sentir mais seguras e protegidas porque sabem que não estão sozinhas.
Se você é síndico onde mora, não hesite em tomar medidas que inibam a violência e proteja as mulheres do seu condomínio, sua atitude poderá salvar vidas e evitar traumas. Não é preciso que você ou seus colaboradores se envolvam diretamente no conflito, mas é necessário que o agressor saiba que ele está sendo vigiado e, ao menor sinal de violência, a polícia será acionada.
Você também não precisará de um grande treinamento dos funcionários, basta orientá-los de, ao perceberem qualquer ato de violência nas dependências do condomínio, apenas chamem a polícia.
Não obstante é muito importante que as mulheres tenham um canal direto com o síndico e o corpo diretivo para buscar ajuda e serem acolhidas se sentirem essa necessidade.
Outra medida que estou tomando é solicitar que os boletos do condomínio venham com o alerta que estamos atentos e não hesitaremos em denunciar qualquer abuso ou violência doméstica.
Imaginem o tamanho da contribuição na luta contra a violência doméstica se todos os condomínios desse país adotassem essa iniciativa.
Não salvaremos todas as mulheres, mas podemos salvar aquelas que estão juntas de nós!” (William Ali Chaim)