É no verão que colocamos à prova o preparo feito em canteiros sobre lajes, jardineiras e vasos, os quais ficam expostos ao tempo.
Ilustração: Lígia Ramos
Neste período, predominantemente chuvoso, o solo pode ficar extremamente encharcado, e, na falta de escoamento adequado para que essa água não fique represada, passamos a ter vários problemas com nossas plantinhas. A água que não evapora e não é absorvida pelas raízes terá efeito tão nocivo para as plantas quanto uma seca muito forte. A planta que não morre de sede passa a morrer afogada: suas raízes apodrecem nessa água parada, reações químicas que trazem benefícios ao solo mudam seu ponto de equilíbrio trazendo alterações de pH, e insetos e minhocas são desalojados de seus habitats naturais deixando assim de cumprir suas funções biológicas tão importantes para o ecossistema.
O solo fica empapado e compactado. Se algum tipo de transbordo ocorre no momento de chuvas fortes, elementos mais finos são carregados. Nutrientes são diluídos e o solo pode ficar pobre e mole, não fornecendo alimento e nem suporte para a sustentação das estruturas áreas das plantas. Receita para o desastre que pode ocasionar morte dos indivíduos e perda do efeito paisagístico de nossos jardins urbanos com o primeiro vento forte que também acompanha as tempestades de verão.
Mas como evitar que isso aconteça?
Vamos então checar alguns pontos que os locais que vão confinar nossas plantas devem sempre ter:
- escoamento adequado – isso se consegue tendo furos ou ralos de fundo;
- drenagem adequada – isso se garante fazendo a proteção do ralo com uma camada de manta permeável (normalmente se usa manta bidim) e sobre ela se coloca a chamada camada de fundo, que pode ser feita com argila expandida ou pedras de tamanhos variados;
- solo rico e fértil – generosa camada de terra tratada, livre de pragas, com adubação química e biológica equilibrada, que permita a expansão das raízes;
- solo aerado – o que normalmente é feito por animais em formato vermiforme (da classe dos anelídeos), comumente conhecidos como minhocas, que também apreciam solo equilibrado.
Um dos grandes desafios para os síndicos é exatamente saber se o empreendimento que ele cuida teve suas áreas ajardinadas corretamente preparadas por quem as fez. Plantas que não se desenvolvem ou com aparência murcha não necessariamente estão assim por problemas com a manutenção que rotineiramente o síndico se encarrega de providenciar, mas sim por consequência dos vícios construtivos dos locais de plantio. A correção desses problemas, mesmo que isso envolva um grande retrabalho, e a única maneira de garantir a evolução e preservação do acervo paisagístico de um condomínio. E já que talvez se mexa em canteiros e jardins, vale aproveitar para checar problemas de impermeabilização e inadequação de espécies que, por vezes, possuem raízes agressivas, que entopem tubulações e perfuram mantas. Um belo jardim exige cuidados diários e olhar atento.
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