Parâmetros arquitetônicos de mobilidade e sinalização devem estar plenamente articulados para garantir a acessibilidade, segundo aponta análise desenvolvida pela arquiteta Cristina Corione, graduada pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e especializada em Comunicação Visual.
A partir do momento em que o homem passou a viver em sociedade, surgiu a necessidade de se estabelecer um sistema de sinalização, tornando possível a locomoção e o perfeito entendimento do ambiente a sua volta. Segundo a Associação dos Designers Gráficos do Brasil (ADG), a sinalização procura otimizar e viabilizar a utilização e o funcionamento de espaços, sejam abertos ou fechados. Esses projetos se fazem mais indispensáveis quanto maior a complexidade dos espaços, como condomínios, hospitais, shoppings centers, universidades, aeroportos, e em eventos de grande escala como olimpíadas, copas do mundo e feiras mundiais.
A sinalização deve ser feita de maneira direta, indicando somente uma mensagem, sem dar vazão a mais de uma interpretação. O grande desafio do programador visual é criar um projeto acessível a todo tipo de usuário, levando em conta pessoas com qualquer tipo de deficiência – seja visual, cognitiva, físico-motora – para que tenham o mesmo direito a igualdade. Por isso, a sinalização por meios visuais se torna precária se não for trabalhada com a ajuda de meios táteis e sonoros.
Para desenvolver um projeto de sinalização acessível contamos com elementos de mercado que atendem a estas necessidades específicas: em sinalização tátil horizontal é executada com pisos podotáteis, cerâmicos ou emborrachados, que indicam, pelo tato da planta do pé, mudanças de relevos e obstrução, através de desenhos que seguem um padrão e orientam a condução autônoma das pessoas. Em sinalização tátil vertical é executada por placas que incluem a linguagem de textos em relevo e em Braille, além de outras peças como anéis para corrimão, mapas táteis etc.
Os deficientes físicos somente conseguem circular através de meios criados para atender às necessidades deste grupo como rebaixos de meio- -fio nas calçadas, elevadores, portas mais largas, banheiros adequados e rampas. Por isso é importante ressaltar que um sistema de sinalização acessível só poderá existir se o ambiente arquitetônico construído também for acessível a este grupo de pessoas. A sinalização acessível só irá existir com a garantia de mobilidade – são duas faces interdependentes da mesma moeda.
São necessários, segundo Marta Dischinger e Vera Bins Ely (autoras do livro “Promovendo a acessibilidade nos edifícios públicos”, do Ministério Público de Santa Catarina), os seguintes componentes para a obtenção de boas condições de mobilidade: orientabilidade, deslocamento, comunicação e uso.
• Orientabilidade é saber onde a pessoa está e para onde vai, a partir das informações disponíveis dentro do espaço e dos suportes informativos, de forma independente.
• Deslocamento é propiciar condições ideais de movimento ao longo da trajetória – horizontal ou vertical (salas, escadas, corredores, rampas, elevadores), sem a existência de barreiras físicas, considerando a segurança e conforto a todos os usuários.
• Comunicação é oferecer boas condições de troca de informações permitindo o deslocamento nos ambientes.
• O uso é dado pela possibilidade de interação do indivíduo nas atividades desejadas, sem que seja necessário um entendimento prévio, e de forma independente e segura. A acessibilidade é lei e diz respeito a oferecer condições de acesso às edificações, ao transporte e aos equipamentos urbanos para pessoas portadoras de necessidades especiais ou com dificuldades de mobilidade. Isso foi estabelecido pelo Decreto 5.296/2004, baseado na norma NBR 9050, da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Quem as descumprir, está sujeito a não-concessão de alvará de funcionamento. O prazo para conformidade com a lei foi de 48 meses após sua publicação, em dezembro de 2004.
Matéria publicada na Edição 161 – set/11 da Revista Direcional Condomínios.