Unidos por um marco geográfico, a ampla faixa de vegetação que se estende no eixo do Rio Pinheiros, os bairros de Pinheiros, Vila Madalena, Alto de Pinheiros, Jardim Paulistano, Itaim Bibi e Brooklin compõem uma das regiões mais privilegiadas da cidade, tanto pela presença do verde quanto pela sua intensa vida social e cultural.
Vista do Jardim Paulistano com o Espigão da Paulista ao fundo
De acordo com a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, os moradores de Pinheiros dispõem, por exemplo, de uma cota de 5,25 m² de verde de praças e parques por habitante, enquanto a média da cidade é de 2,6 m². O bairro, inclusive, deve seu nome à antiga presença de bosques de araucárias na margem direita do Rio Pinheiros. O verde representa, assim, um dos traços distintivos desses distritos, que trazem outra peculiaridade: o costume de as pessoas circularem mais a pé pelas ruas, seja no deslocamento para o trabalho, as compras ou o lazer.
Para o advogado Michel Rosenthal Wagner, especialista em questões de vizinhança, são bairros que incorporam aquilo que ele costuma definir como “cidade viva”, de indivíduos que frequentam e ocupam as ruas, principal antídoto, segundo ele, contra a degradação urbana e a violência.
Paulistano criado na região central da cidade, Michel mora em Pinheiros há vinte anos e há três estabeleceu seu escritório na Vila Madalena. “Essa é uma das poucas regiões de São Paulo que tem o adensamento do verde em suas calçadas e domicílios, não apenas em praças e parques, realidade que se estende, em contiguidade, até o Ibirapuera. Portanto, é um patrimônio da zona metropolitana sobre o qual os condomínios têm responsabilidade de preservar, usufruir e cuidar.” É o caso das calçadas externas, que devem ser desenhadas e mantidas como uma situação de vizinhança adequada para atuar como espaço de integração das pessoas com a cidade, diz.
Para a síndica Márcia Carvalho, do Residencial Welcome, em Pinheiros, a vantagem do bairro sobre as demais regiões de São Paulo está justamente nesta possibilidade de acessar os serviços, o lazer e o comércio a pé, além da mobilidade trazida pelas novas estações do Metrô (Faria Lima e Fradique Coutinho). No entanto, na contramão dessa ocupação, a infraestrutura urbana, especialmente a rede elétrica, não foi modernizada e está bastante precária, aponta.
Também a síndica profissional Luzia Maziero, que mora e atua no Itaim Bibi, incluindo seu trabalho no programa Vizinhança Solidária, destaca o convívio dos moradores com a rua, o comércio e os serviços, mas se queixa do trânsito nos dias úteis da semana, gerado pela concentração de prédios de escritórios em algumas vias.
Segundo o advogado Michel R. Wagner, é preciso ainda barrar um fenômeno em curso: a expulsão da população mais simples pela elevação dos preços dos imóveis, serviços e mesmo do IPTU, o que poderá afetar uma das principais riquezas de Pinheiros e da Vila Madalena, a sua diversidade populacional.
Matéria publicada na edição – 198 de fev/2015 da Revista Direcional Condomínios