Bicicletário em condomínios: hora de pensar no assunto

Projeções da ABRACICLO (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares) apontam que o Brasil produzirá 5,7 milhões de bicicletas neste ano, 400 mil a mais que em 2009. E os números tenderão a crescer em 2011 e 2012, com estimativas, respectivamente, entre 6 e 6,3 milhões de unidades. O País é o terceiro maior produtor mundial, com 5,7% do mercado (a China, primeira colocada, responde por 80,7% de todas as bicicletas fabricadas no mundo). Um empresário do setor, Vicent Moreira, tem sentido em sua loja, localizada no Itaim Bibi, zona Sul de São Paulo, um movimento crescente de vendas. Ele comercializa pelo menos duas unidades por semana destinadas ao transporte para o trabalho. Mas Vicent comercializa também outro item que começa a se tornar obrigatório às empresas e condomínios: suportes para bicicletários.

Em 2005, Vicent criou um e-commerce para vender o produto. “O mercado iniciou lentamente, nem havia fornecedor, em geral os condomínios os encomendavam junto a um serralheiro. Busquei uma empresa para desenvolver o nosso produto.

Depois dos três primeiros anos, que foram tímidos, o negócio se tornou mais forte”, comenta. Vicent lembra que seus clientes compravam as bikes, mas se ressentiam de locais adequados para guardá-las. O próprio município de São Paulo instituiu um dispositivo, na chamada Lei das Ciclovias (Lei 14.266/2007), obrigando os centros comerciais e demais locais com grande fluxo de pessoas a oferecer estacionamento de bicicletas. “As empresas e condomínios terão que começar a se preocupar com isso”, ressalta. Atualmente, segundo ele, as pessoas estão utilizando cada vez mais o veículo como meio de transporte. A Abraciclo estima, por exemplo, que 50% das bikes comercializadas têm essa finalidade.

A arquiteta Helena Loureiro, que costuma desenvolver projetos em condomínios, ressalva, entretanto, que ainda não atendeu a nenhuma demanda para planejar espaços e/ou suportes para bicicletários. “A maioria dos edifícios não tem esse espaço e mesmo entre os empreendedores é rara a preocupação em planejar isso”, observa Helena. “E os que têm não gerenciam legal. Muitas vezes ficam nos cantos que sobram nas garagens”, diz. Para o usuário e empresário Marcelo Saraiva, que mora na região do Ibirapuera e possui um escritório nas imediações da Avenida Luís Carlos Berrini, também zona Sul da cidade, a bicicleta se tornou o meio prioritário de transporte, não só para o trabalho, como festas e reuniões. No entanto, mesmo que seu edifício possua um bicicletário, Marcelo comenta que acaba guardando a bike dentro de casa.

Marcelo afirma que os condôminos não fazem um uso adequado da estrutura. “Moro em loft, mas o bicicletário de meu prédio é utilizado como descarte, 90% das bicicletas estão canibalizadas e enferrujadas. O local serve como área de quem ‘deixa o lixo para fora de casa’, a maioria está fora de uso, de combate”, diz. Empresário do setor de logística, Marcelo possui uma bike com estrutura em carbono avaliada em R$ 10 mil e equipada com luz dianteira, traseira, de advertência, sinalizador sonoro e pisca-pisca. Prefere, assim, guardá-la no apartamento, pois o bicicletário do prédio não oferece segurança patrimonial.

Para o comerciante Vicent Moreira, entre os principais benefícios do bicicletário, está a possibilidade de organizar a disposição das bicicletas, principalmente nas garagens, além da facilidade de acesso do usuário. Vendidas em módulos, em versões para parede, solo e teto, as peças podem ser facilmente adaptadas aos espaços disponíveis nos condomínios.


Matéria publicada na edição 151 out/10 da Revista Direcional Condomínios

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