Gerador: Estude suas necessidades e as opções do mercado antes de definir o projeto

O ano de 2015 registrou aumento de 23% no número de apagões no Brasil em relação a 2014, segundo divulgou o Ministério de Minas e Energia. O balanço foi feito para cortes de energia com carga acima de 100 megawatts por mais de dez minutos. Estima-se que cada megawatt seja suficiente para abastecer mil residências. Em São Paulo, Capital, bairros chegaram a sofrer falta de energia por até dois dias. Desta forma, uma das prioridades dos condomínios em 2016 é investir na instalação e/ou readequação dos geradores.

A síndica Luciana de Souza Campos, do Condomínio Edifício Cardeal, passou pela experiência e diz que os moradores, muitos deles idosos, resolveram adquirir um equipamento já neste ano. O projeto foi orçado em R$ 150 mil, incluindo toda operação de instalação (o gerador precisará ser içado para uma área nos fundos do prédio, nos limites de uma rua lateral).

Para o consultor de riscos na área condominial, Carlos Alberto dos Santos, os gestores devem aproveitar a anuência dos moradores para investirem de maneira adequada nesses equipamentos. Ele acompanha hoje, por exemplo, caso do Condomínio Villa de São Gabriel que aprovou, há cinco anos, um projeto equivocado, executado em área sem ventilação. Agora os administradores terão que providenciar o desmonte de todo o conjunto, seu transporte para nova montagem na sede de uma empresa especializada e, depois, o içamento para uma área externa do condomínio, apropriada e adaptada. Atualmente, o gerador está localizado em um compartimento baixo e pequeno no primeiro subsolo da garagem, junto aos veículos, e, quando em operação, ele aquece o ambiente. Inexiste tratamento acústico do local.

Gerador instalado de forma inadequada no subsolo


Outra mudança será incorporar o gerador ao sistema de prevenção e combate ao fogo do edifício, alimentando a bomba de incêndio, o que exigirá “enclausuramento com porta corta-fogo”.

Atualmente, os condomínios dispõem de três opções de geradores (para as áreas comuns):

a) Gerador de conforto de baixa potência. Segundo o empresário do setor, Marcio Roberto Sanchez, são equipamentos menores que atendem a portarias (guarita e portões de acesso), iluminação (incluindo a de emergência) e CFTV. Eles têm capacidade entre 8 e 12 KVA e requerem investimentos entre R$ 9 mil e R$ 15 mil. Pequenos, medem cerca de 1,10 metro de comprimento por 1,60 metro de largura, e podem ser movidos a gasolina ou diesel. Segundo Marcio Sanchez, eles substituem os nobreaks, apresentando maior autonomia (oito horas);

b) Gerador de conforto de alta potência. São indicados para elevadores, iluminação, bombas de drenagem e recalque. Apresentam, em média, potência de 40 a 60 KVA, mas há condomínios que contratam grupo gerador de 180 KVA. O consultor Carlos Alberto dos Santos recomenda que, mesmo nesses casos, os gestores providenciem uma central de luz de emergência independente, para efeitos de aprovação do AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros);

c) Gerador de emergência. São os de alta potência, ligados ao sistema de prevenção e combate ao fogo do prédio. Precisam atender às normas do Corpo de Bombeiros quanto às condições de enclausuramento, entre outras. Carlos Alberto propõe esse formato aos condomínios, “pois se vão fazer um investimento, que contemplem já o projeto de combate a incêndio”.

Entretanto, qualquer que seja a opção do síndico, é fundamental que se realize antes um estudo de demanda de carga, diz. “Caso contrário, será um tiro no escuro. Temos no Villa de São Gabriel um exemplo de falta desta análise prévia, o que os levou a comprar um gerador com capacidade acima da necessidade.”

ALIMENTAÇÃO NAS UNIDADES

Há quem invista ainda na extensão do serviço às unidades. Para Marcio Roberto Sanchez, o uso de um único gerador no prédio para alimentar também as unidades exige cuidado no estudo de demanda, pois, por mais potente que seja, dificilmente dará conta da carga exigida pelos chuveiros e aparelhos de ar-condicionado. É preciso que um técnico realize a análise, estabelecendo o dimensionamento e compatibilização entre a demanda e a potência do gerador, afirma.

A síndica Mariza Carvalho Alves de Mello administra um condomínio, o residencial Positano, localizado na Vila Nova Conceição, região do Parque do Ibirapuera, em São Paulo, já entregue pela construtora com o gerador ligado ao sistema de incêndio e com alimentação nas unidades. O edifício possui somente nove apartamentos, e cada um deles está com a cozinha, algumas tomadas dos demais cômodos e iluminação total abastecidos pelo gerador. Outro prédio na região, também administrado por Mariza, estuda implantar, ainda neste ano, um projeto similar. “Ninguém quer ficar no escuro”, arremata a síndica.

TANQUE DE COMBUSTÍVEL, MUDANÇAS EM CURSO

Instrução Técnica em revisão do Corpo de Bombeiros de São Paulo, a IT 25/2015, determina que os tanques de combustíveis de geradores instalados nos condomínios tenham capacidade de armazenamento de no máximo dois mil litros, estejam instalados no piso térreo, mezanino técnico ou subsolo, e disponham de exaustão natural ou mecânica dos gases emanados da combustão (Item 14.1.2). Neste mesmo item, a nova versão da IT estabelece que somente serão aceitos recipientes “metálicos ou latões de segurança, guardados em compartimentos para armazenamento e providos de sistema de contenção de vazamentos”. Muitos condomínios utilizam tanques em policarbonato e deveriam se adequar aos novos quesitos da norma após a sua aprovação, com atenção para escolha de recipientes com tampa de inspeção, afirma Carlos Alberto dos Santos.

Matéria publicada na edição – 210 – mar/2016 da Revista Direcional Condomínios

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