Mais de US$ 1,8 bilhão é quanto o mercado de sistemas de segurança eletrônica movimentou no Brasil em 2011, montante 9% superior ao de 2010, segundo a Abese (Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança). A entidade aponta que 51% desse mercado estão concentrados na região Sudeste e que a tecnologia mais utilizada hoje é o circuito fechado de televisão (CFTV).
“São Paulo deve ter mais de 40 mil condomínios residenciais e comerciais e acreditamos que em 80% deles existe algo planejado na área de segurança, mesmo que o mínimo”, afirma o diretor da Abese, Oswaldo Oggiam. E diante da onda de arrastões neste ano, o que está acontecendo em muitos locais é uma reavaliação dos sistemas já existentes. “A maioria está revendo o que foi colocado muitas vezes de forma inadequada anos atrás”, destaca.
Essa conduta é importante, pois não basta instalar equipamentos, é preciso contar com planejamento, integração do sistema, manutenção e testes periódicos para que eles funcionem plenamente em caso de necessidade.
Confira as orientações de especialistas:
1 – Não fazer tudo sozinho. Não adianta comprar equipamentos indicados por vendedores e fazer instalações mais baratas com profissionais que não se comprometem com a manutenção. “Primeiro é preciso buscar um consultor no mercado para fazer um projeto específico para o condomínio. Só depois vale procurar os equipamentos e fazer cotações”, orienta José Elias de Godoy, oficial da PM de São Paulo e especialista em segurança em condomínios.
2 – Buscar, de preferência, uma empresa integradora do sistema. “É contraindicado comprar equipamentos individualmente em locais diferentes e chamar alguém para instalar. Porque depois dá problema no sistema e o vendedor culpa o instalador e vice-e-versa. O ideal é que a mesma empresa que vende o equipamento, instale e faça a manutenção do sistema”, recomenda Godoy.
3 – Ter cuidado redobrado na hora de contratar. O síndico e a comissão de segurança do edifício devem fazer um levantamento criterioso de fornecedores, checar sua idoneidade, solicitar orçamentos completos e comparar tudo antes de optar por uma prestadora de serviços.
4 – Atenção ao contrato. Escolhida a empresa, é hora de detalhar a responsabilidade das partes. É preciso ter clareza sobre os serviços que serão prestados, incluindo o funcionamento do sistema, detalhamento das medidas a serem tomadas em caso de ocorrência, além de garantia de suporte e manutenção frequentes.
5 – Reavaliar o sistema periodicamente. “A operação do condomínio tem que ser reavaliada sempre, com direito a simulações de tentativa de intrusão. A rotina de testes periódicos de equipamentos e procedimentos deve acontecer no mínimo a cada 30 dias. Manutenções devem ser sempre rápidas”, ressalta o diretor da Abese.
EQUIPAMENTOS BÁSICOS
A tecnologia avançou muito nos últimos anos e já existem opções de equipamentos que atendem desde os sistemas mais simples e econômicos até os mais elaborados. Os básicos são:
Proteção perimetral – Inclui cerca elétrica, sensores de presença e alarmes contra intrusão. Tudo é controlado por meio de uma central de alarmes, que permite armar e desarmar o sistema. Envolve ainda a barreira física, como portões automatizados, gaiola, caixa de passar volumes, guarita isolada etc. É importante verificar que alguns aparelhos devem receber certificação do Inmetro, como as cercas elétricas.
Controle de acesso – Há vários softwares no mercado para controle de dados, cadastramento de moradores, visitantes, funcionários e veículos. Pode ser com cartão de proximidade, biometria ou sistema alfanumérico (senhas de acesso).
CFTV – Monitoramento de área interna e externa por meio de imagens exibidas em aparelhos de TV. O mercado oferece vários tipos de câmeras, entre analógicas e digitais (chamadas IP, de quarta geração), além de gravadores DVR (digital vídeo recording, com câmeras analógicas) ou NVR (net video recording, com câmeras IP). De acordo com Oggiam, a escolha da tecnologia depende da aplicação e da planta do prédio, mas quem tem sistema analógico funcionando bem não precisa migrar para o sistema IP. A gravação das imagens deve ocorrer numa sala de monitoramento exclusiva. Centralizar tudo na portaria é um erro básico, pois os ladrões podem se apropriar das imagens ou invalidar o sistema.
Integração e monitoramento 24 horas
É recomendável que os equipamentos sejam integrados entre si e que o condomínio conte com um serviço de monitoramento 24 horas. Dessa forma, se houver uma tentativa de intrusão ou alguma irregularidade, os sensores detectam, ocorre o disparo de alarme na central de monitoramento, visualiza-se a ocorrência e, principalmente, tomam-se as devidas providências, enviando equipe de apoio, avisando os demais moradores e acionando a polícia.
“Ter apenas o registro de câmeras sem o monitoramento é como ver pelo retrovisor, sem a chance de tomar uma ação sobre o acontecimento na hora em que ele ocorre”, alerta Oggiam.
A tendência é a contratação de sistemas mais proativos, com botões de pânico distribuídos em diferentes espaços, como portaria, pontos estratégicos do edifício e apartamentos, de forma que qualquer condômino possa comunicar uma irregularidade.
UM MANUAL PARA O SISTEMA
E para garantir o serviço ininterrupto, com envio de sinal e imagens 24 horas, as empresas de monitoramento contam com comunicação via rede telefônica comum e também pela rede de celular. Assim, se houver problema ou corte proposital da linha fixa convencional, existe a segunda via de comunicação e o monitoramento não para.
O edifício Santana Top Life, em São Paulo, conta com monitoramento remoto 24 horas e os gestores mantém atenção constante aos equipamentos. O síndico Nicanor Pereira de Souza revela que há cinco anos a comissão de segurança do condomínio criou um manual sobre o tema. “Ele prevê melhorias e já fizemos muitas, como a criação de vaga de emergência na garagem para moradores que estejam coagidos. Em breve dobraremos o número de câmeras para melhor monitoramento das áreas e em 2013 investiremos na blindagem de vidros da portaria”, conta. O prédio de 17 andares nunca passou por uma ocorrência. “Temos grande preocupação com o assunto e não esperamos o problema aparecer para tomar atitude”, conclui.
Matéria publicada na Edição 174 – nov/12 da Revista Direcional Condomínios.