A manutenção dos pisos do condomínio

Da calçada às áreas internas do prédio, passando pelas áreas de lazer, todo cuidado é pouco na escolha e manutenção dos pisos do condomínio. Afinal, edifícios pressupõem o trânsito interno de muitas pessoas, danificando os pisos com rapidez e exigindo maior cuidado na limpeza e tratamento dos materiais.

Na verdade, tudo deve começar com a calçada. Afinal, calçada mal cuidada causa péssima impressão. Por lei, é obrigação do responsável pelo imóvel (seja ele proprietário ou locatário) a construção e manutenção da calçada. Segundo a lei 10.508/88 do município de São Paulo, a existência de buracos, ondulações, desníveis ou obstáculos que impeçam o trânsito livre e seguro dos pedestres prevê multas aos responsáveis pela calçada. No caso de calçadas consideradas inexistentes (em que o mau estado de conservação exceder 20% de sua área total), será aplicada multa de 5,0 UFM (Unidade Fiscal do Município de São Paulo, com valor unitário de R$ 53,74) para cada cinco metros ou fração de testada do imóvel; no caso de calçadas em que o mau estado de conservação não exceda a 1/5 da área total, a multa é de 1,5 UFM para cada metro linear.

Segundo o arquiteto Gustavo Partezani Rodrigues, um dos responsáveis pela elaboração do Guia para Reconstruir as Calçadas do Centro, lançado pela Prefeitura de São Paulo, no início de 2002, a maioria das calçadas da cidade não condiz com a lei. Uma dica aos síndicos: procure dar uma identidade visual à sua rua e ao bairro, deixando sua calçada em harmonia com a dos vizinhos. “Na dúvida, faça a calçada com concreto desempenado ou ladrilho cinza. Assim, ela fica neutra, causando menos poluição visual e destacando mais a fachada do prédio”, ensina o arquiteto. Os materiais considerados adequados pela lei são: o concreto, o ladrilho hidráulico (como o do mapa de São Paulo) e o mosaico português. A pedra miracema e a ardósia, fartamente utilizadas em calçadas pela facilidade de reposição e baixo custo, são inadequadas, por prejudicarem o trânsito de cadeiras de rodas e carrinhos de bebê, por exemplo.

Também o uso de mobiliários, em calçadas, é regulamentado. Para a colocação de floreiras ou lixeiras, é necessário solicitar autorização junto à Prefeitura. Floreiras, vasos ou lixeiras não podem obstruir o acesso a entradas e saídas de locais públicos ou privados. A calçada deve preservar uma faixa livre de, no mínimo, um metro para o pedestre (ou 1,20 metro para garantir o conforto e o tráfego das pessoas portadoras de deficiência). 

Já o plantio de árvores e o ajardinamento do passeio são permitidos ao munícipe, desde que respeitadas certas normas: as árvores só devem ser plantadas ao lado da via que não tenha fiação aérea e postes, e o ajardinamento pode ser executado em calçadas de largura mínima de 1,5 metro, não excedendo 1/4 da largura total da calçada.

Manutenção e restauração de pedras

Com a calçada em ordem, repare na aparência dos pisos das áreas comuns do seu condomínio. É normal encontrar pisos de pedras naturais – mármore, granito, pedras mineira, goiás ou miracema, só para citar algumas das mais usadas – sem brilho e cheias de porosidades. Na opinião de Daniela Carvalho de Souza, diretora da Polipiso Revitalização de Pisos e Fachadas, há uma grande falta de informação dos funcionários de condomínios em relação aos produtos de limpeza adequados para uso em pedras. “São utilizados, erroneamente, alvejantes, produtos ácidos e à base de álcool. Aplica-se ácido com lavadoras de alta pressão, o que vai corroendo a pedra, um elemento mineral composto de cristais. Esse tipo de limpeza cria cada vez mais poros no piso”, explica a profissional. Para Edson Gatto, da Restauro Serviços Especializados, que faz tratamento de granito, mármore, granilite e pedras naturais, na limpeza cotidiana, o ideal é usar apenas água, no máximo com sabão neutro: “A limpeza com produtos químicos abre porosidade na pedra, o que acumula ainda mais a sujeira”. 

Há, no mercado, produtos adequados para a limpeza de pedras naturais. A Diambra Superabrasivos importa uma linha de produtos da Alemanha. São limpadores intensivos (o R55, por exemplo, não é ácido e é indicado para o uso periódico, de acordo com o tráfego no local, inclusive em pedras polidas) e para limpeza diária (como o P24, um condicionador de pH neutro, que cria um filme invisível no piso, dá brilho e funciona como repelente da sujeira). A empresa ainda dispõe de impermeabilizantes que penetram na pedra, protegendo-a contra água, sujeira e raios ultra-violeta. Eles não criam aquela película sobre o piso que acaba descascando com o tempo. O produto fica invisível e deve ser aplicado por pessoal especializado.

Mas, se o estrago já foi feito pela má manutenção ou pela ação do tempo, a solução mais econômica é restaurar o piso danificado. “Uma pedra é eterna e sempre tem solução”, diz Daniela Carvalho de Souza, da Polipiso. Por isso, procure uma empresa experiente que fará uma avaliação do local e indicará o tratamento adequado. O trabalho é feito com abrasivos diamantados em liga metálica ou resinóide, em conjunto com máquinas politrizes de piso de alta performance, sempre à base de água, evitando o acúmulo de pó. Aspiradores de líquido garantem a limpeza permanente do local de trabalho.

Segundo Edson Gatto, da Restauro, o processo de restauração feito por meio de desbaste da pedra com abrasivos diamantados e pós-polidores elimina ranhuras profundas e corrige desníveis de rejuntamento: “A tecnologia utilizada à base de água não gera poeira, pois ela se mistura com a água e fica localizada”.

Opções práticas e modernas

Além das pedras naturais, há pisos que oferecem praticidade e beleza para as áreas comuns dos condomínios. Uma opção é o piso em concreto estampado colorido da Pisoart. Há 10 anos no mercado brasileiro, a Pisoart utiliza tecnologia norte-americana – é o mesmo piso que está em toda a Disneyworld e, no Brasil, em parques como o Hopi Hari, shoppings centers, flats, estacionamentos e condomínios. A rápida execução – podem ser feitos, em média, 200 m2 de piso por dia -, é um dos grandes atrativos mesmo sendo um processo de realização in loco. Outra grande vantagem é ele não necessitar de contrapiso: basta terra bem compactada com brita e malha de aço para a instalação. Segundo Luiz Gross, diretor da Pisoart, dependendo das condições do antigo piso do local, ele nem precisa ser retirado para a colocação do outro em concreto estampado. Tudo depende de uma análise detalhada feita pela empresa.

Há uma grande variedade de cores e estampas (o grande lançamento, hoje, é a imitação do mosaico português) que, aliadas ao preço acessível e à facilidade de manutenção, (água e sabão neutro), tornam o concreto estampado uma alternativa viável aos prédios. “A resistência é superior à das pedras e o piso recebe uma resina protetora, que evita manchas de óleo, por exemplo”, explica Gross.

Já os playgrounds são espaços especiais que merecem cuidados redobrados na instalação de um piso. Há 4 anos, a Brasibor produz o Piso ‘i’, feito de borracha reciclada e resistente aos efeitos do tempo. Instalado em placas autotravantes, de 20 mm de espessura e que não levantam pontas, o piso é antiderrapante, absorve impactos e garante sossego para os moradores. “A borracha absorve o som, diminuindo em mais de 50% o barulho causado pelas brincadeiras dos pequenos”, garante José Nelson Lopes dos Santos, diretor da Brasibor.

Matéria publicada na Edição 141 de novembro de 2009 da Revista Direcional Condomínios.  


Matéria publicada na edição 141 nov/09 da Revista Direcional Condomínios

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