Dicas para um bom desempenho do elevador

A eficiência do elevador passa por conservação e manutenção adequada; a modernização traz conforto, beleza e valorização condominial.

Síndica Ana Paula Justiniano

Ana Paula Justiniano na cabine modernizada; ao lado, elevador antes da reforma

No condomínio Márcia, na Aclimação, região central, o sonho coletivo dos elevadores modernizados virou realidade em novembro último, após nove meses de reforma. “São dois elevadores, fizemos um de cada vez. Tudo transcorreu bem, o que nos ajudou foi que a maioria dos condôminos trabalha fora, mas ainda que houvesse alguma intercorrência, creio que eles não se impacientariam porque desejavam muito essa reforma”, relata Ana Paula Justiniano, há quase dois anos na gestão do condomínio com 17 unidades.

A síndica profissional detalha que o condomínio é de 1979 e o visual dos elevadores, com cabine revestida por fórmica branca, estava bastante desatualizado, sem contar as portas de acionamento manual, fora de moda e desgastadas. No entanto, os elevadores funcionavam bem, sem trancos nem ruídos, “em grande parte por mérito da manutenção preventiva executada corretamente”, diz Ana Paula.

Ela comenta que modernizações são importantes para a valorização dos condomínios e o bem-estar dos condôminos, desde que sejam respeitadas as normas regulamentadoras, a segurança e a vida financeira de cada condomínio. Ana Paula conta que a modernização dos elevadores ficou a cargo da manutencista que atende o edifício. Esta fez intervenção técnica, trocando por exemplo, elementos como o quadro de comando eletromecânico pela versão microprocessada. Fez também a modernização estética, atualizando o padrão interior dos elevadores e portas, com predominância do aço inox. “Nas cabines foram trocados o painel de comando, botoeiras e iluminação. Ficou como se fosse novo”, avalia.

A síndica do condomínio da Aclimação acrescenta que após a reforma os equipamentos seguem o sistema inteligente de chamada, ou seja, assim que o morador ‘chama’ o elevador, é atendido pelo equipamento que estiver mais próximo ao pavimento em que ele se encontrar, trazendo celeridade de embarque e economia de energia.

A modernização saiu por R$ 142.500,00, com entrada de R$ 60 mil e o restante parcelado em 50 meses, sem necessidade de rateio extra porque houve uma negociação com um morador inadimplente há anos. “Fizemos um acordo com ele, que adiantou ao condomínio o valor da entrada do serviço dos elevadores, e o parcelamento do restante da dívida praticamente cobre o da modernização dos equipamentos”, explica Ana Paula. “O acordo foi bom para o morador, pois o imóvel dele quase foi a leilão, e para o condomínio”, analisa.

Inspeções Atrasadas

Síndica Elenice Cabral

Elenice Cabral exibe cópia do RIA, ‘atestado de saúde’ do elevador

Síndica profissional e engenheira civil por formação, Elenice Cabral foi escolhida em novembro de 2022 para o ocupar o posto de síndica do Edifício Elias Cury, na Mooca, zona leste, onde reside há cinco anos. Assim que assumiu o cargo, ela fez um checklist dos trabalhos prioritários a serem executados no tocante à segurança do condomínio cinquentenário.

Na listagem, colocou itens como inspeção detalhada dos elevadores, inclusão do Sistema de Proteção contra Descargas Atmosférica (SPDA) e obtenção do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB). “Encontrei irregularidades que, acredito, não ocorriam por má fé, mas por desconhecimento de síndicos anteriores e dos próprios condôminos, tanto que ao apresentar propostas de correções em assembleia, encontrei certa resistência, como se nada do que eu falava fizesse sentido ou falta ao condomínio”.

Elenice iniciou as regularizações pelos dois elevadores do condomínio porque se atentou ao fato de que o Relatório de Inspeção Anual (RIA) não estava exposto no quadro de avisos; foi atrás e descobriu que o último documento datava de quase quatro anos. “A situação me preocupou no sentido da segurança em si, e no aspecto financeiro pois a Lei 12.751/98 traz que o atraso na documentação está sujeito à multa de 250 UFIRs”, observa a síndica. “Quando abordei a situação dos elevadores no condomínio, ouvi que eu estava exagerando; ‘o elevador nunca caiu’, disseram. É triste, mas percebi que muitos atrelam necessidade à fatalidade”.

Na capital paulista, existe a obrigatoriedade do RIA. Conforme esclarece a Associação Brasileiras das Empresas de Elevadores (ABEEL), esse relatório é como um checkup que garante que o elevador está em boas condições de funcionamento e que não oferece risco aos usuários. “O elevador deve sempre estar bem conservado mediante a realização de manutenções preventivas mensais para evitar acidentes”, diz Marcelo Braga, presidente da ABEEL.

O documento é emitido pela Prefeitura após uma vistoria minuciosa dos aparelhos, que é realizada pelas empresas conservadoras de elevadores e equipamentos similares, sendo inclusive assinado pelo engenheiro mecânico responsável da manutencista. Os contratos de manutenção ou de conservação dos elevadores englobam o RIA.

No caso do Edifício Elias Cury, a síndica fez uma cotação com quatro empresas conservadoras para resolver todas as pendências de ordem documental e operacional dos elevadores, envolvendo o RIA. Foi aprovada em assembleia a empresa que ofereceu melhores condições de parcelamento. O total do investimento na segurança dos elevadores saiu por R$ 37.000,00, valor que está sendo pago pelos condôminos em 15 vezes. “O RIA apontou que faltava aterramento no quadro dos elevadores, e resolvemos isso também, agora está tudo em conformidade com as exigências legais, e o condomínio já dispõe dessa documentação”, comemora Elenice.

Nesse processo foram efetuadas melhorias envolvendo acessibilidade, como aviso sonoro (voice) no interior das cabines e placas em braile nas portas dos elevadores no hall. “Não conseguimos instalar a identificação em braile nas botoeiras internas dos elevadores porque o painel é muito antigo. Mas há planos, mais para a frente, de fazer uma boa modernização. Sonho em ter aquele revestimento de aço inox brilhando em vez da atual fórmica, mas tudo a seu tempo. O principal é termos segurança nos equipamentos”, sintetiza.


Matéria publicada na edição 292 agosto/2023 da Revista Direcional Condomínios

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