Condomínio intergeracional: como acolher a todos?

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Administrar um condomínio é muito mais do que cuidar de manutenções, finanças e regras. É também sobre pessoas. Os condomínios de hoje abrigam moradores de diferentes gerações — crianças, adolescentes, jovens adultos, famílias e idosos —, cada um com expectativas, necessidades e formas distintas de se relacionar com o espaço coletivo. O desafio de uma gestão moderna é justamente criar um ambiente onde todos se sintam parte da comunidade. Eu entendo que o síndico precisa ter um olhar “aberto” para acolher diferentes gerações, como os jovens, e que isso pode gerar dividendos para a gestão. 

Os adolescentes e jovens, muitas vezes rotulados como baderneiros, podem ser inseridos de forma positiva na vida do condomínio. Quando o gestor investe em áreas ou ações voltadas a esse público, faz com que eles se sintam pertencentes, o que reduz a ociosidade e o vandalismo. A própria energia dessa fase da vida pode ser direcionada para ações do bem, como projetos de voluntariado promovidos pelo condomínio ou auxiliar no letramento digital da população idosa daquela comunidade.  

Diferentes perfis 

Reconhecer perfis é o primeiro passo para o síndico personalizar o atendimento e estreitar laços com a comunidade. 

Crianças: precisam de espaços seguros para brincar, aprender a conviver em grupo e receber orientações leves sobre regras. 

Adolescentes e jovens: buscam autonomia, interação social e atividades que dialoguem com sua linguagem, muitas vezes digital. 

Adultos: focam em praticidade, segurança, valorização do patrimônio e rotinas bem organizadas. 

Idosos: valorizam acolhimento, acessibilidade, momentos de convivência e uma comunicação clara e respeitosa.  

Estratégias de comunicação inclusiva 

Multicanais: aplicativos, murais digitais, cartazes físicos e comunicados impressos para garantir que a informação chegue a todos. 

Linguagem adequada: textos simples e visuais para crianças, mensagens diretas e digitais para jovens, e instruções claras e acessíveis para idosos. 

Escuta ativa: criar canais de feedback que permitam que cada geração se expresse e seja ouvida.   

Ações práticas que fazem a diferença 

Para crianças: oficinas educativas sobre sustentabilidade, campanhas lúdicas de reciclagem, eventos em datas comemorativas. 

Para adolescentes e jovens: campeonatos esportivos, espaços de convivência tecnológica (wi-fi, sala de jogos…), envolvimento em comissões de projetos. 

Para adultos: reuniões objetivas, transparência nos gastos e ferramentas digitais de gestão. 

Para idosos: rodas de conversa, atividades físicas leves, oficinas de memória e suporte nas questões de acessibilidade.  

Construindo pertencimento 

Um condomínio não é apenas um prédio, é uma comunidade. Quando cada grupo se vê representado nas decisões e sente que suas necessidades são reconhecidas, o resultado é um ambiente mais harmônico, colaborativo e valorizado. O atendimento diferenciado é, portanto, uma forma de liderança inclusiva, que transforma a rotina em convivência saudável e fortalece vínculos entre vizinhos. Para mim, uma gestão estratégica é aquela que une gerações em torno de um mesmo propósito: viver bem juntas.        


Matéria publicada na edição 317 nov/dez 2025 da Revista Direcional Condomínios

Autor

  • Mari Sobral

    Síndica profissional. Formada em Administração de Empresas, com pós-graduação em Gestão de Pessoas. Possui formação em Psicanálise, Desenvolvimento do Pensamento Sistêmico e Comunicação Não Violenta. Mais informações: mari@mistersindico.com.br