Bombas d’água

EVITE EXPLODIR ORÇAMENTO E A PACIÊNCIA

Falta d’água é, sem dúvida, um grande transtorno. Por isso, garanta que os sistemas de bombeamento recebam atenção na parte hidráulica e nos comandos elétricos.

As Bombas d’água são fonte constante de aborrecimentos e despesas em um condomínio. Como ninguém vive sem água, elas trabalham sem cessar e, por isso, o desgaste das peças é inevitável. A solução de costume é contratar uma empresa ou um profissional capacitado para fazer a manutenção preventiva periódica.

Um edifício, dependendo do tamanho e necessidades, pode ser equipado com vários tipos de bombas, que o especialista Pedro Sabatini, com mais de 40 anos de experiência na área, chama de sistemas de bombeamento – porque são compostos de duas partes, a hidráulica e a dos comandos elétricos.

Cada sistema tem uma função específica e a manutenção pode variar de um mês a dois anos e meio. Com boa manutenção, diz Sabatini, o tempo de vida de uma bomba pode chegar a 15 anos. O trabalho deve seguir duas normas regulamentadoras, a 5.410/2008, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), voltada a instalações elétricas de baixa tensão; e a NR 10, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que estabelece normas de segurança para todos os profissionais que atuam com geração, transmissão, distribuição e consumo de energia elétrica. Não há legislação municipal, estadual ou federal específica sobre bombas d’água.

TIPOS DE BOMBAS & PRAZOS DE MANUTENÇÃO

O sistema mais comum e necessário em um edifício é o de água limpa, também chamado de bomba de recalque. Sua função é empurrar a água dos reservatórios inferiores até os superiores, no alto do prédio. Nesse caso, é recomendada manutenção mensal. Os demais tipos são, conforme enumera Sabatini, indicando os períodos adequados de manutenção:

De água suja (também usada para esgoto) – Serve para eliminar a água empoçada, da chuva ou de lavagem das superfícies. Existem até edifícios em que a água brota do piso da garagem. Alguns condomínios armazenam e reutilizam essa água para rega de jardins e lavagem de áreas externas. A periodicidade deve ser mensal;

De piscina – Bombeia e ajuda a filtrar a água. A manutenção deve ocorrer pelo menos a cada dois anos, para a troca de rolamentos do motor;

De pressão – São os chamados pressurizadores. É usada, por exemplo, nos andares mais altos de um prédio, onde a pressão da água do reservatório ou caixa d´água é baixa. Verifica-se o sistema elétrico e hidráulico. Manutenção mensal;

De incêndio – Sem essas bombas, os hidrantes não funcionam. Nos edifícios residenciais, é preciso verificar o seu estado a cada seis meses, no mínimo. Nos comerciais, o procedimento deve ser mensal. Sabatini recomenda que o teste seja feito por um bombeiro da ativa. Segundo ele, isso não é ilegal e alguns são até registrados nas empresas de manutenção;

De água fervida ou submersa – É a bomba que fica dentro d´água. A manutenção deve ser feita a cada 2,5 anos, para a troca do óleo e outros reparos que forem necessários.

De chafariz – Em geral, são pequenas bombas, cuja manutenção deve ser mensal.

CONTRATO

A manutenção preventiva abrange vários componentes elétricos e hidráulicos do sistema de bombeamento, como reaperto de parafusos, troca de fiação, verificação do estado dos contatores (que dão partida ao motor), e limpeza, entre outros. Os defeitos mais comuns aparecem nos comandos.

Ao contratar uma empresa, é bom visitar as suas instalações para checar se os testes de funcionamento das bombas são feitos em bancadas separadas – para bombas de esgoto e de água limpa, por exemplo, recomenda Sabatini. Segundo ele, o contrato costuma ser feito de acordo com o número de bombas instaladas no condomínio; ele pode ser fechado em duas modalidades: normal (ou parcial), em que o conserto, se necessário, é pago à parte; ou integral, cujo custo abrange a manutenção preventiva e o conserto.

SOLUÇÃO MAIS SIMPLES

Nos edifícios menores, a manutenção das bombas pode ser mais simples, desde que eles contem com equipamentos reservas e um funcionário que entenda do assunto (lembre-se, por exemplo, da necessidade de atender à NR 10). No edifício da síndica Valquíria Giroto de França, optou-se pela aquisição de uma bomba de recalque reserva há cerca de seis anos. Seu condomínio, o Morada do Horto, uma torre de 16 apartamentos de quatro dormitórios localizada no Parque Mandaqui, zona Norte de São Paulo, ainda mantém a bomba principal original, instalada pela construtora na entrega do prédio, há 12 anos. Mas já foi para a retífica uma vez. Por isso, a decisão de ter uma reserva, solução que lhe pareceu mais econômica, o que foi facilitado pela contratação de um zelador habilitado em comandos elétricos de bombas d´água, em curso do SENAI.Uma vez por mês, o funcionário, Francisco das Chagas Santos, faz inspeção detalhada no sistema, além de outras mais superficiais. O que costuma apresentar problemas, diz Francisco, são os contatores. “Assim que percebo algum desgaste, troco logo”, conta ele. A bomba de incêndio é testada a cada três meses.

VERDADEIRAS “BOMBAS”

Mas Ana Josefa Severino não tem a mesma sorte de Valquíria. Síndica há 15 anos, há 9 anos ela administra o Condomínio Piazza Di Toscana, no Jardim Avelino, Zona Leste de São Paulo. Concluído em 2004, com cinco torres e 168 apartamentos, o edifício tem 30 bombas hidráulicas, 26 para as caixas d´água e as demais para esgoto e a piscina. Somente neste ano, ela já teve 12 bombas no conserto. Em 2012, foram três consertos e, em 2011, dois. “Neste ano, cada dia estoura uma bomba. Que bomba! É vazamento, é queima, trava, rolamento, comando…”, desabafa Ana Josefa.

Toda vez que uma bomba quebra, a síndica ouve queixas dos condôminos. “Fico desesperada, não dá pra ficar sem água, todo mundo reclama, com razão”, diz. As quebras não são por falta de manutenção. Ela tem contrato com uma empresa especializada, que faz inspeção mensal. Já é a quarta empresa que ela contrata. Quando ocorre algum problema, o técnico leva o equipamento, deixa um de reserva e cobra as peças à parte. Ainda assim, ela quer mais bombas no prédio, pois pretende construir reservatórios de água pluvial para reaproveitamento na lavagem de áreas externas e rega de plantas.

Matéria publicada na edição – 184 de out/2013 da Revista Direcional Condomínios

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