Podemos, entre os diversos tipos de patologias dos edifícios, falar das trincas (nome genérico) nos mesmos.
Entre outros, podemos destacar os seguintes aspectos: psicológico, o de possível comprometimento da estrutura e o de vazamentos.
Com o advento de novas tecnologias de materiais e técnicas de execução, geradas pela evolução dos projetos, as construções se tornaram mais leves, esbeltas e com menos contraventamento.
Mas, podendo constituir uma das demandas judiciais mais comuns, as trincas ainda apresentam riscos de produzir efeitos indesejáveis e perigosos. Essas ocorrências podem ser tipificadas por: fissura capilar, fissura, trinca, rachadura, fenda e brecha (desde menos de 0,2 mm até mais de 10 mm).
Suas principais causas são: variação de temperatura, variações de umidade, sobrecarga na estrutura, recalques nas fundações e alteração da química dos materiais.
As mais graves são as da estrutura, destacando-se as dos pilares, as quais podem causar a queda de partes ou de todo o edifício. Elas são causadas por: processos eletroquímicos, ambientes úmidos, elementos agressivos, lavagens com cloretos e choques mecânicos.
Nas fissuras horizontais poderemos ter infiltrações na época das chuvas, por higroscopia e em contato com a terra também, com rompimento da impermeabilização rígida.
Outro problema que tem preocupado os síndicos, principalmente nas construções mais velhas, é o aparecimento de trincas causadas pela transformação da armadura em óxido de ferro (ferrugem), que por ter maior volume, trinca o concreto que acelera o processo de corrosão. Isso pode causar o comprometimento das lajes, vigas e pilares, também chegando à ruptura e queda desses elementos ou do todo.
Apesar de estar configurado como exatas (divisão pedagógica), as construções e seus materiais sofrem dos males da dilatação e retração por diferenças de temperatura, químicos e efeitos higroscópicos, necessitando de verificação, manutenção e correções.
Nem sempre é fácil diagnosticar as causas das trincas. Para tanto, é necessário, em alguns casos, ensaios de laboratório e revisão dos projetos, devendo sempre passar por um especialista.
Para sua resolução temos que passar por:
a) Levantamento de subsídios para entender melhor os fenômenos;
b) Diagnóstico do ocorrido: causa e efeito da patologia;
c) Solução do problema: método, materiais e mão de obra, e eficácia da solução proposta.
No caso de trincas vivas, é necessário acompanhamento do fenômeno, pois as soluções podem ser de caráter urgente.
Não serão comentadas aqui, neste momento, as fissuras que atingem revestimentos e pinturas. Embora elas tenham sua importância no aspecto da depreciação do imóvel e de sua manutenção, elas em geral não constituem problema de ruptura nem representam risco de colapso das estruturas.
Um capítulo que merece estudo são as construções no ambiente marinho, que justificaria um trabalho a parte, já que além da estrutura, observa-se maior comprometimento de pisos, massas, pintura, alumínios, elétrica etc.
Em breve, voltaremos a abordar mais aspectos do assunto trincas nas edificações. Mas no próximo mês falaremos sobre manutenção predial.
São Paulo, 26 de junho de 2013