Algumas capitais brasileiras vêm registrando aumento dos casos de dengue, antes mesmo da chegada do verão.
Conforme a Aprag (Associação dos Controladores de Vetores e Pragas), o combate ao Aedes aegypti, transmissor da doença, bem como de zika vírus, febre amarela e chikungunya, deve ocorrer durante todo ano, apesar de a reprodução dos mosquitos ser menor em épocas mais frias. “Os condomínios que relaxaram durante o inverno nos cuidados para evitar o aparecimento de criadouros do mosquito certamente terão problemas no verão”, alerta Sérgio Bocalini, especialista em Entomologia Urbana e Vice-Presidente Executivo da Associação.
SOBRE O AEDES
Bocalini explica a menor infestação do Aedes na época do inverno: “As baixas temperaturas influenciam diretamente na vida dos insetos, fazendo com que o ciclo de desenvolvimento deles fique mais lento”. Nem por isso os domicílios devem relaxar, pois os ovos das larvas do mosquito, “quando colocados nos recipientes, ficam viáveis por um período de 10 a 12 meses e, quando em contato com a água, eclodem”. Assim, “o ponto principal para a diminuição das infestações de Aedes aegypti é a eliminação de criadouros. Se isso for feito a contento, a aplicação de inseticidas se torna desnecessária.”
PROGRAMA INTEGRADO
Para quem descuidou, não há outra forma senão reforçar o serviço de controle de pragas. No geral, o manejo contra vários tipos de transmissores de doenças ou animais que causam transtornos e danos (físicos e financeiros) deve compor a rotina permanente da manutenção dos condomínios. Sérgio Bocalini defende o uso de um “programa de manejo integrado”. “É o método mais indicado para um controle efetivo dos mais diversos tipos de pragas que possam infestar um condomínio. Quando bem implementado, ele traz benefícios constantes, pois o monitoramento irá identificar os momentos mais adequados para as diversas intervenções que possam ser adotadas.”
Num programa como esse, “estão previstas ações que eliminam pontos de acesso e de atratividade para as pragas, como alimento, abrigo e água”, além das intervenções de combate propriamente ditas. Já o intervalo recomendado entre uma ação e outra “deve ser planejado e estipulado com base no monitoramento feito de forma minimamente mensal”, orienta.
Para o biólogo Gilson Julião da Silva, que atua há dez anos no setor, o programa de manejo irá definir os períodos do serviço. É preciso antes fazer um diagnóstico in loco, verificar a área do condomínio, o grau de infestação de insetos e roedores, entre outros, para estabelecer o cronograma e detalhar os procedimentos. “Alguns lugares têm controle mensal, outros o fazem semestralmente”, diz. E cada caso exige uma abordagem. Contra o Aedes, por exemplo, é possível aplicar inibidores ao desenvolvimento dos ovos nos locais que costumam acumular água limpa, como nas grelhas e ralos. Os pombos, por sua vez, exigem um tratamento especial, já que são protegidos por lei, explica Gilson. Fungos presentes nas fezes dessas aves podem transmitir a criptococose, doença infecciosa que atinge o homem e demais animais, causando problemas respiratórios, no sistema nervoso central ou meningite e meningoencefalite.
QUEM PODE FAZER O MANEJO
O controle de pragas deve ser executado por empresa especializada, portadora de licença de funcionamento, vinculada a um Conselho Regional de classe e representada por um responsável técnico (Biólogo, Engenheiro Agrônomo ou Florestal, Médico Veterinário, Químico, ou demais profissionais habilitados por esse conselho), orienta Sérgio Bocalini. Isso é determinado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão do Ministério da Saúde. E o Conselho Federal de Química impõe a obrigatoriedade de registro junto ao órgão “de todas as empresas e filiais que tenham atividades relacionadas à área da Química”, entre elas, dedetização, desinfecção, desratização, descupinização etc.
A EXPERIÊNCIA DOS GESTORES
Engenheiro civil, gerente predial do edifício comercial New Empire e síndico no condomínio em que mora, Francisco Xavier Pinto Lima promove controle semestral da infestação de insetos e roedores. No Empire, há um contrato permanente com empresa especializada. Já no residencial, a contratação é feita para cada serviço necessário. Em ambos os locais, sua equipe é orientada a eliminar, a qualquer tempo, o acúmulo de água limpa nos recipientes, bases dos vasos de plantas e demais locais, evitando a formação de criadouros do Aedes.
Também a síndica Kelly Remonti, do Condomínio Top Village, em Alphaville, região metropolitana de São Paulo, adota um controle semestral. Sobre o Aedes, Kelly relata que “o monitoramento de possíveis áreas de acúmulo de água é feito de maneira visual pelo zelador e pela manutenção”. “Quando tivemos as primeiras notícias sobre o mosquito, efetuamos uma varredura nas áreas comuns do condomínio, inclusive nos telhados, para identificar esses criadouros. Muitos foram eliminados, como, por exemplo, restos de materiais no telhado como calhas e telhas que foram substituídas.” Portanto, fica a dica da síndica, que promove ainda campanhas para que os moradores evitem água parada nas sacadas e ralos.
Matéria publicada na edição – 218 – nov/16 da Revista Direcional Condomínios
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