Condomínios e geração de empregos

Legalizar e capacitar: Bases para o crescimento profissional

Um dos principais impactos que condomínios podem trazer a uma grande cidade é sobre a geração de empregos. Somente em São Paulo, conforme estimativas do Sindicato da Habitação (Secovi SP), os edifícios empregam 250 mil trabalhadores. Funcionários para atuar na manutenção, limpeza, portaria, segurança, entre outros, são necessários em todos os edifícios, e isso pode trazer mudanças significativas sobre a região. Por isso, é necessário que o síndico esteja atento a todos os processos trabalhistas que envolvam essas questões, bem como estar ciente das normas e procedimentos legais quanto às relações de trabalho.

Segundo Hubert Gebara, vice-presidente do Secovi em São Paulo, o aumento constante do número de condomínios gera muitos empregos diretos e indiretos. “O crescimento é bom para todos os setores”, avalia. No entanto, Gebara defende a legalidade nas relações do trabalho, como o registro em carteira e o cumprimento dos direitos trabalhistas, para que não haja problemas futuros. O vice-presidente do Secovi – SP defende ainda um quadro de funcionários na medida da necessidade. “Quando existem a menos, paga-se muita hora extra. Quando há muitos, o problema é que eles não são bem aproveitados”, indica. Para Gebara, é fundamental que haja uma escala dos funcionários, assim como é importante evitar hora extra, a fim de que o trabalhador também possa ter momentos de lazer e descanso.

Outras dúvidas e problemas comuns entre condôminos, síndicos e funcionários é a questão dos relacionamentos. O presidente do Sindicato dos Empregados de Edifícios Residenciais e Comerciais de São Paulo (Sindifícios), Paulo Roberto Ferrari, destaca que muitos moradores não cumprem com suas obrigações e culpam os funcionários na maioria dos casos de insucesso. Daí surge a importância do treinamento, para que o trabalho possa ser realizado com mais eficácia. “Como em toda função, treinamento é primordial para o desempenho das tarefas de qualquer profissional. Nesta categoria não é diferente. Uma prova disso é o número de zeladores, porteiros e ascensoristas que participam dos nossos cursos de qualificação profissional. As salas estão sempre em seu limite de alunos. Ministramos esses cursos há 20 anos e a procura nunca deixou de ser intensa, tanto que estendemos nossos horários para aulas no período da noite. Essa é uma prova de que o trabalhador está ciente de suas obrigações e das exigências do mercado de trabalho”, avalia Ferrari.

PROMOÇÃO NA CARREIRA
Quando se observa o comprometimento do funcionário ou uma boa gestão dos administradores do prédio, existe possibilidade de promoção na carreira, destaca o presidente do Sindifícios. “O cargo maior sempre foi o do zelador, e vemos edifícios de luxo pagando muito bem para essa função. Em alguns casos, como em flats, muitos pedem que o candidato a uma vaga conheça informática, tenha concluído os estudos (o que pode incluir uma faculdade) e saiba falar outro idioma; cargos como este vão pagar certamente mais de cinco ou seis mil reais e tratar o zelador como gerente de condomínio ou algo parecido. Quem estiver qualificado se garante com certeza”, diz Ferrari.

Josivaldo Silva trabalha há sete anos no edifício Maison André Courrèges, localizado no bairro paulistano de Moema. Ele conseguiu a vaga através de indicação da administradora do prédio. Começou como faxineiro e, no período de um ano e meio, foi promovido a porteiro. “O Josivaldo se saiu muito bem nessa função. Nunca faltava, comprometido, um funcionário realmente de confiança”, lembra a síndica, a jornalista Luiza Oliva. Como porteiro, Silva atuou durante cinco anos. O condomínio investiu em sua capacitação, e ele fez dois cursos no Secovi – SP: um de zeladoria e outro de manutenção e, há dois meses, atua como zelador. “Tem bastante trabalho, mas vale a pena. Basta ser esforçado e saber fazer tudo muito bem”, conta.

Outra opção para encontrar funcionários qualificados é dada pelas empresas de terceirização. Contudo, a diretora de comunicação do Sindicato das Empresas de Serviço a Terceiros (Sindeprestem), Jismália Alves, alerta que é preciso conferir se a empresa escolhida é idônea. “O condomínio deve consultar os antecedentes da empresa, conhecer seus clientes e não escolher a prestadora que tiver o menor preço, pois é possível que ela pague baixos salários e negligencie direitos trabalhistas, além de ter uma rotatividade acima do normal, comprometendo a segurança do condomínio”, finaliza Jismália.

Matéria publicada na Edição 161 – set/11 da Revista Direcional Condomínios.

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