Quando ouço condôminos, síndicos e zeladores comentarem sobre adolescentes e crianças noto que muitos lidam com os problemas comuns desta faixa etária: energia de sobra, vontade de se expressar, ganhar o mundo e, por vezes, demonstrar tudo isso nas áreas comuns do empreendimento. Daí surgem as questões delicadas de brincadeiras em lugares impróprios, desrespeito às normas vigentes, rebeldia e outras formas de marcar presença. Fica a pergunta: o que fazer para resolver estes entraves de maneira inteligente?
Para achar uma resposta analisei alternativas diversas, e na maioria delas, a punição aparece como forma de criar limites. Punir é importante desde que aplicado quando há o problema, mas como evitar que ele aconteça? Foi desta maneira que passamos a propor nos condomínios a criação de um grupo de voluntários crianças e adolescentes para uma “patrulha salvadora” – que era o nome do grupo de jovens da novela Carrossel que resolvia todos os problemas com superpoderes -, capaz de zelar pelo condomínio e também inovar com sugestões integrativas capazes de promover bem-estar, liberdade e comprometimento desta moçada. Esta ideia tem gerado soluções bem inteligentes, e apresento aqui algumas:
1. Estreitamento de amizades e sentimento de compromisso com o bem-estar de todos – as reuniões das crianças e adolescentes em condomínios acontecem semanal ou quinzenalmente, tem um diretor escolhido entre os próprios participantes e todos se conversam seja por whatsApp ou celular, facebook ou presencialmente. Cada reunião é feita com a participação do síndico que providencia um lanche simples e fica como um espectador/mediador do que acontece na reunião. Muitas vezes é quem comenta os problemas e pede sugestões de soluções.
2. Cria um lazer orientado para resultados – os grupos de crianças e adolescentes dos condomínios geram oportunidades de bem-estar tanto para eles quanto para seus familiares. Em tempo de festa junina fazem da reunião um momento de brincadeiras; discutem se vão fazer festa de dia das bruxas e já bolam brincadeiras, roupas, onde fazer e até que horário (sempre com a concordância do síndico). Não faltam ideias capazes de incrementar o entrosamento dos membros do grupo, além de estimular que participem das obras de melhorias e conservação do empreendimento.
3. Tornam-se envolvidos com o dia a dia do condomínio – sabem qual o horário da coleta de resíduos, entendem a função das câmeras de segurança, compreendem os riscos de circular com bicicletas em locais inapropriados, entendem o porquê do fechamento da piscina para limpeza e manutenção; com a participação do síndico ou zelador explicando o que é feito para a rotina do empreendimento passam a ser capazes de multiplicar este conhecimento com seus familiares, amigos e vizinhos. Muitas vezes corrigem os mais velhos quanto a bitucas de cigarro, explicando os riscos de seu descarte inapropriado, o desperdício de água e mesmo o que significa o rateio de despesas para quem não compreende o processo.
Lembro sempre que a educação pelo envolvimento é chave para um aprendizado perene, que fica e cria condições de ser repetido pelo exemplo. Nestes condomínios onde é criado o grupo de jovens e crianças com participação das lideranças do empreendimento a ocorrência de acidentes, problemas e discussões cai drasticamente, pois os próprios moradores passam a ser também comprometidos com a mensagem vinda dos filhos, fazendo com que todos sejam responsáveis por sua conduta no cotidiano residencial e no convívio seguro em condomínio.
Outro detalhe importante é que esta ação de “patrulha salvadora” tem um custo irrisório e é facilmente compensável pela economia nos serviços cotidianos do empreendimento, bem como um retorno de alto valor para quem mora ou trabalha no condomínio: gera respeito, civilidade, sentido de compartilhamento e responsabilidade; inspira o sentido de liderança, de trabalho em equipe e união para resultados. Já imaginou como fica ótimo o clima de um empreendimento assim para trabalhar e viver em harmonia?
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