Soluções impermeabilizantes, como manta asfáltica e injeção química, estão a serviço dos condomínios; infiltrações podem acarretar severos danos estruturais e à saúde dos moradores
Soluções em impermeabilização protegem sistemas construtivos da ação da água, aumentam a vida útil das edificações e garantem salubridade aos ambientes, certo? Pois tudo isso durante muito tempo foi apenas um sonho distante para algumas famílias do condomínio Flor de Liz, conforme o síndico profissional Marcelo Del Persio, que reside no edifício de 52 unidades e o administra. Situado em Barueri, na Grande São Paulo, o prédio entregue em 2007 trazia um telhado na cobertura. “O telhado já não havia ficado bom e para completar, o topo do edifício foi alugado para uma repetidora de sinais, mas a frequência caia muito. A toda hora havia algum técnico caminhando pelo telhado, que ficou danificado, favorecendo o acúmulo de água de chuva na laje, que não era impermeabilizada. Em dois anos, surgiram infiltrações nos quatro apartamentos do último andar”, conta o síndico.
Marcelo recorda que naquela época havia um jogo de empurra-empurra de responsabilização entre condomínio e construtora sem chegar a um resultado. “Os proprietários dessas unidades reclamavam e os síndicos anteriores apenas pediam ao zelador para aplicar uma tinta impermeabilizante. A altura entre a laje e o telhado era mínima, o zelador engatinhava naquele espaço para secar as poças, e ainda tinha de aplicar a tinta, sabendo-se que seria apenas um paliativo”, indigna-se o síndico.
A situação dos imóveis úmidos se complicou a níveis alarmantes. “O mau cheiro de bolor das unidades já se notava ao chegar no corredor, e uma condômina teve perda auditiva em um dos ouvidos devido a microrganismos presentes no mofo. Ela só começou a recuperar a audição após tratamento médico e depois que a questão da insalubridade foi resolvida”, detalha o gestor.
Havia, ainda, outros tipos de degradação no condomínio, e a somatória de problemas fez com que o empreendimento, mesmo jovem, ficasse depreciado na região. “Os corretores faziam piada. Eu me candidatei a síndico para tentar salvar o meu patrimônio. Fui eleito e, já nos primeiros dias, os vizinhos do último andar me procuraram. Àquela altura, eles não estavam enraivecidos, mas tristes e descrentes. Propuseram não entrar com ação contra o condomínio, mas desde que eu olhasse o problema de frente, o que foi a minha primeira providência como síndico”.
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Marcelo Persio sobre a laje impermeabilização com manta asfáltica, solução que pôs fim a um grave problema em condomínio de Barueri
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Marcelo levou aos condôminos a necessidade de aprovarem uma obra de impermeabilização. “Alguns me mandaram passar tinta, mas eu disse que não faria isso”. O síndico, então, expôs que as unidades do último andar já poderiam ter entrado com ação contra o condomínio, e que nesse caso todo mundo seria obrigado a custear a reforma dos apartamentos, mas que, no entanto, eles só estavam pleiteando o direito a um ambiente sadio. Abordou também a questão da desvalorização patrimonial, pois mesmo com infiltrações estando longe do alcance das vistas, no alto da torre, a notícia já havia se espalhado. Com essas argumentações, aprovou a obra.
O síndico comenta que entre instalar um novo telhado ou remover o antigo e impermeabilizar a laje com manta asfáltica, prevaleceu a segunda opção. “Naquele tempo não havia tanta diferença no valor do investimento, sendo que a manta custava um pouco mais, mas compensava pela garantia de cinco anos e perspectiva de durar 20, 25 anos, por isso optamos por essa solução. Hoje em dia, a diferença de valor seria mais considerável, mas ainda assim valeria a pena investir na manta. Um produto de boa qualidade e bem instalado, que tem durabilidade e exige pouca manutenção, traz tranquilidade ao condomínio”, constata Marcelo.
Na etapa do destelhamento do Flor de Liz, o síndico notou a ausência de rufos na cobertura. “Foi aí que descobrimos o porquê de haver umidade na fachada e paredes internas em alguns andares”, comenta o síndico, que tratou da instalação dos rufos em momento posterior à colocação da manta asfáltica. Para a impermeabilização, a laje foi preparada com um contrapiso robusto e o sistema de escoamento de água foi redimensionado. “Depois da obra, nunca mais tivemos infiltrações”, atesta. O condomínio também recorreu à manta asfáltica para impermeabilização de duas paredes da piscina um ano atrás. “Acabou a preocupação com vazamento da piscina para a garagem”, comemora Marcelo.
Quem também ficou bastante satisfeito com um trabalho de recuperação estrutural, executado há pouco mais de dez anos, foi Gilson Félix, síndico orgânico do Edifício Alvorada, residencial na Vila Mariana, zona sul paulistana. Na ocasião, o condomínio optou por resolver infiltrações na laje da garagem com o método de bloqueio através de injeção química. “Havia cerca de 76 pontos de infiltração, e esse método se mostrou prático e eficaz. O trabalho levou apenas dois dias e não precisamos isolar todo o estacionamento, exceto as vagas que os técnicos precisavam utilizar e, ainda assim, por algumas horas apenas”, recorda. No ano passado, mais uma vez o Alvorada contratou o mesmo serviço para tratar alguns pontos novos. “Agora a garagem está cem por cento zerada de infiltração, parece estacionamento de shopping”, compara Gilson. Ele acrescenta que teve outra boa experiência com a empregabilidade do método, desta vez por conta de infiltrações na garagem de outro condomínio que administra, no Ipiranga. “O problema é decorrente de uma mina d’água, e os bloqueios foram feitos no muro de contenção, de forma pontual.”
“Em meio a tantos produtos milagrosos, a impermeabilização com manta asfáltica ainda se destaca pela robustez e durabilidade do sistema.”
Murilo Froes, diretor técnico, Imperfatto
“A manutenção é essencial para garantir a durabilidade da impermeabilização. A estanqueidade da laje depende do bom funcionamento de elementos que podem influenciar a condução de água, como aberturas, trincas, vegetação indejeada, entre outras interferências”
Claudio Baquette, engenheiro, Estantec Impermeabilizações
“Infiltrações devem ser tratadas como prioridade em um condomínio, postergar esta patologia pode causar danos irreversíveis à estrutura. Novas tecnologias estão no mercado para trazer soluções práticas com inovação e economia.”
João Almeida, diretor, Vedafacil
“Casos de infiltração ou vazamento, antes considerados um problema praticamente insolúvel, contando apenas com soluções provisórias, hoje podem ser resolvidos com os sistemas de injeção, uma solução que garante maior tempo de vida útil para estrutura.”
Samir Nogueira, diretor, Injectsystem
Matéria publicada na edição-308-fev/25 da Revista Direcional Condomínios
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Jornalista apaixonada desde sempre por revistas, por gente, pelas boas histórias, e, nos últimos anos, seduzida pelo instigante universo condominial.