Pesquisa da AABIC mostra que esses profissionais estão cada vez mais presentes no mercado, mas contratação requer seleção rigorosa.
A expansão do mercado de síndicos traz à ocupação dessa função alguns efeitos ligados ao aumento da contratação de profissionais externos para a gestão dos condomínios e uma estreita correlação com a alta rotatividade. Essas tendências, que despontaram há alguns anos, agora se confirmaram em números na recente pesquisa da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC).
A sondagem realizada em 2019 mostrou que os síndicos contratados já representam 13,7% do total de síndicos nos empreendimentos residenciais, ante o percentual de 10,45% de 2018. Outra descoberta importante é a alta rotatividade desses profissionais. Ao serem perguntadas sobre “a rotatividade de síndicos externos no mesmo empreendimento nos últimos dois anos”, as associadas da AABIC responderam que o índice de 47% na pesquisa de 2018 subiu para 65% em 2019.
Nos últimos anos, observamos o aumento da contratação de síndicos externos para a gestão de condomínios por força da combinação de dois fatores: a chegada de profissionais com experiência em outras carreiras, muitas vezes, como forma de driblar o desemprego, e a diminuição do interesse dos moradores em exercer essa atividade. Nesse cenário, a alta rotatividade acaba por envolver a adequação e adaptação desses profissionais ao exercício da função.
Para o condomínio, paralelamente, surgem como importantes desafios a decisão de como adotar critérios para realizar uma boa escolha do síndico que lidará com uma atividade cada vez mais complexa. Os condôminos devem colocar na balança os custos entre eleger dentre os moradores a pessoa mais adequada para administrar as demandas do edifício e a necessidade de contratação de síndico profissional. Em muitos casos, existe a crença de que um condomínio de grande estrutura, com alto fluxo de empregados e moradores, demanda a atuação de síndico contratado. A realidade do mercado mostra que essa hipótese, no entanto, não é necessariamente uma regra.
Para evitar a rotatividade e fazer uma boa escolha, é preciso avaliar, por exemplo, as necessidades do condomínio. O síndico residente, em tese, tem interesse direto no bom funcionamento do empreendimento, pois está cuidando do seu patrimônio. Por outro lado, o profissional contratado pode dedicar mais horas ou exclusividade para absorver demandas dos moradores, sem receio de comprometer sua relação com a vizinhança.
Os condomínios ainda precisam atentar para as promessas de síndicos que se lançam no mercado oferecendo serviços como consultoria jurídica, gestão de contratos e prestação de contas, atribuições que competem exclusivamente a uma administradora. Pela natureza do negócio, estrutura e vivência de mercado, a empresa de administração deve ter espaço para desempenhar sua função nessa parceria, auxiliando e apoiando o síndico em suas decisões, ao mesmo tempo que este executa as tarefas de gestão do empreendimento. Além disso, vale ressaltar a importância do subsíndico e dos Conselhos Consultivo ou Fiscal para amparar o síndico na tomada de decisões e solução dos problemas.
Nesse contexto, as demandas que surgem são situações oportunas e significativas para o mercado de administração de condomínios se aperfeiçoar e ampliar ainda mais seus negócios. Ainda falta experiência e especialização para que alguns síndicos, sejam eles moradores ou contratados, consigam atender bem os condôminos e terminar o mandato antes de serem dispensados. O mercado possui boas opções, cabe aos condomínios se precaverem para fugir dos síndicos aventureiros.
Matéria publicada na edição – 251 – novembro-dezembro/2019 da Revista Direcional Condomínios
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