As chuvas do verão que se aproxima poderão colocar à prova o controle de pragas e a desobstrução de tubulações no prédio. Há condomínios que vêm optando por contratos integrados para evitar riscos, incluindo a desinfeção das caixas d’água e, em alguns casos, o “luxo” de estender serviços às unidades.
A síndica Cinthia Zaratini (à dir. na foto) e a condômina Justina D’Agostinho, que cuida voluntariamente dos jardins do prédio, com atenção às pragas
Fechar pacotes integrados tem sido uma das opções dos condomínios em São Paulo para garantir a higienização e salubridade de seus ambientes e instalações. Podem entrar no chamado “combo” o controle periódico de pragas, a limpeza obrigatória da caixa d’água e, em alguns casos, o desentupimento extensivo às unidades (com custo arcado pelo condomínio).
No Edifício Hyde Park, residencial situado no Brooklin, na zona Sul da cidade, a síndica Cinthia Zaratini faz dois tipos de contratos anuais: Um para dedetização, desinsetização e limpeza de caixas d’águas (em períodos que vão de quatro a seis meses); outro para a limpeza periódica da caixa de esgoto e o atendimento aos apartamentos que eventualmente tenham alguma coluna entupida. Implantado em 1979, o condomínio possui 72 unidades e já teve que substituir tubulações por causa da corrosão. “O serviço extensivo às unidades está disponível sete dias na semana, 24hs, foi iniciado na gestão anterior à minha e é algo do qual os moradores não abrem mão. É um ‘luxo’ que facilita a vida do síndico e dos condôminos”, afirma.
Cuidados contratuais
Cada condomínio deve dispor de um modelo de contrato que atenda às suas particularidades, sugere a síndica profissional Ângela Merici. Por exemplo, um prédio que tenha instalações abaixo do nível da rua precisa de bomba para esgoto e/ou do suporte mensal de uma empresa de desentupimento para a limpeza das caixas de gordura.
O consultor e instrutor da área de condomínios, Maurício Jovino, observa que muitos condomínios têm preferido o “modelo de combo” na hora de contratar empresas para os serviços. Isso porque, algumas manutenções precisam ser feitas pelo menos semestralmente, como a limpeza das caixas d’água (o Comunicado 006/2013, do Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo, obriga ao procedimento a cada seis meses).
Mas é preciso adotar inúmeros cuidados na contratação do parceiro, já que essas atividades afetam diretamente a saúde das pessoas e dos animais de estimação, ressalva Jovino. São eles:
– Obter referências da empresa junto a condomínios onde já presta serviços;
– Solicitar uma CDN (Certidão Negativa de Débitos);
– Verificar se a empresa possui os alvarás necessários;
– Observar se os colaboradores trabalham dentro das normas técnicas do Ministério do Trabalho, como as NR 18, NR 33, NR 35 e NR 06;
– Se atendem, no caso de São Paulo, às recomendações da CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo);
– Conferir os equipamentos que utilizam durante a execução dos serviços e os termos da garantia.
Os trabalhos deverão ser agendados e comunicados a todos previamente e, durante sua execução, acompanhados pelo zelador, completa. O lembrete final é que, para atuar com controle de pragas, é preciso ter licença de funcionamento expedida pela Vigilância Sanitária. A empresa deve estar vinculada a um Conselho Regional de classe e representada por um responsável técnico (Biólogo, Engenheiro Agrônomo ou Florestal, Médico Veterinário, Químico, Engenheiro Químico, Farmacêutico ou demais profissionais habilitados pelo conselho).
DISTRIBUIÇÃO DE TAREFAS – O gerente predial Getúlio Fagundes Ramos (foto ao lado), do Condomínio Paradiso Vila Romana, da zona Oeste de São Paulo, tem como atribuição contratar semestralmente a limpeza e desinfecção dos 21 reservatórios d’água do empreendimento, além da dedetização, desratização e descupinização das áreas comuns. Já a desobstrução das tubulações fica à cargo da equipe de manutenção do residencial, um condomínio-clube de quase 14 mil m2, com três torres e 168 unidades. E as pragas dos jardins são combatidas pela empresa da jardinagem. Por fim, cabe ao próprio gerente cuidar da inspeção do ático de cada uma das torres a cada 90 dias (a laje deve estar seca) e da limpeza das caixas dos três hidrantes das calçadas externas. Tudo para evitar infestação de insetos e demais pragas transmissoras de doenças. (Por R.F.)
Elimine os criadouros do “mosquito da dengue”
Transmissor de doenças graves, o mosquito Aedes aegypti se desenvolve em ambiente de água limpa, não corrente, empoçada em pratos de vasos, reservatórios descobertos, calhas, objetos abandonados etc. No Condomínio Villaggio de Assisi, o consultor Carlos Alberto dos Santos chegou a filmar larvas do mosquito se desenvolvendo na água empoçada no hidrante da calçada externa, o qual, em algum momento da vida do prédio, acabou sendo indevidamente impermeabilizado. O síndico Diógenes Radaelli Ferrero, que contratou a vistoria geral dos riscos da edificação, se surpreendeu com o achado.
De acordo com a cartilha “Equipes de limpeza no combate ao mosquito”, editado pela Abralimp (Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional), até mesmo os equipamentos usados na limpeza do condomínio devem ser secos e limpos diariamente para evitar a proliferação do mosquito, que causa dengue, chikungunya, zika e febre amarela. É o caso de dosadores, baldes e refis de mops. A entidade lembra que o hábito (errado) de deixar panos de limpeza secando em baldes ou tanques também favorece o empoçamento. Outros locais aos quais o condomínio deverá ficar atento são tonéis e barris d’água (precisam ficar tampados), folhas secas que entopem calhas, bandeja do aparelho de ar condicionado (ela tem que ser esfregada), lajes, vasos sanitários fora de uso, pneus abandonados, lonas não esticadas e tampas de garrafas. Os ralos sem sistema de fechamento deverão ter uma tela que impeça o acesso do mosquito à água limpa. Vasos com plantas aquáticas precisarão da troca regular da água e ser lavados com escova e sabão neutro uma vez por semana.
Bromélias & pragas de jardins
O temor de que o acúmulo de água nas bromélias possa se tornar criadouro do mosquito da dengue rendeu ao Condomínio Hyde Park duas visitas de equipes da Vigilância Sanitária, depois de acionadas por denúncia anônima de morador. A condômina Justina D’Agostino Castilho Piqueira já vinha realizando pesquisa sobre o assunto e, com base em estudos publicados pelo Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Rio de Janeiro, explicou aos técnicos que as bromélias do condomínio não ofereciam risco. “Eles pesquisaram mais de mil espécies de bromélias e não observaram nada que as associe à infestação do Aedes aegypti.” De qualquer maneira, o prédio deixou de plantar novos exemplares deste espécime para evitar conflitos com os moradores. No seu lugar, optou por exemplares de lavanda, planta que atua como um repelente natural.
Justina D’Agostino mora no condomínio desde a sua implantação e cuida voluntariamente dos jardins. Isso significa estudar a melhor maneira de combater as pragas das plantas. Algumas delas precisam ser retiradas uma a uma, à mão, afirma. É o caso da lagarta (Dione juno juno) da folha do maracujazeiro. “Se deixar, ela come o pé inteiro.” Justina enfrentou ainda uma infestação de lesmas na grama amendoim, também tiradas manualmente. A moradora evita o uso de veneno nessas áreas, para proteger os vizinhos e pequenos insetos polinizadores, como as abelhas e as joaninhas.
Matéria publicada na edição – 251 – novembro-dezembro/2019 da Revista Direcional Condomínios
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