Acústica nas construções: normas técnicas e melhoria do conforto

A percepção que o meio técnico tem é de que houve um período em que o desconforto acústico em edifícios começou a aumentar. Isso se deu na crise da construção da década de 90, período em que foi necessário fazer edificações mais “enxutas”, para redução de custos.

Essa “enxugada” foi feita principalmente nos elementos estruturais, que se tornaram mais esbeltos, devido ao aperfeiçoamento dos materiais e a novos métodos de cálculo. Isso, sem querer, afetou o desempenho acústico, pois a espessura de paredes e lajes diminuiu.

A indústria da construção começou a despertar para isso com o advento da NBR 15575, em 2008. Porém, o Brasil ainda está longe dos padrões de conforto acústico dos países europeus, pois os nossos limites de ruídos ainda são muitos altos. Mas já é um começo, pois se antes não se pensava nisso durante o projeto, agora já se pensa. E também, já está se utilizando o conforto acústico como diferencial de venda. Com o passar dos anos e a adaptação do mercado, os limites tendem a ficar mais rigorosos.

A seguir, relacionamos as principais normas ABNT que as construtoras devem atender em termos de desempenho acústico das instalações e estrutura:

NBR 5626 – Instalação predial de água fria (ABNT, 1998)

  • Menciona que as instalações prediais de água fria (tubulações, reservatório e bombas) devem ser projetadas e executadas de maneira a atender às necessidades de conforto do usuário, com respeito aos níveis de ruído produzidos ou transmitidos pela própria instalação, bem como de maneira a evitar que as vibrações venham a provocar danos à instalação predial de água fria ou às demais partes do edifício;

NBR 10151 – Acústica – Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade – Procedimento (ABNT, 2003)

  • Fixa as condições exigíveis para avaliação da aceitabilidade do ruído em áreas habitadas, independentemente da existência de reclamações;
  • Especifica um método para a medição de ruído;

NBR 10152 – Níveis de ruído para conforto acústico – Procedimento (ABNT, 1987)

  • Fixa os níveis de ruído, para diversos tipos de edificações, compatíveis com o conforto acústico em ambientes diversos;

Coletânea NBR 15575 – Edificações habitacionais – Desempenho (ABNT, 2013)

  • Estabelece requisitos de desempenho acústico para edificações habitacionais;
  • Especifica métodos para a medição de ruído;

NBR 15575-3 – Parte 3: Requisitos para os sistemas de pisos (ABNT, 2013)

  • Estabelece limites de ruído de impacto (caminhamento, queda de objetos e outros) entre pisos das unidades;
  • Estabelece níveis atenuação do ruído aéreo (fala, TV, música e outros) entre pisos das unidades;

NBR 15575-4 – Parte 4: Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas (ABNT, 2013)

  • Estabelece níveis atenuação do ruído aéreo (fala, TV, música e outros) entre a unidade e a parede externa (fachada);
  • Estabelece níveis atenuação do ruído aéreo (fala, TV, música e outros)  entre paredes internas que dividem a unidade;

NBR 15575-5 – Parte 5: Requisitos para os sistemas de coberturas (ABNT, 2013)

  • Limite de ruído de impacto (caminhamento, queda de objetos e outros) da cobertura da unidade;
  • Estabelece níveis atenuação do ruído aéreo (fala, TV, música e outros) da cobertura da unidade.

NBR 15575-6 – Parte 6: Requisitos para os sistemas hidrossanitários (ABNT, 2013)

  • Estabelece limites de ruídos gerados por equipamentos hidrossanitários de outros ambientes que não sejam da própria unidade (requisito apenas informativo, não obrigatório).

Matéria complementar da edição – 214 – julho/2016 da Revista Direcional Condomínios

Não reproduza o conteúdo sem autorização do Grupo Direcional. Este site está protegido pela Lei de Direitos Autorais. (Lei 9610 de 19/02/1998), sua reprodução total ou parcial é proibida nos termos da Lei.

Autor

  • Marcus Vinícius Fernandes Grossi

    Engenheiro Civil, é doutorando em tecnologia da construção pela USP; mestre em Tecnologia da Construção de Habitações pelo IPT; especialista em Excelência Construtiva e Anomalias pelo Mackenzie; em Gestão e Tecnologia da Construção pela POLI-USP; Inspetor de Estruturas de Concreto pelo IBRACON, ABECE e ALCONPAT. Atua como Perito Judicial, Assistente Técnico da Defensoria Pública e Ministério Público do Estado de São Paulo; professor universitário; palestrante de cursos de perícia e patologia das construções. É sócio-gerente da Fernandes & Grossi Consultoria e Perícias de Engenharia, onde atua com consultoria, perícias de engenharia, inspeção predial, entrega de obras, auditoria de projetos, normatização técnica, desempenho e qualidade das construções. Atualmente é membro da Divisão Técnica de Patologia das Construções do Instituto de Engenharia e associado da ALCONPAT - Associação Brasileira de Patologia das Construções. Lançou a obra “Inspeção e Recebimento de Obras/Edificações Habitacionais” (LEUD Editora, 2020).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

cinco × 1 =