Quem chega à entrada do condomínio Anapurus, na rua homônima, em Moema, não encontra ninguém à portaria. Os moradores usam apenas o dedo indicador em um leitor biométrico para abrir o portão. Para visitantes, o acesso é liberado por um profissional que está a 3 quilômetros de distância, no Brooklin.
Ali, em uma central, outros funcionários acompanham as imagens fornecidas pelas vinte câmeras instaladas no terreno. Esse aparato tecnológico serviu para evitar um assalto no local há três semanas. “Os ladrões pularam o muro, o atendente flagrou a movimentação pelos monitores e chamou a polícia, que chegou em cinco minutos”, conta o síndico Denis Rezende.
Desde o ano passado, as quinze empresas que oferecem na capital o serviço de portaria remota registraram um aumento de 50% na procura, chegando a cerca de 500 prédios. “O esquema só funciona para endereços com até setenta unidades”, diz Bruno Apolônio, dono da Real Proteção, com mais de 280 clientes na cidade. “Em condomínios maiores, é muito mais difícil controlar o fluxo.” Para aderir ao sistema é preciso automatizar portões, contratar pelo menos uma operadora de internet exclusiva, instalar câmeras de segurança e adquirir um gerador de energia. O valor do pacote pode chegar a 60 000 reais.
O principal atrativo para os moradores é a queda no valor do condomínio, pela consequente terceirização da mão de obra.
“Passaremos a pagar 1 000 reais, resultando em uma economia de 45%”, afirma o empresário Marcos Casimiro, síndico de um prédio na Rua Apinajés, em Perdizes. Em março, ele trocou quatro funcionários fixos pelo atendimento a distância. Especialistas em segurança lembram os potenciais fregueses de que é necessário ter cuidado no momento da contratação desse tipo de serviço. “O morador vai depositar a chave de casa na mão de um desconhecido”, diz Hugo Tisaka, da NSA Brasil, empresa especializada na área. “É preciso pesquisar bem para que a solução não vire um problema.”