Com ideias criativas, é possível evitar reajustes caros no condomínio

A taxa de condomínio sofreu reajuste médio de 20,4% nos últimos três anos no Rio de Janeiro, mas não para todos. Síndicos adotaram iniciativas criativas para conter gastos, como racionamento de água e luz, redução do número de funcionários e até alugar dependências do prédio. Todas as estratégias diminuem em até 50% as despesas, de acordo com o Sindicato da Habitação do Rio (Secovi Rio).

As soluções mais simples são instalação de lâmpadas com sensores de presença e desligar um dos elevadores em horários de menor movimento. Já entre as ações mais complexas estão a experiência da síndica Henriette Krutman, de um prédio em Botafogo. Ela notou que as duas caldeiras que aquecem a água dos condôminos funcionavam de forma deficiente, acarretando em consertos frequentes.

“Os equipamentos funcionavam há 23 anos. Então, levei a solução ao condomínio e foi aprovada a implantação de painéis solares e bombas de calor. Antes, gastávamos R$ 15 mil por mês, e agora são R$ 3 mil”, comemora. Segundo o Secovi, a economia de energia elétrica pode chegar a 10% do valor, a coleta de água da chuva proporciona 10% de economia e a medição individualizada de água pode render desconto de 30%.

A contenção de água foi o foco do síndico Saul Cusnir, morador do condomínio Golden Garden, em Botafogo. Ele concluiu que o prédio tinha gasto excessivo do recurso natural. A solução veio após visita a Israel, ao descobrir as privadas com duplo acionamento.

“As antigas acionavam cerca de 10 litros. Em Israel, vi que o vaso possui duas alavancas, uma aciona 3 litros de água e a outra 6. Com a troca do sistema, conseguimos economia de 30% no consumo”, explica.

A reuso da água também é uma ideia simples que diminui a conta no fim do mês. Síndico do edifício Paul Cezanne, no Méier, Hélio Breder criou um sistema que capta a água da chuva junto com a usada na piscina.

“A água que antes iria para o esgoto vai para uma estação junto com a da chuva e usamos para lavar a garagem, o play e irrigar plantas”, disse o administrador. O edifício também tem torneiras que desligam automaticamente, chuveiro com válvula reguladora de fluxo e o vazamento zero, que impede desperdícios. “O condomínio fornece aos moradores o serviço gratuito de reparo de válvulas de descarga, torneiras e registro. Os pequenos reparos nos fez economizar R$ 14 mil em um ano”, conta Breder.

Além dos cortes de gastos, é possível entrar dinheiro no caixa alugando o terraço para antena de telecomunicações, o que pode render R$ 5 mil mensais. É o que arrecada com o serviço o síndico Rodney Silveira. “Essa receita vai para manutenção do condomínio. Com isso, não temos cotas extras há muito tempo”, festeja o administrador.

Funcionários e gestora encarecem

O gasto com funcionários pode representar cerca de 30% das despesas de um condomínio, segundo o Secovi Rio. Conforme o advogado especializado em Direito Imobiliário, Arnon Velmovitsky, recolher os encargos trabalhistas em dia evita que os custos sejam ainda maiores. “O importante também é que o funcionário não tenha horas extras e que as férias não acumulem, para não pagar multas”, explica Velmovitsky.

O especialista disse que enxugar o quadro de funcionários ajuda a diminuir as despesas. Para isso, ele aconselha a instalação de circuito interno de TV e porteiro eletrônico. “A necessidade de reduzir o quadro de funcionários dependerá da demanda de cada prédio. Se os condôminos decidirem que vão abrir mão de um porteiro à noite, por exemplo, é preciso investir em tecnologia, como câmeras de segurança”, disse o advogado.

De acordo com ele, os resultados dos investimentos em propostas de reduzir os custos vão aparecer no longo prazo. “O orçamento pode ser maior nos primeiros meses da compra do material, então o retorno pode vir em cerca de três meses”, disse o especialista.

Há edifícios que preferem contratar administradoras de imóveis, o que para Velmovitsky pode sair mais caro. “Sou contra gestoras de condomínios. Muitas dessas empresas quando quebram não pagam os funcionários e o prédio fica no prejuízo”, alerta.

Taxa sobe 7%, com valor médio de R$ 665

A taxa condominial subiu 7% nos últimos 12 meses. O resultado ficou acima da inflação acumulada no mesmo período medido pelo IPCA (6,25%). O Rio está entre as capitais com maior alta. A variação de condomínio em agosto foi de 1,35% na comparação com julho, perdendo só para taxa de água e esgoto, de 1,46%.

O valor médio da taxa no Rio de Janeiro em abril foi de R$ 665. Os valores médios mais altos são os da Zona Sul, com R$ 715, os da Barra e adjacências, com R$830. Já a Zona Norte (R$ 472), Jacarepaguá (R$ 550) e Tijuca (R$538) registraram as menores médias de valor de taxa de condomínio por metro quadrado na cidade. Com a alta da inflação, os condomínios precisam se profissionalizar e envolver os moradores.

“O síndico deve conscientizar o condômino da importância do corte de custo para não elevar a taxa e evitar incluir cotas extras”, afirmou o vice-presidente de Locações do Secovi Rio, Antonio Paulo Monnerat. “Além disso, o administrador precisa sempre se capacitar”, orienta o representante da entidade. O Secovi oferece cursos de qualificação para os síndicos.

– Reaproveitamento

Vale instalar caixas de captura da água da chuva e sistemas para reaproveitar a água do chuveiro e da pia na lavagem do prédio e no jardim.

– Controle individual

O ideal também é colocar um hidrômetro para cada apartamento. Assim, cada morador pagará só por seu gasto.

– Vaso sanitário

Hoje, há opções de vasos com duplo acionamento: um com uma descarga mais fraca e outra com uma mais forte.

– Lâmpadas

Substitua lâmpadas comuns pelas de LED. Elas gastam menos energia e duram mais tempo que as outras.

– Sensor

As lâmpadas com sensores ligam quando alguém está próximo e depois de algum tempo elas se apagam.

– Elevadores

Em horário de pouco movimento, deixe apenas um elevador funcionando e coloque controles inteligentes.

– Manutenção

Elevadores, canos, pinturas, rachaduras devem ser sempre observados para não causarem um transtorno maior para o bolso dos condôminos.

– Coleta seletiva

O material reciclável pode ser vendido. O óleo de cozinha deve ser guardado em um recipiente para ser doado ou vendido com a intenção de evitar acúmulo de gordura no encanamento. Assim, evita-se mais gastos com a limpeza.

– Terceirização

Contrate apenas empresas com boas referências e muita experiência no ramo. É preciso pesquisar bastante a idoneidade da administradora.

– Mão de obra

Corte os gastos com pessoal. Muitas vezes, o condomínio tem mais funcionários do que o necessário.

– Fique atento

Veja se o condomínio não tem gastos desnecessários. Verifique se um morador não comete violação e está prejudicando todos no prédio.

Fonte: Jornal O Dia – RJ e Portal IG

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