A primavera chega e, com ela, o vigor necessário para que nossos jardins enfeitem nossos condomínios

O inverno é a época de caprichar na rega, fazer podas técnicas e a cobertura de terra dos canteiros. Em preparação para o  término  do período de repouso de muitas árvores de fruto, onde só então as folhagens começarão  a se recuperar, passamos também a ter o momento adequado para investirmos nas plantas forrageiras como grama amendoim (Arachis repens), singônios (Syngonium podophyllum), marantas (Calathea zebrina), e as de cultivo anual como maria-sem-vergonha (Impatiens walleriana), alisso (Lobularia maritima), lobélia (Lobelia erinus), que darão vida e renovarão  o visual das composições paisagísticas: tudo em preparação para o desfile de primavera que se inicia este mês em nosso hemisfério.

As árvores levam anos para ficarem frondosas, e a cada ciclo anual, ao passarem por podas e proteção das raízes, ganham mais vigor, porte e imponência. Se o inverno foi menos seco, com temperaturas mais baixas, podemos ter uma florada mais abundante. A natureza sempre nos surpreende de uma forma ou de outra, e dessa maneira, para podermos assegurar uma composição mais alegre e rica para o resto do ano, recomendamos que se aproveite o período do começo da primavera para investir na renovação das plantas de floração, das espécies pendentes dos muros verdes e dos chás e temperos para hortas.

Aquarela Lígia Ramos

Seguem aqui algumas dicas para você renovar os canteiros e fazer da primavera um atrativo para seu condomínio. São elas:

  • flores de pleno sol para canteiros – para dar uma renovada no visual, pode-se fazer uma composição de flores que, claro, ‘converse’ com a estética da edificação. Algo muito colorido geralmente não agrada as pessoas, porém maciços de uma só cor trazem movimento e alegria. Vamos lá: para tonalidades azuis/ lilás, sugiro delicadas lavandas (Lavandula dentata), que além de enfeitar, perfumam. Para tonalidades amarelas, podemos usar bulbines (Bulbine frutescens). Agora, se a preferência for para uma composição bem clean, indico as branquinhas e delicadas zefirantes (Zephyranthes candida). Já em canteiros mais vibrantes e chamativos podemos optar pelas sálvias-vermelhas (Salvia splendens). Seja qual for a escolha, precisamos lembrar que o solo deve ser preparado com terra fértil, e deve haver triangulação no plantio das mudas, garantindo espaço para que cada indivíduo cresça sem sufocar a muda vizinha.
  • jardins verticais – geralmente é melhor instalar um muro verde em lugar com luminosidade, mas sem incidência direta de sol. Existem vasos em formato meia-lua, adequados para plantio, e o ideal é ter um sistema de irrigação automático por gotejamento. São indicadas folhagens como jiboias (Epipremnum pinnatum), columeias (Aeschynanthus sp), peperômia (Peperômia filodendro) e samambaias (Nephrolepis exaltata). Se a ideia for colocar uma florzinha, a véu-de-noiva (Gibasis pellucida) costuma ir bem também. Temos de lembrar de impermeabilizar muros e paredes antes da fixação dos vasos. Ao preparar o plantio, devemos assegurar que o substrato seja rico, que ofereça suporte para ancoragem das plantas pendentes e haja drenagem o suficiente para que não ocorra o apodrecimento das raízes.
  • hortas urbanas – sobre a parte comestível dos nossos jardins, em primeiríssimo lugar, temos que checar se nosso condomínio não possui restrições para esse tipo de cultivo devido à eventual contaminação de solo. Leia o manual das áreas comuns, a convenção e seu regulamento interno antes de propor qualquer intervenção. Além de úteis e bonitas, hortas devem promover engajamento e trabalho comunitário e, por isso mesmo, se não houver uma área previamente destinada a esse fim no empreendimento, deve-se inicialmente, em assembleia, aprovar a destinação, mesmo que em termos de uso precário, de uma área do jardim. Avaliados esses aspectos, sugere-se o plantio de espécimes que possibilitem que muitas pessoas possam desfrutar. Conseguir prover pés de alface para todas as famílias do prédio provavelmente será impossível, fora que o efeito paisagístico das hortaliças geralmente não é adequado. Então, vamos investir em chás e temperos. Podemos usar hortelã (Mentha spicata) e poejo (Mentha pulegium), cavalinha (Equisetum hiemale L.), melissa (Melissa officinalis), endro (Anethum graveolens) e capim-limão (Cymbopogon citratus) para as infusões, e sálvia (Salvia officinalis), manjericão de várias espécies (Ocimum basilicum L.), tomilho (Thymus vulgaris), manjerona (Origamum majorana) e alecrim (Salvia rosmarinus) para as ervas aromáticas. É importante separar e identificar cada uma das plantinhas para que as pessoas possam se orientar antes de colherem.

Com aromas, cores e sabores, certamente os jardins do condomínio serão mais atraentes e quiçá mais respeitados.


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