Equipamentos eletrônicos digitais reforçam sistema de segurança dos condomínios

Sistemas eletrônicos de segurança são cada vez mais comuns nos condomínios, residências, empresas, veículos e até nas ruas. A Abese (Associação Brasileira das Empresas de Segurança Eletrônica) estima que haja no País cerca de 710 mil imóveis monitorados por sistemas eletrônicos. O diretor de comunicação da entidade, Rogério Reis, afirma que pelo menos onze mil empresas atuam no segmento. Elas fabricam e instalam conjuntos de alarmes, sensores, circuitos fechados de TV, controles de acesso, portas e portões automáticos, detectores de metais e explosivos, dispositivos de identificação por biometria e de rastreamento de veículos e pessoas, entre outros. São diversos modelos e marcas, que Rogério Reis divide em quatro categorias:

1. Sistemas de alarme de detecção de intrusão: são instalados em portões, portas, muros, janelas ou dentro dos ambientes do condomínio. Utilizam sensores infravermelhos ou magnéticos. As cercas eletrificadas também têm essa função;

2. Sistemas de vídeo ou CFTV (Circuito Fechado de Televisão): São restritos ao ambiente. Utilizam câmeras digitais (IP’s) ou analógicas. A maioria ainda é analógica, mas as IP’s estão ganhando mercado e tendem a predominar ao final da próxima década;

Enquanto as analógicas usam cabo coaxial, as digitais operam como redes, utilizando, por exemplo, o protocolo TCP/IP para transmitir informações. Elas ainda são dotadas de software que avalia as imagens e, se houver algo fora do padrão, fazem acionar um alerta. Tudo depende do que é programado para a câmera fazer. É possível até registrar a placa de todos os carros de um condomínio.

O CFTV pode ser equipado com vários tipos de câmeras. Existem os modelos speed dome (analógica ou digital), capazes de girar 360 graus e com zoom analógico de até 37 vezes. O mercado já oferece câmeras de alta definição que podem selecionar as pessoas pela cor dos olhos.

Esses circuitos internos exigem um operador. O alerta pode ser disparado para onde for programado, através de e-mail ou chamada num celular. As imagens são gravadas em um DVR (gravador digital) e podem ser arquivadas na nuvem (em um domínio da internet). Dependendo da câmera, a transmissão das imagens exige internet com banda larga.

3. Sistemas de controle de acesso: Normalmente ficam instalados nas catracas, cancelas, portas e portões. Existem hoje sistemas de controle por cartão ou leitura biométrica – da face, digital e íris. Os leitores biométricos são mais seguros que os cartões, que podem ser roubados ou entregues a outras pessoas. Mas o sistema biométrico exige cadastramento prévio;

4. Sistemas de alarme de incêndio: eles devem estar integrados ao projeto de prevenção e combate ao fogo, conforme a legislação e as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

Os equipamentos vêm passando por grande desenvolvimento tecnológico, analisa Joelma Dvoranovski, empresária que doou os recursos de segurança do Masp (Museu de Arte de São Paulo). A oferta é grande e a tecnologia tão variada que, para os administradores de condomínios, fica difícil escolher o aparelho mais adequado e, sobretudo, a empresa instaladora.

ACERTANDO NAS ESCOLHAS

“Muitas empresas compram câmeras baratinhas e cobram preços de equipamentos importados”, comenta Joelma. Além disso, conferir a qualidade é complicado, diz. É preciso ver a imagem da câmera no escuro. Mas, quando nova, até uma câmera de segunda se mostra eficiente. O problema surge quatro ou cinco meses depois, quando um aparelho de má qualidade perde essa eficácia.

A dificuldade do consumidor é ainda maior porque inexistem normas para a fabricação dos equipamentos eletrônicos de segurança. Para evitar aborrecimentos, Joelma recomenda comprar apenas de fabricantes de reconhecida qualidade. Outra providência é recorrer à própria Abese, que atribui um selo de qualidade às empresas que seguem determinadas normas. A entidade recomenda ainda que os síndicos contratem um consultor antes de comprar os equipamentos. O profissional deve fazer um projeto prévio, baseado na análise de risco do imóvel, dos pontos vulneráveis e das ocorrências passadas. Também deve considerar a infraestrutura do local, como tubulações etc.

TENTANDO MUDAR

Luzia Maziero Fernandes é síndica de dois edifícios em Moema, zona Sul de São Paulo: o Marquês de São Vicente e o Montpelier, ambos com uma torre, pouco mais de 30 apartamentos e 40 anos de existência. Embora nunca tenha havido qualquer ocorrência nesses condomínios, Luzia se preocupa com a segurança e faz parte do Grupo de Síndicos do Programa Vizinhança Solidária, entidade na qual é tesoureira. A principal atividade do grupo de síndicos é a ajuda mútua. Eles se comunicam por rádio sobre qualquer anormalidade.

Os dois edifícios que Luzia administra são equipados com sistemas de câmeras de vídeo (analógico) e monitores na portaria. O controle de entrada e saída de pessoas é feito pelo porteiro. Um dos edifícios é equipado com luzes que captam imagens à noite (infravermelho) em vários pontos (a área do condomínio é grande). Ele possui um contrato de monitoramento junto a uma empresa de segurança. A iluminação de ambos os condomínios não está ligada a sensores de presença, atendendo a uma recomendação da polícia, de que as luzes permaneçam sempre acesas. “Bandido não gosta de luz”, lhe disseram os policiais.

Ela acompanha o mercado e pretende investir em câmeras speed dome, com visão de 360 graus, também por orientação da polícia. Mas enfrenta a resistência dos condôminos. “A gente tem que modernizar, mas, infelizmente, os moradores querem deixar tudo sempre para depois.”

Matéria publicada na edição – 185 de nov/2013 da Revista Direcional Condomínios

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