Síndicos: Como e onde se profissionalizar

Apesar de experientes, os síndicos procuram se atualizar em cursos de gestão condominial. Mas há também conselheiros, subsíndicos, administradores e gestores prediais estudando para garantir um lugar no mercado.

A profissão não é regulamentada, mas isso é o que menos importa aos estudantes já calejados que têm procurado frequentar os cursos de administração condominial e formação de síndicos, atualmente oferecidos em algumas cidades brasileiras. “Mesmo sendo síndica há 14 anos, procuro melhores soluções para resolver os problemas cotidianos do condomínio”, afirma Mareli Gonçalves, do Residencial Jardim Botânico, localizado na zona Sudeste de São Paulo.

Mareli acaba de concluir o Módulo I do curso de Administração de Condomínios oferecido pela Escola Paulista de Direito, sob coordenação da Profa Rosely Benevides de Oliveira Schwartz. A síndica teve como colega de classe outra gestora bem experiente na função: Maria Virgínia Santos, há 20 anos à frente do Condomínio Residencial Interlagos, um complexo de sete torres e 728 unidades da zona Sul da Capital.

A ideia de Mareli é talvez exercer profissionalmente a função. Segundo ela, o curso contribui com informações indispensáveis aos síndicos na hora de contratar parceiros como a administradora, seguradora e prestadores de serviços, entre outros. Já Virgínia queria, havia muito tempo, conhecer formas mais eficazes de gerenciar a vida diária do condomínio. Pôde agora frequentar o Módulo I do curso, que trata de diferentes temas ligados ao cargo de síndico, como as atribuições previstas no Código Civil, Convenção, gerenciamento de estoque, de documentos, administração de pessoal, contratos, tributos, balancetes, custos, inadimplência e seguro.

“O síndico tradicional necessita conhecer cada vez mais suas obrigações, por exemplo, saber onde ele precisa de assessoramento, como na área fiscal”, avalia o advogado Romeo Boettcher, autor do livro “Estou síndico. E agora?!” (Editora Age, 2014). Estabelecido em Porto Alegre, Boettcher é síndico há 30 anos e ministra cursos na Capital gaúcha, que além dos temas mais comuns ao segmento, inclui abordagens caras a esses gestores, como a responsabilidade civil e a aplicação de multas disciplinares. O advogado observa que os cursos devem ensinar questões-chaves, entre elas, a convocação de uma assembleia de condôminos. “Uma reunião mal convocada é um palco de encrencas”, alerta.

Para a Profa Rosely Schwartz, que iniciou esse tipo de formação em 1998, é fundamental que os organizadores incluam cinco grandes abordagens na programação trabalhada com os estudantes: Instrumentos legais e fiscais; Instrumentos normativos de obras e segurança; Instrumentos contábeis e financeiros; Instrumentos de planejamento de gestão, e; Fundamentos éticos.

Rosely estima que formou 5.600 alunos em 16 anos, de síndicos moradores e profissionais, a diretores e funcionários de administradoras, gestores prediais, condôminos, advogados etc.

Além dos cursos da EPD, também a Gábor RH, o Secovi-SP e a Aabic (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo) oferecem cursos de formação de síndicos ou temáticos. Na Gábor RH, há uma programação com dez módulos, de 30 horas cada. No Secovi-SP estão previstos, no segundo semestre de 2014, módulos não apenas de gestão condominial, quanto abordagens tópicas, como análise de balancete e responsabilidade civil. E a Aabic realiza treinamentos mais práticos, como gestão de pessoas, qualificação de zeladores e porteiros, segurança e manutenção preventiva.

As instituições oferecem certificado de participação e conclusão, mas os cursos não são reconhecidos pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura). Eles são pagos e apresentam valores bem variados, conforme a carga horária.

Matéria publicada na edição – 192 de jul/2014 da Revista Direcional Condomínios

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