O síndico deve estar cercado de bons fornecedores e boas informações, ficar atento aos custos de manutenção, ter em mãos as especificações de projeto e buscar apoio de especialistas na operação do equipamento. Caso o sistema existente seja antigo e apresente falhas frequentes, está na hora de pensar na troca por um mais moderno.
Apesar de muitos conhecerem as bombas de pressurização aplicadas mais ao sistema de combate a incêndio, elas são muito comuns no sistema de água potável.
Elas são utilizadas normalmente no barrilete das edificações residenciais quando a caixa de água superior não é capaz de suprir a necessidade de pressão dos andares mais altos. Nas edificações comerciais, em geral, não se utiliza a pressurização dos andares superiores.
As pressurizadoras para água potável em edifícios residenciais são utilizadas para as seguintes condições:
– Onde há sistema de aquecimento de água a gás por aquecedor de passagem;
– Quando se quer oferecer maior conforto de utilização para a cobertura, por conta da posição da caixa d’água (principalmente em apartamentos de cobertura, duplex e triplex).
Um grande precursor do uso de pressurização foram justamente os aquecedores de passagem a gás que exigem pressões mínimas para um bom funcionamento. Até por volta de 2004 ainda se utilizavam pequenas bombas individuais na entrada dos aquecedores, mesmo em edifícios novos, embora já se utilizasse os sistemas pressurizadores que descrevo a seguir.
Os primeiros sistemas tinham bombas mais ruidosas e funcionavam em série com tanques de pressão (como se fossem pulmões), muitas vezes grandes (quase 2 metros de altura e capacidades enormes) e que ocupavam muito espaço (Figura 1 Abaixo). Elas eram do tipo liga/desliga e podiam causar danos nas tubulações quando davam partida por conta do golpe resultante do funcionamento abrupto. Além disso, o usuário não tinha uma pressão constante, ela sempre oscilava entre o liga e desliga da bomba. Para amenizar esses efeitos, utilizava-se os tanques de pressão (tanques hidropneumáticos).
Além de amenizar o golpe com a entrada em funcionamento da bomba, outra função dos tanques de pressão era fazer com que ela não fosse ligada tantas vezes seguidas no caso de baixa demanda, pois frequentes partidas causavam desgaste ao motor. Os tanques, em geral, continham uma membrana que separava a parte superior cheia de ar da parte inferior, que a água ocupava. Esse ar comprimido pela água ajudava no início da operação quando havia consumo, auxiliando na entrada da bomba. O sistema funcionou por décadas, mas a evolução dos materiais, construção das bombas e motores praticamente colocou em desuso os sistemas grandes do tipo liga/desliga em condomínios.
Figura 1 – Sistema anterior, tipo liga/desliga, de bomba de pressurização da água de consumo
Fonte: Eng. Civil Renato Luiz Moreira
A evolução veio na mecânica das bombas e motores com inversor de frequência (Figura 2 abaixo), bem silenciosas e sem vibração, que, ao invés de ligar em velocidade máxima, agora fazem isso de forma gradual e suave, conforme a demanda de água. Estes sistemas são muito compactos, pois se resumem a um conjunto de bomba de menor tamanho, mais eficiente no consumo de energia, menor manutenção e tanques de pressão muito pequenos.
Estas bombas modernas tendem a apresentar pouco problema. Mas apesar da tecnologia sempre trabalhar a favor do conforto, durabilidade e economia de energia, estes sistemas exigem mão de obra especializada para instalação e manutenção. Este tem sido um problema encontrado em alguns condomínios. Na experiência mais recente encontrei um sistema moderno, mas que emitia um zunido forte e estava trabalhando com quase 2,5 vezes na pressão de trabalho em que deveria operar. Ou seja, estava completamente desregulada, trabalhando num regime não especificado e ainda gerando prejuízos recorrentes com rompimentos de tubulações nos apartamentos. Foram indicados os passos à administração para solucionar o problema e especificada a pressão mais adequada. Este caso é um em muitos que ocorrem como efeito típico de má prestação de serviço de manutenção e má assessoria.
Figura 2 – Sistema atual de bomba de pressurização da água de consumo
Fonte: Eng. Civil Renato Luiz Moreira
Recomendações aos síndicos
Minha recomendação é a básica: o síndico deve estar cercado de bons fornecedores e boas informações. Para isso, a melhor alternativa é ter em mãos as especificações de projeto. Caso não tenha o projeto, deve-se consultar um especialista para determiná-las. Para manutenção, pode-se consultar o fabricante do equipamento (através do SAC ou outro telefone de contato no site), para que ele possa indicar uma empresa que garanta um bom atendimento. Caso ele não indique, peça nome de revendedores ou representantes da sua região. Estes também poderão ajudá-lo a encontrar uma empresa que saiba trabalhar bem com o equipamento. Em caso de má prestação de serviços, deve-se ligar a quem indicou e fazer o feedback. Isso é importante para que eles exijam de seus parceiros a boa qualificação dos técnicos.
Quanto à manutenção preventiva devem ser verificadas:
- Hidráulica: pressão (set point), conexões, vazamentos e verificar se o manômetro ou painel digital está funcionando corretamente;
- Mecânica: selos, vibração do mancal etc.;
- Elétrica: temperatura do motor, vibração, limpeza para garantir boas ventilação, lubrificação etc. Lembrando que o motor elétrico é mais suscetível a problemas por ter mais peças móveis, peças de maior desgaste e sofrer com alterações da energia elétrica e aumento de temperatura. Deve-se fazer também a inspeção do funcionamento do painel elétrico verificando as ligações e o funcionamento correto.
O síndico deve estar sempre atento aos custos de manutenção. Caso o sistema existente seja antigo e apresente falhas frequentes, está na hora de pensar na troca por um sistema mais moderno. O cuidado deve estar acima de tudo na qualidade do equipamento, pois será determinante na confiabilidade, durabilidade e redução de custo operacional e manutenção. Sabemos da importância da equação “custo X benefício”, mas quando se trata de bombas a qualidade deve estar em primeiro lugar.
Resolvida a qualidade do equipamento, deve-se qualificar a empresa que irá fornecê-lo. Verifique como funciona a política de reposição de peças e se o fabricante dá suporte ao produto (ligando nos canais de comunicação se necessário), pois, em caso de falha, o atendimento será peça-chave para a solução rápida de problemas. E mais uma vez, a especificação da bomba é primordial, pois ela não deve ser subdimensionada e nem, tampouco, superdimensionada.
Em caso de dúvida, solicite dados e, se for necessário, consulte um especialista. A “regra de ouro” no caso de simples troca é: “a nova bomba deve atender aos requisitos da antiga quanto à vazão e pressão de trabalho” e, se tiver dúvidas, consulte um especialista. Caso o condomínio passe por alguma adequação ou retrofit da hidráulica, o projetista do novo sistema deverá fornecer as especificações da nova bomba no projeto.
Com uma bomba com boa qualidade e manutenção correta, o condomínio terá um equipamento por muitos anos, sem apresentar paradas por quebra ou desgastes não previstos.
Renato Luiz Moreira
Engenheiro Civil com atuação há 18 anos em projetos de hidráulica e titular da empresa Mor Projetos de Engenharia.
Mais informações: renato@morprojetos.com.br.
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