Balanço das anomalias frequentes nas instalações elétricas das edificações

O engenheiro da área de segurança, Ayrton Barros, se depara com inúmeras inadequações nas instalações elétricas dos condomínios, geradas principalmente pelo serviço de mão de obra não qualificada. A seguir, o especialista apresenta um balanço dos problemas mais frequentes, especialmente em prédios ocupados há pelo menos 20 anos.

– Na alimentação do apartamento

Segundo Ayrton, devido às quedas do disjuntor no centro de medição, após a instalação de um chuveiro mais forte, por exemplo, muitos proprietários pedem ao zelador, ou contratam serviços de eletricistas práticos, sem formação adequada, para substituir esse componente por outro de maior capacidade, sob a alegação de que assim o disjuntor não cairá mais. Além de enganosa, a operação oferece riscos, pois a “alteração do disjuntor original acaba aumentando seu valor sem respeitar o projeto elétrico aprovado pela concessionária de energia, comprometendo não só o apartamento irregular, como toda a edificação”.

“Alguns eletricistas também propõem substituir a fiação entre o disjuntor substituído e o quadro de energia dentro do apartamento. Já encontrei casos nos quais o eletricista não conseguiu passar a fiação com bitola maior, devido ao pequeno diâmetro dos eletrodutos e somente trocou as extremidades visíveis, mantendo dentro do eletroduto a fiação antiga”, alerta Ayrton Barros. Aqui, o “risco é severo, devido à bitola de fiação inadequada à capacidade de condução definida pelo disjuntor”.

– Nos Disjuntores

Há casos em que “eletricistas sem formação adequada muitas vezes substituem um disjuntor bipolar por outros dois unipolares, dizendo que dá no mesmo”. “Disjuntores devem cortar simultaneamente todas as fases de um mesmo circuito, conforme consta nas normas reguladoras.”       

– Nas caixas, quadros e centro de medição

O sistema elétrico das edificações está seccionado em caixas e/ou quadros que respondem pela organização e distribuição da energia conforme a necessidade. Basicamente, afirma Ayrton Barros, eles se dividem em dois tipos, como o quadro que alimenta as áreas comuns e as caixas porta-base dos disjuntores relativos à cada unidade condominial. São compostos por chaves seccionadoras, ou disjuntores, e fios com diferentes bitolas (diâmetros) para cada finalidade. Em edifícios mais antigos, é possível encontrar os fundos dos quadros de energia em madeira, com chaves inadequadas, tipo faca, por exemplo. Encontram-se ainda conectores frouxos, fios descascados ou fora de norma técnica, a qual se atualiza periodicamente.

Neste sistema todo, destacam-se ainda a caixa seccionadora de entrada, que recebe a energia da rua e secciona os cabos alimentadores principais; e a caixa de proteção e manobra, a qual permite desligar parcialmente o quadro das áreas comuns ou a seção dos relógios das unidades caso haja necessidade de manutenção pontual – sua instalação confere mais segurança e comodidade ao edifício.

Nos quadros elétricos de bombas de recalque e de sucção de águas pluviais

Quanto às bombas, semanalmente elas devem ter funcionamento alternado e, para isso, existem quadros de comando automatizados que fazem essa alternância por acionamento. Além disso:

– “Boias também devem ser motivo de atenção para evitar problemas futuros. Seu sistema é normalmente composto por duas chaves boias, uma superior e outra inferior. No sistema de bombas de recalque, a chave boia superior é acionada quando a caixa d’água superior apresenta volume em nível baixo e desligada quando o reservatório enche.  Já a chave boia inferior possui funcionamento inverso, permitindo que a bomba seja ligada quando o reservatório de baixo estiver com água e não permitindo que a bomba de recalque ligue quando este se encontrar vazio”;

– Para o sistema de bombas de águas pluviais o sistema é inverso, ligando quando o poço contiver água acima do nível desejado e desligando quando não houver mais água no poço.

– Nos quadros elétricos de bombas de incêndio

“Por se tratar de sistema de extrema importância em caso de incêndio, recomenda-se que semanalmente o zelador certifique que o quadro esteja energizado e verifique seu funcionamento”, recomenda o engenheiro.

– Nos quadros elétricos de elevadores

Ayrton Barros destaca que os elevadores são regulamentados pela NM 207/99, a qual “especifica que a seccionadora da alimentação dos motores possua posição porta cadeado para posição aberta [ ou seja, ‘trava que não permite religar a chave quando desligada para manutenção’] e que a iluminação das cabinas possua DR específico, não podendo ser alimentados pelo mesmo circuito”.

Edição: Rosali Figueiredo

Matéria publicada na edição – 220 de fev/2017 da Revista Direcional Condomínios

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