Pais & Síndicos e o seu papel diante das crianças e jovens

A psicopedagoga e terapeuta de família Luciana Szafran afirma que “valores como autonomia, respeito e responsabilidade, entre outros, não são inatos”, mas “apreendidos”.

Eles “podem ser desenvolvidos em qualquer idade, mas é na infância que esse processo acontece mais naturalmente”, observa. De qualquer maneira, a especialista destaca que síndicos e familiares contam com inúmeros instrumentos capazes de projetar um ambiente pacificado junto às crianças, jovens e adolescentes nos condomínios.

– “É NECESSÁRIO EXPLICAR OS PORQUÊS DAS RESTRIÇÕES”

“Precisamos de uma comunicação mais efetiva, a exemplo do paradigma da Comunicação Não Violenta (CNV). Este atua em duas principais frentes, a da escuta empática e a da expressão autêntica e clara. O ciclo é bem simples: observar sem julgar ou avaliar; identificar os sentimentos envolvidos na fala; identificar as necessidades de quem fala; e expressar-se honesta e empaticamente. Por exemplo, quando uma criança ou jovem está numa área proibida de circulação no condomínio, não basta dizer que ‘é proibido circular aqui’ (fala típica do paradigma da dominação, da obediência). É necessário explicar os porquês dessa restrição, por exemplo, se é um ambiente perigoso, próximo do abrigo do gás, dizer ‘você poderá se machucar aqui’. Essa é uma forma mais humanizada, capaz de restabelecer as relações e as conexões (empatia) entre as pessoas, mesmo em condições difíceis e de conflito. Isso, contudo, não impede a aplicação de sansões severas quando a situação assim o exigir, e quando forem esgotadas todas as possibilidades dialógicas.”

– “ENGAJAR CRIANÇAS E JOVENS PODE SER MAIS FÁCIL DO QUE PARECE”

“Por exemplo, podemos desenvolver o protagonismo se, ao fazer coleta seletiva do lixo, o síndico pedir às crianças e jovens do condomínio que indiquem uma (ou mais) instituição que possa receber o material reciclável. O gestor estará dando voz a eles e os ajudando a compreender seu papel no coletivo, fazendo- -os experimentar o prazer por contribuir com o seu bem-estar e o dos outros.”

– “OS PAIS DEVEM SER O EXEMPLO MAIOR”

“É possível ensiná-los [crianças e jovens] através dos bons exemplos de cidadania e respeito com o coletivo! Ou seja, os pais devem ser o exemplo maior, respeitadores das todas as regras do condomínio. Eles devem pagar suas obrigações em dia, pois isso interfere na qualidade dos serviços que o prédio irá oferecer aos moradores de forma coletiva; devem ensinar e exigir dos filhos o cumprimento das normas (onde podem e onde não podem brincar, o volume de voz no momento das brincadeiras, o horário permitido para som alto ou realização de festas etc.), sendo educados com funcionários ou prestadores de serviços e participando ativamente das decisões condominiais. Os pais são os primeiros agentes responsáveis pela socialização da criança, apresentando o mundo, legitimando (ou não) as ações dos seus filhos na sociedade (toda atuação familiar é educativa) e dando a eles o suporte necessário para que possam compreender a dinâmica das relações sociais. Se, nesses momentos, não os orientamos, estaremos perdendo uma oportunidade maravilhosa de ensinar os valores.”

Matéria publicada na edição – 239 – outubro/2018 da Revista Direcional Condomínios

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