Condomínios em SP constroem poços artesianos para não faltar água

Com medo de faltar água em São Paulo, condomínios estão construindo poços artesianos. Em três meses, o número de licenças para perfuração já é maior do que no mesmo período do ano passado.

Uma empresa de perfuração de poços semiartesianos em São Paulo já existe há 25 anos, mas nunca viu tanto movimento. “Devido a essa demanda de agua, estamos trabalhando o dobro e com muito serviço. Tanto na manutenção como na perfuração de poços”, conta o empresário Dinarte Marcelino Pinto.

Sabe a lei da oferta e da procura? Com mais de 100 ligações todo santo dia de gente querendo instalar poço, o preço subiu. Assim como o faturamento, que nunca foi tão alto e aumentou 50%.

Pena que a maioria não tá comemorando tanto assim. Quem compra esse tipo de serviço caro, que custa em média R$ 50 mil, está é bem preocupado com a situação dos reservatórios paulistas. O principal deles, o Sistema Cantareira, estava na segunda-feira (13/10) com menos de 5% da capacidade.

Perfurar poços pode ser uma alternativa, mas essa água que em vez de vir de cima, vem debaixo, também não é eterna.

“Como se fosse uma caderneta de poupança. Você tem lá uma reserva, tem as reservas que você consegue tirar dentro de uma capacidade de reposição natural ambiental. Se você supera, você pode encaminhar para o esgotamento”, explica o geólogo José Luiz Albuquerque Filho, especialista em águas subterrâneas do IPT.

Em São Paulo, a situação só não está ainda pior porque a população vem economizando. Vários condomínios se viraram para conseguir gastar menos. Em um deles, por exemplo, todo o jardim da entrada virou terra. Tudo pronto para a instalação do poço, que já deve começar a ser perfurado ainda nesta semana. Essa foi só uma das várias medidas tomadas nesse condomínio.

Uma outra preocupação bem antiga do síndico Carlos Cunha foi guardar a água da chuva na cisterna construída há oito anos. Só que não tem chovido em São Paulo. Então, toda a água reservada na cisterna não caiu do céu. Ela vem por canos brancos instalados há seis meses, que trazem a água das lavanderias dos apartamentos para o prédio. antes, tudo ia para o esgoto.

A plaquinha na pilastra avisa que não dá para matar a sede nas oito torneiras de água de reuso, que só são abertas pra lavar a garagem e as áreas comuns.

“E descobrimos também a economia com produto porque, com vem da lavanderia, já vem com sabão. Então a gente está economizando em produto, além de ter água”, conta o síndico Carlos Cunha.

No total, são 70 mil litros que o condomínio deixa de tirar dos reservatórios paulistas. Economia de dinheiro e de peso na consciência.

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