Áreas comuns ressignificadas: Novas demandas impõem atualização dos condomínios

Área comun do condomínio

A redescoberta do viver em condomínio e a adoção de novos hábitos de trabalho e consumo, potencializados pela pandemia, faz com que áreas comuns sejam ressignificadas, melhorando a experiência de moradia e trazendo valorização patrimonial.

O universo condominial não é o mesmo desde a crise sanitária em vários sentidos. Mas no campo das benfeitorias pode-se dizer que evoluiu bastante, buscando entregar mais comodidade. Hoje, pessoas trabalham de qualquer lugar do mundo, inclusive nos condomínios, priorizam o conforto de receber encomendas e refeições onde residem, ou de comprar um sorvete a um elevador de distância. Residenciais já são concebidos com coworking e minimercado, enquanto que aqueles não tão novos se adaptam para acomodar demandas atuais.

Identificar espaços obsoletos ajuda a propor soluções para reocupação das áreas comuns, cumprindo-se, claro, todas as formalidades quando configurar alteração de destinação. Foi o que fizeram a síndica Betina Soldatelli e a arquiteta Priscila Jarrouge no Terraços Alto da Lapa, condomínio de três torres na Vila Leopoldina, zona oeste. Ambas mergulharam em um processo de modernização que consumiu dez meses de obras, custou 1,5 milhão de reais, mas que resultou em 14 ambientes recuperados, sendo alguns deles ressignificados.

A síndica Betina Soldatelli: orgulho da sala de estudos e do coworking (foto abaixo) projetados por Priscila Jarrouge para o Terraços Alto da Lapa

Coworking no condomínio

A síndica reconhece que o retrofit foi possível porque os condôminos queriam melhorias e os conselheiros deram apoio do projeto a execução da reforma. “Os condôminos percebiam que o condomínio estava defasado em comparação com as áreas comuns dos condomínios vizinhos. Após o retrofit, já constatamos que houve valorização imobiliária”, comenta Betina. Ela acrescenta que os condôminos se animaram e começaram a reformar suas unidades. “Com o crescente das obras nos apartamentos, um dos novos espaços, o cowkorking, tornou-se refúgio dos moradores que trabalham de maneira remota”.

A arquiteta Priscila Jarrouge conta que o coworking foi implantado dentro de uma sala que era utilizada como depósito. “O novo espaço está dividido em três ambientes integrados: área de bancadas para conectar notebooks; área com sofá e mesas de apoio para uma reunião mais informal; e ainda uma sala de reuniões com capacidade para seis pessoas”, descreve a arquiteta.

Para as crianças e adolescentes, muitas com pais em home office, terem mais tranquilidade na hora de fazerem trabalhos escolares em grupo, ou cursos online, foi criada uma sala de estudos dentro do amplo salão de jogos juvenil, separada por vidro. “O local é versátil porque a mesa de estudos serve para se reunirem à noite e dividirem uma pizza. Jovens precisam ter espaço próprio, só não podem ter tanta privacidade, senão vão namorar lá dentro, por isso optamos pela divisória de vidro”, diz a síndica Betina.

Síndica Mariana Brandão

A síndica Mariana Brandão e o novo hall social do Green Flat, que oculta na marcenaria um armário com acionamento fecho toque

Desde a pandemia a disparada nas compras por e-commerce promove mudanças nos edifícios para abrigar um maior volume de caixas e pacotes. Alguns condomínios adotam lockers, outros transformam pequenas áreas vagas em centro de armazenagem. No Edifício Green Flat, no Jardim Europa, zona oeste, que passa por um retrofit capitaneado pela arquiteta Joana Almeida, a solução adotada foi discretíssima, no próprio hall social. “Ao revitalizarmos o hall, criamos um armário oculto no painel de madeira”, entrega.

A modernização é parte de projeto ligado à segurança do edifício, que envolveu a construção de uma guarita blindada no jardim para acomodar a portaria, que antes funcionava no hall, como conta a síndica profissional Mariana Brandão, que administra o Green Flat há nove anos. Na guarita foi previsto lugar para acondicionar encomendas, as quais após a identificação seguem para o referido armário, próximo ao elevador, facilitando a retirada pelos moradores. “Havia outro armário no local, era aberto, feio, onde os porteiros apoiavam equipamentos de segurança. Agora está mais bonito e com nova função”, fala a síndica. Para Mariana, o investimento em segurança e o protagonismo do hall como entrada principal do condomínio para moradores e convidados tanto valorizam o condomínio quanto aumentam a liquidez do imóvel.

Estação de trabalho no mezanino

Perspectiva arquitetônica de coworking

Perspectiva arquitetônica de coworking para modernização de condomínio com 17 anos

Construído em 2007, o condomínio Edifício Village Brooklin Lofts, na Chácara Santo Antônio, zona sul, encontra-se em processo de modernização a cargo dos arquitetos Rodrigo Marchi Angulo e Raissa Queiroz. Dentre as mudanças que incluem ampliação de espaços compartilhados, entre outras, destaca-se a reocupação de uma sala de estar de 27,50m², no mezanino, que dará lugar a um moderno coworking. “O novo ambiente terá quatro estações de trabalho e um apoio para impressora, além de uma cabine para videoconferência com atenuadores de ruído, a fim de que o usuário possa ter privacidade durante a chamada”, detalha Rodrigo. O lugar irá abrigar um armário para documentos do condomínio e terá máquinas de bebidas e snacks, uma vez que o empreendimento optou por não ter mercado autônomo em suas dependências.

O arquiteto comenta que após a pandemia observou uma mudança de hábitos de quem mora em apartamento. “Em diversas propostas temos recebido solicitações de projetos para academia, mercadinho e, também, coworking, porque muitas vezes os moradores têm trabalhos híbridos e falta espaço adequado dentro das unidades”. Ele observa, porém, alguns cuidados a serem tomados na adequação para o ambiente de trabalho, tais como ergonomia, iluminação e ventilação apropriadas, nível de ruídos controlado e ausência de odores desagradáveis.

Matéria publicada na edição 303  ago/24 da Revista Direcional Condomínios

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