AVCB e Brigada de Incêndio, combo de segurança para o condomínio

AVCB em dia e Brigada de Incêndio bem treinada são medidas que visam salvar vidas e patrimônio.

Síndica Eliane Martins

Eliane Martins: desafios em prol do AVCB

Há pouco mais de um ano a síndica Eliane Martins ‘respira normalmente’, como ela mesma afirma. Isto porque em junho de 2022 o Edifício Tropical conquistou o seu AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros), válido até 2027. O prédio erguido em 1963 na Barra Funda, zona oeste, conta com equipamentos e procedimentos mais seguros, brigadistas e uma nova consciência coletiva na prevenção de sinistro. Cenário oposto ao de 2014, quando assumiu a gestão. “Eu me tornei síndica para tentar melhorar um local tão mal conservado e com risco iminente de incêndio”, diz.

Ela entrega que foram muitos os percalços até obter a certificação, como sanção fiscal. “Eu tinha plena noção de que o prédio não possuía AVCB, inclusive era uma das situações a serem regularizadas, mas isso dependia de resolvermos primeiro outras pendências que traziam risco, como a parte elétrica e o gás, que era de botijão”, conta Eliane. “No meio do caminho, quando já tínhamos um novo centro de medição pronto, um condômino, ex-conselheiro, mesmo ciente de todo o nosso empenho, denunciou o condomínio por falta de AVCB e fomos notificados”, expõe.

Eliane relata que a partir do ocorrido, o condomínio aprovou em assembleia a contratação de uma empresa especializada em AVCB. Mesmo essa tendo iniciado os trâmites legais, passados três meses o condomínio foi multado por ainda não ter se regularizado. “Recorremos e perdemos. Contudo, entrou um dinheiro extra no caixa na ocasião e pagamos a multa”.

Desafios Superados

A síndica fala que no começo da gestão lidou com entraves financeiros. A maneira encontrada de aprovar a reforma elétrica, tão urgente, foi parcelar o serviço em 20 vezes. Na instalação do gás encanado, o condomínio obteve um desconto da Gomgás, benefício concedido na época da pandemia, e parcelou a obra em 36 meses ( R$ 17,18 por unidade). Já as despesas com a especialista em AVCB foram parceladas em 20 vezes.

As adaptações no Edifício Tropical exigiram uma providência inesperada. “A arquitetura da escadaria de emergência impede que tenhamos portas corta-fogo, então tivemos de fazer um trabalho de proteção passiva contra incêndio, aprovado no projeto do AVCB, em 94 portas do prédio, que saiu por R$ 90 mil no total. O efeito final é como uma porta branca áspera, mas o morador não pode lixar nem pintar por cima”.

Para tratar as portas por dentro e por fora, foi necessário que ao menos um representante da unidade pudesse receber o técnico na data marcada. “Fui incisiva para que os condôminos respeitassem o agendamento e não atrasassem o cronograma”. Mais para frente, ao formar o time de brigadistas, Eliane também foi firme para que os voluntários não ‘esquecessem’ data e hora do treinamento. “A brigada é importante porque capacita pessoas para prestarem os primeiros socorros até a chegada dos bombeiros”.

Brigada Necessária

Marcos Moreno

Marcos Moreno: trabalho de conscientização

Diretor de Assuntos de Prevenção e Segurança na ABRASCOND (Associação Brasileira de Assistência e Tecnologia para o Setor Condominial), Marcos Moreno pontua que o grupo de brigadistas (moradores e funcionários) tem por finalidade preservar vidas e patrimônio. Acrescenta que o Atestado de Brigada de Incêndio integra o conjunto de medidas que regulamenta a segurança contra incêndios das edificações e áreas de riscos, descritas no Decreto Estadual nº 63.911/2018.

Para ser um brigadista, o condômino precisa, entre outros, ter mais de 18 anos e possuir boa condição física e boa saúde. “O síndico não pode convocar o morador, mas sim conscientizá-lo, fazendo um trabalho de formiguinha para angariar quórum para o treinamento”, fala.

Moreno indica um argumento que pode ser surtir efeito: “O que eu entendo ser mais convincente é informar aos moradores que se ocorrer um sinistro no empreendimento e a Brigada não atender as exigências legais, o seguro pode se recusar a indenizar o condomínio, além, claro, do fato da perda de vidas por não haver pessoas treinadas e capacitadas para atuar nesse momento”.


Matéria publicada na edição 292 agosto/2023 da Revista Direcional Condomínios

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