Abalados pelo recente fato ocorrido em um condomínio da Grande São Paulo, em que uma briga entre vizinhos resultou em três mortes, nos perguntamos: “Condôminos, será que não chegamos a um momento de reflexão?”.
O rápido crescimento populacional das cidades e a necessidade constante por maior segurança, comodidade e economia, aliados a uma decrescente disponibilidade de terrenos, resultou na verticalização dos bairros.
Esta situação fez com que inúmeras pessoas que antes residiam em casas independentes e autônomas passassem a viver em condomínios, local onde as regras e costumes são, diametralmente, opostos.
Devemos ter em mente que, quando nos mudamos para um apartamento, além dos habituais vizinhos laterais, ganhamos ao menos mais duas unidades de vizinhança, uma localizada no andar superior e, outra, no inferior.
Estes novos vizinhos serão diretamente afetados pela forma como utilizamos nossa unidade.
O uso de sapato dentro da unidade, o volume da televisão ou do rádio, as crianças que pulam ou brincam ou até o mero andar de um animal de estimação podem afetar o sossego de seu vizinho.
Quando estas condutas se tornam habituais, o que antes era apenas fator de aborrecimento do condômino vizinho pode resultar em eventual rixa e assim, restará prejudicada a ideia de vida em sociedade que, por derradeiro, poderá resultar em casos de extrema violência.
A vida em sociedade demanda respeito, tolerância e cordialidade, e devemos entender que antes de pleitearmos nossos direitos, devemos cumprir com nossas obrigações.
Antes de reclamarmos de eventual conduta de outro condômino, façamos um breve questionamento: “será que nossa conduta habitual também não incomoda outro morador?”.
Geralmente, os condomínios agregam moradores vindos de regiões, bairros, cidades, Estados e até nações diferentes, resultando em diferentes costumes e atitudes.
Como forma de reduzir estas diferenças, alguns condomínios promovem constantes atividades entre os condôminos tais como festas, jantares, reuniões, atividades esportivas e recreativas.
Mas os condôminos também podem buscar atitudes harmoniosas junto aos seus vizinhos, por exemplo: antes de realizar festas ou jantares com uma grande quantidade de convidados, deve-se informar não só ao condomínio, mas, também, aos moradores mais próximos da unidade, a data e horário do evento, colocando-se à disposição no caso de prejudicar o sossego deste; ou, ainda, quando tiver filhos recém-nascidos, pedir desculpas por eventual incômodo causado pelo choro da criança.
Estas atividades e condutas tornam a convivência mais pacífica e harmoniosa entre os moradores.
Síndicos, subsíndicos, conselheiros e condôminos, por favor, pratiquem a harmonia, busquem a boa convivência e, principalmente, respeitem seus vizinhos. A paz nos condomínios depende, unicamente, de nossas condutas e atividades.
Por Paulo Caldas Paes*
*Paulo Caldas Paes é advogado formado pela Universidade Paulista (UNIP). Foi analista do Procon de Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, e estagiário da Aldeia Imóveis (Alphaville). Criador da página no facebook “Expresso imobiliário – dicas e artigos numa visão jurídica”, é colaborador da revista Direcional Condomínios. Mais informações: ppaes@adv.oabsp.org.br
São Paulo, 27 de maio de 2013