Confira as opções que os síndicos têm para montar sua equipe de limpeza

A terceirização surge como alternativa à área de limpeza dos condomínios, pois entre seus benefícios, eles ficam isentos dos custos com eventuais rescisões, obrigações trabalhistas e coberturas de férias ou de faltas, analisa Rui Monteiro Marques, presidente do Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação no Estado de São Paulo (SEAC). No entanto, segundo ele, os síndicos devem realizar pesquisa de mercado antes de contratarem um prestador de serviços.

“Infelizmente há empresas de limpeza que não cumprem a lei”, alerta o presidente do sindicato. Por isso, Rui Monteiro recomenda aos síndicos:

– visitar a sede do potencial parceiro, para conferir nível de organização e capacidade de atendimento;

– conferir documentos, como o contrato social, certidões negativas que atestem não haver débitos trabalhistas; registro na Anvisa; e,

– obter referências de clientes.

É importante lembrar ainda que a equipe terceirizada demanda áreas do condomínio para alimentação, troca de roupa e guarda de equipamentos e produtos. “Normalmente, essas empresas têm uma pessoa como supervisora, que passa no prédio para ver se está tudo em ordem.” É com ela que o responsável (zelador ou síndico, geralmente) deve tirar dúvidas e fazer solicitações, para se evitar uma relação hierárquica com o funcionário terceirizado e futuro passivo trabalhista. Pelo mesmo motivo é prudente conferir, mensalmente, se a empresa está em dia com obrigações legais (como INSS dos funcionários).

Equipe própria

O Edifício Saint Paul Ville, condomínio de 136 apartamentos localizado na região da Bela Vista, em São Paulo, resolveu, por sua vez, estruturar equipe própria, supervisionada há 13 anos pelo zelador João Menino de Macedo. O serviço abrange suas duas torres, além das áreas de fitness, sauna, salões de jogos e de festa, piscina, quatro subsolos com garagem e um grande pátio. Ali, três pessoas se dedicam diariamente à limpeza e, uma quarta, se divide entre portaria e cobertura de férias do grupo.

O zelador supervisiona o serviço, em dobradinha com o funcionário mais antigo da equipoe, presente desde a fundação do condomínio, há 15 anos. “Eu me reúno com ele semanalmente, para fazer a programação do serviço. Ele é meu braço direito, mas toda a equipe é muito boa”, ressalta. João Menino definiu processos para cada tarefa. A limpeza da piscina, por exemplo, é semanal. “Fazemos um tratamento geral e o acompanhamento com testes de pH, com produtos químicos. Esse serviço é sempre feito por mim, acompanhado de um funcionário. O uso dos EPIs é obrigatório e necessário”, detalha. O trabalho em dupla, com a presença do zelador, acontece sempre que a operação implica em manusear produtos perigosos. Para aprimorar os procedimentos de aplicação e segurança, a equipe frequenta cursos de formação e atualização.

Limpeza com economia

O Saint Paul Ville também organiza bem as compras dos produtos de limpeza. “Eu passo a lista para a administradora, que faz a cotação. Fica mais econômico, porque ela negocia para 20 prédios”, justifica João Menino.

O planejamento cuidadoso gera economia e pode contemplar aspectos ligados à sustentabilidade. “Há 12 anos lavávamos o pátio duas vezes por mês. É um espaço de quase meio quarteirão. Às vezes, a jardinagem era feita na semana seguinte e tudo ficava sujo novamente. Hoje, lavamos a área uma vez por mês e só após o serviço de manutenção dos jardins”, explica o zelador, feliz com a economia de cinco  metros cúbicos de água obtida com o novo esquema. Houve racionalização do consumo de água também na mudança de procedimento de lavagem das escadarias, tarefa reduzida de até quatro vezes ao mês para uma vez por bimestre, e sem o uso contínuo da mangueira, ao contrário do que acontecia anteriormente.

Contribuiu para isso a determinação de não descer o lixo pelas escadas, para evitar pingos no piso. Além disso, a sujeira pontual é removida na hora em que é detectada, “para promover o bem-estar das pessoas e evitar que se alastre”. A retirada da fuligem das quatro garagens também deixou de ser mensal, para que se aproveite, a cada seis meses, a água dispensada durante a limpeza das caixas d´água. O resultado é economia de água, energia elétrica e de produtos de limpeza, comemora o zelador.

Produtos sustentáveis

O presidente do SEAC, Rui Monteiro, comenta que ainda há um longo caminho a ser percorrido nos condomínios para se alcançar a harmonia entre os serviços de limpeza e a sustentabilidade. Atualmente, analisa, prevalece a busca pelo menor preço. Ele explica que já há produtos de limpeza 100% sustentáveis, mas são fabricados em pequena escala, mais caros, entre 30% e 40%, e sem variedade que contemple todas as necessidades. “A minha empresa recolhe óleo de cozinha dos condomínios onde atua e leva para um instituto da USP (Universidade de São Paulo), que faz sabão destinado a comunidades carentes. Eu vejo que poucas pessoas descem para depositar o óleo. E um litro de óleo contamina um milhão de litros de água. É de dentro de casa que a sustentabilidade partirá para todo o condomínio”, sentencia Rui.

Por Fátima Lourenço

São Paulo, 9 de agosto de 2013

Autor