A longevidade representa um dos principais avanços da sociedade moderna, mas impõe desafios crescentes a todos nós, no sentido de contribuirmos para a qualidade de vida e o amparo à população de mais idade. É uma missão que também recai aos condomínios, pois novas demandas chegam constantemente aos síndicos em torno das necessidades das pessoas desta faixa etária. No Condomínio Top Village, situado em Alphaville, Região Metropolitana de São Paulo, esse é um aprendizado que temos vivenciado desde outubro de 2011, quando assumi a sindicatura pela primeira vez.
Apesar de na época ser principiante na gestão de um ambiente familiar, observei que o amadorismo predominava na administração do condomínio quando a comparava com os parâmetros que trazia de minha ampla experiência na gestão financeira e logística de grandes empresas. De forma geral, vislumbrei muitas oportunidades de melhorias em processos e um grande desafio na gestão dos investimentos, para que o dia a dia das pessoas se tornasse mais seguro, confortável e saudável.
Uma inspiração importante veio de uma palestra que acompanhei sobre acessibilidade ainda naquele período. Soube ali das dificuldades cotidianas de se viver em um lugar sem acessibilidade, que era o nosso caso. Decidi levar propostas de obras e melhorias de acessibilidade para o Conselho e, posteriormente, para a assembleia de condôminos. Também iniciamos um programa de treinamento dos funcionários para lidarem de forma adequada com pessoas com mobilidade reduzida, o que inclui os idosos.
Desenvolvemos um plano de longo prazo de obras de acessibilidade, dividido em diferentes fases de implantação. A primeira intervenção, de grande vulto e impacto, veio em 2015 com a construção de rampa de acesso de pedestres para a entrada no condomínio, que apresenta um desnível de mais de três metros com a rua e só tinha escadas. O objetivo era atender às pessoas com necessidades especiais (PNE’s), mas percebemos como os idosos estão inclusos no grupo da mobilidade reduzida!! A execução do plano teve sequência em inúmeras adaptações posteriores e, em novembro próximo, vamos entregar outra grande obra (novos acessos à piscina e à área da churrasqueira, modernizada).
Portaria Solidária
Na verdade, no princípio nem tínhamos noção de como essas adaptações iriam beneficiar a qualidade de vida dos moradores de mais idade. Depois da construção da rampa de acesso ao condomínio, os idosos passaram a se movimentar através dela, não utilizando mais as escadas. Elogiaram a paisagem que margeia a rampa. Prestaram mais atenção aos jardins. Com isso, passamos também a prestar mais atenção em suas necessidades, o que nos levou a introduzir o conceito de portaria solidária, treinando alguns funcionários no curso de “Atendimento ao Idoso”, de forma a compreenderem as dificuldades impostas pela baixa mobilidade e, assim, darem mais atenção aos idosos que moram sozinhos.
Nosso Gerente Predial foi o primeiro a ser treinando e está sempre atento às necessidades e hábitos dos moradores idosos. Ao identificar demandas, prontamente discutimos o quê e como podemos prestar algum apoio. Essa conduta também é adotada com os integrantes das equipes de Limpeza e Portaria.
Todo esse aprendizado foi colocado à prova nos períodos mais restritivos da pandemia da Covid-19. Durante os piores meses da pandemia, funcionários e grupos de moradores voluntários se prontificaram a ajudar os idosos que não tinham suporte de familiares. Portanto, avalio hoje que o condomínio tem muito a celebrar no Dia Mundial do Idoso, pois aprendemos muito com eles e conseguimos introduzir uma mudança cultural no convívio com as pessoas de mais idade.
Matéria publicada na edição – 272 – out/2021 da Revista Direcional Condomínios
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